"É isso!"; quando o Zeppelin sentiu que havia alcançado algo único, segundo Robert Plant
Por Bruce William
Postado em 06 de abril de 2025
Em 2025, "Physical Graffiti," um dos álbuns mais celebrados do Led Zeppelin, completa 50 anos. Para marcar a data, a revista Uncut reuniu os integrantes remanescentes da banda para uma nova entrevista em que revisitam bastidores e redescobertas daquele período criativo. Entre lembranças do Marrocos e sessões em Headley Grange, Jimmy Page e Robert Plant revelaram detalhes sobre a gênese de "Kashmir", a faixa que, para Plant, ainda hoje representa uma conquista sonora raríssima.

Depois de um show no Madison Square Garden, Page foi encontrar Plant em Marrakech. A ideia era descansar e se inspirar antes de voltarem a gravar. "Fomos a um festival folclórico, com tribos de várias partes do Marrocos, cada uma com seu som. Às vezes, uma começava a tocar enquanto a outra ainda terminava, o que criava uma espécie de transição cruzada", contou Page. Foi ali que ele ouviu músicos Joujouka pela primeira vez, e aquilo o marcou profundamente: "Era algo de arrepiar."
Plant, por sua vez, já conhecia bem o clima local. Enquanto Maureen, sua esposa na época, participava de rituais com as mulheres locais, ele jogava futebol sob o calor do deserto. "Aquela região, perto de Tarfaya, antes da fronteira com a Mauritânia... ali é onde os deuses descansam. É onde tudo paira. Há espaço, há evocação", disse ele, em tom quase poético.
De volta à Inglaterra, o Zeppelin retomou as sessões em Headley Grange. Page mostrou a Bonham algumas ideias: "Sick Again", "Wanton Song" e um trecho de "In My Time of Dying", mas guardava um riff especial. Quando resolveu apresentar o que viria a ser "Kashmir", o impacto foi imediato: "Começamos a tocar e não queríamos parar. Há um bootleg só com a gente repetindo o riff. Ficou hipnótico." A partir daí, começaram a construir o arranjo, camada por camada. "Sabíamos que era algo novo. Ninguém nunca tinha feito nada parecido."
Plant também lembra com clareza do processo. Ele não escrevia em primeira pessoa, mas criava uma colagem de sensações: "And then all I see turns to brown" ("E então tudo o que vejo se torna castanho"), diz o verso, inspirado nas mudanças de cor nas montanhas do deserto ao longo do dia. Aos poucos, a música se transformava em algo maior. "Foi crescendo até tudo fazer sentido. O entrelaçamento daquilo tudo era algo. Às vezes ouço e sigo andando. Outras, preciso sentar e escutar."
Para Plant, Kashmir foi um ponto fora da curva. "É uma conquista. Ainda é, depois de todos esses anos. Acho que foi a combinação das nossas personalidades que nos fez dizer: 'É isso'. Porque era o suficiente. Talvez, mais tarde, tenha sido até demais para alguns. Mas naquele momento, era o que tínhamos que fazer."
Em casa, ele ainda guarda o caderno de letras com o adesivo do Zeppelin IV. Nele, rabiscos, devaneios e uma anotação modesta: "Driving through Kashmir". Nada mal para o que viria a ser uma das músicas mais imponentes do rock. "Não é um 'Blood on the Tracks'", diz Plant, se referindo a um álbum de Bob Dylan, considerado profundamente introspectivo. "Não tem a mesma visão madura e intensa. Isso foi antes da grande queda. O tempo, a alegria, a camaradagem... tudo ainda estava perfeitamente, lindamente intacto."
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