Michael Jackson: para ele, Elvis não era rei e Beatles não eram melhores que negros
Por Igor Miranda
Em 24/08/20
Uma carta inédita de Michael Jackson, cantor pop falecido em 2009, traz comentários sobre Elvis Presley, Beatles e Bruce Springsteen. O texto foi redigido pelo artista em junho de 1987 e descoberto só agora, conforme publicado pelo site do tabloide The Sun.

A carta tem o racismo como tema principal. "Ao longo da história, homens brancos sempre marcaram a história colocando os brancos acima de negros, como Elvis sendo o rei do rock, Springsteen sendo o 'chefe' ('the boss') e Beatles sendo os melhores", reflete Michael, inicialmente.
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Em seguida, o Rei do Pop questiona os "títulos" oferecidos a esses artistas. Ele diz que Elvis Presley "não era rei" e que iria mostrar a Bruce Springsteen "quem é o chefe", em referência ao apelido dele, "The Boss" ("O Chefe").
O artista reconhece, ainda, que os Beatles "eram bons, mas não eram melhores cantores ou dançarinos do que os negros". Críticas são feitas à imprensa, que "fazem o público acreditar em tudo o que a mídia deseja".
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Motivado a fazer a diferença, Michael Jackson afirma que irá "mudar tudo" a partir daquele momento, usando o poder de suas músicas, dança, visual e total reclusão em um mundo misterioso. "Vou governar como o Rei", afirma.
O objetivo de Michael em se tornar "o Rei" era para que "crianças brancas pudessem ter heróis negros, para que não se tornassem preconceituosas no futuro". "Meu intuito é ficar muito grande, muito poderoso. Virar um herói e acabar com o preconceito. Fazer essas crianças brancas me amarem por ter vendido 200 milhões de álbuns", diz.
Jackson pontua, ainda, que existe muita desigualdade no mercado fonográfico e que a MTV evitava ter artistas negros em sua programação. Também não era possível, de acordo com ele, emplacar cantores negros em revistas e jornais de brancos. Ele alega que já falaram para ele: "não colocamos negros nas capas, pois negros não sorriem".
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Em busca de reconhecimento de todas as pessoas, o cantor prometeu que iria fazer com que negros e brancos o amassem, fazendo com que aparecesse na capa de publicações como a "Time", a "Life" e a "Newsweek". "Fiz isso pela raiva. Para descontar. Para me provar. Amo brancos, negros, todas as raças. Quero que seja justo. Agora, é hora da minha realeza para sempre. Quero que todas as raças se amem como uma só", conclui.
A imagem da carta manuscrita pode ser conferida no site do The Sun.