A banda cujo vocalista puxou faca para Ozzy e acabou morrendo metralhado
Por Bruce William
Postado em 17 de maio de 2025
O rock dos anos 70 teve muitas bandas pesadas, mas poucas foram tão caóticas quanto o Cactus. Formado por dois ex-membros do Vanilla Fudge, o grupo era rápido, barulhento e completamente desregrado — tanto no som quanto no comportamento. Seus shows envolviam nudez, brigas, drogas e, às vezes, até prisões. No centro disso tudo estava o vocalista Rusty Day, que viveria (e morreria) de forma tão intensa quanto suas letras.
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Conforme relata matéria da Classic Rock, a banda surgiu em 1969, depois que Carmine Appice (bateria) e Tim Bogert (baixo) saíram do Vanilla Fudge. A ideia original era montar um supergrupo com Jeff Beck e Rod Stewart, mas o plano foi interrompido quando Beck sofreu um acidente de moto. Impacientes, Appice e Bogert seguiram em frente e recrutaram o guitarrista Jim McCarty e o vocalista Rusty Day, ex-Amboy Dukes.
O resultado foi uma das bandas mais barulhentas e velozes da virada da década. O disco de estreia, "Cactus" (1970), misturava blues pesado, hard rock e uma urgência quase punk. A versão de "Parchman Farm", por exemplo, foi gravada em velocidade absurda, segundo Appice, para "superar o Ten Years After". Eles queriam ser mais rápidos, mais agressivos — e conseguiram.

A imagem da banda era tão extrema quanto o som. A capa original do álbum precisou ser censurada por parecer um pênis ereto. Em turnê, eles arrastavam nudez, confusão e drogas por onde passavam. Carmine relembra: "Sem dúvida, éramos uma banda de sexo, drogas e rock'n'roll." E Tim Bogert completava com ironia: "Sou grato por isso."
O próprio Rusty Day virou lenda nos bastidores. Certa vez, atacou Ozzy Osbourne com uma faca durante uma briga por causa de maconha. Em Boston, incitou uma plateia contra a polícia com a frase "não deixem que aqueles porcos mandem em vocês" — e acabou preso no final do show. Suas atitudes o colocaram pra fora da banda em 1972, mas a marca já estava feita.

Rusty ainda tentou remontar o Cactus na Flórida, mas o projeto não foi longe. Em 1982, ele foi assassinado com uma metralhadora dentro de casa, junto com seu filho de 11 anos e um amigo que o visitava. O crime ocorreu durante um acerto de contas relacionado ao tráfico de cocaína. O principal suspeito foi Ron Sanders, ex-guitarrista da banda que acompanhava Rusty na época, e que se matou semanas depois. O caso, até hoje, permanece oficialmente sem solução.
Appice foi direto ao comentar o destino do ex-colega: "Ele morreu pelas letras que escrevia. Viveu perigosamente. Foi metralhado." A frase resume bem o legado de Rusty, que cantava sobre prisão, drogas, excessos e desobediência — e terminou exatamente assim.

Mesmo com apenas três discos em sua formação original, o Cactus deixou uma marca em bandas como Monster Magnet, Fu Manchu e outras da cena stoner. Nos anos 2000, o grupo foi reativado por Appice, Bogert e McCarty, com novo vocalista, e lançou "Cactus V" em 2006. Mas a figura de Rusty Day continuava assombrando: "Talvez seja ele puxando as cordas, perguntando o que estamos fazendo sem ele", disse Carmine, meio sério, meio brincando.
O Cactus não alcançou o topo das paradas, mas fez parte da camada mais suja, intensa e marginal do rock pesado americano. E seu vocalista, Rusty Day, talvez seja o exemplo mais literal de alguém que viveu rápido, cantou alto e morreu do pior jeito possível.

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