Jimmy Page relembra como foi a gravação de "Kashmir" — clássico do Led Zeppelin
Por André Garcia
Postado em 12 de outubro de 2024
Há no hard rock muita banda que é unidimensional, como AC/DC e Motörhead (não que haja algo de errado com essa escolha). O Led Zeppelin, entretanto, escolheu ir pelo caminho oposto, de ser tão multidimensional quanto lhes desse na telha.
Claro que a principal faceta da banda é o blues rock pesado, mas Jimmy Page e companhia jamais se acomodaram ou limitaram a isso e beberam na fonte de vertentes das mais diversas, como folk, reggae e jazz. Como se não bastasse, eles ainda utilizavam elementos da música indiana; e nesse quesito não há exemplo melhor que a épica, hipnótica e magistral "Kashmir".
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"Kashmir" é uma das 15 faixas do sexto álbum deles, "Physical Graffiti" — o único duplo para comportar os frutos da fase criativamente prolífica vivida pelo quarteto. Em entrevista de 2015 para a Rolling Stone, celebrando o 40º aniversário de seu lançamento de Jimmy Page deu detalhes sobre a produção da faixa.
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"Eu tive a ideia do riff e a parte em cascata (que é uma guitarra elétrica de 12 cordas) e dos metais de algo em que eu estava trabalhando antes mesmo de irmos para Headley [mansão que usamos como estúdio a partir do 'Led Zeppelin III'].
Ela era completamente diferente e, bem no final eu botei a parte do violão de trás para frente, e tinha tipo uma fanfarra (as cascatas), seguidas pelo riff. [Ouvi como tinha ficado e] pensei: 'Uau! Já posso até ver… ela vai ser construída em torno da bateria, e eu vou conseguir chegar lá graças a John Bonham.'
[No ensaio seguinte] foi a primeira coisa que toquei com ele, porque sabia que ele ia adorar. E ele adorou! Tocamos o riff várias vezes, porque é um riff que até uma criança toca. Musicalmente, ela é um ciclo, tipo [a canção folclórica francesa] Frère Jacques, que você pode colocar coisas em cima.
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A ideia era ter um riff muito intenso, muito majestoso, bem intrigante… O lance é que giraria em torno do som da [mansão de] Headley, com a bateria no salão. Foi assim que eu a ouvi [na minha mente], foi como a visualizei… mas também ouvia como uma orquestra na minha mente."
Page fez questão de ressaltar ainda que "'Kashmir' foi a primeira música [do Led Zeppelin] em que realmente ouvimos o complemento de uma orquestra completa, os metais e as cordas. Até usamos cordas em 'Friends', no terceiro álbum, mas só um trecho. Só que ['Kashmir'] era realmente algo que pretendia ser bem épico e substancial."
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