Os problemas que o RPM enfrentou na pouco lembrada turnê pelos EUA em 1988
Por Gustavo Maiato
Postado em 23 de julho de 2025
Em setembro de 1988, o RPM — então maior banda de rock do Brasil — embarcou rumo a uma ousada empreitada: uma mini turnê pelos Estados Unidos. A proposta era simples, mas ambiciosa: abrir caminhos para uma possível carreira internacional. No papel, tudo parecia promissor. Na prática, a viagem se transformou em um dos episódios mais caóticos da trajetória da banda. As informações estão no site do portal A História de uma Revolução, que também contou o caso em vídeo no YouTube.


Foram três apresentações realizadas entre os dias 14 e 25 daquele mês, passando por Nova York, Newark e Boston. A primeira parada foi no Sounds of Brazil, tradicional reduto de brasileiros na Big Apple. Na sequência, vieram o Scorpio’s, um bar de caminhoneiros em Newark, e depois Boston. O problema é que os percalços começaram antes mesmo do primeiro acorde.
No embarque em São Paulo, o roadie da banda esqueceu os teclados de Luiz Schiavon no aeroporto. "Ele estava tão ocupado com a capa nova que só esqueceu de embarcar o equipamento", relembrou o tecladista no livro sobre a história da banda. Fernando Deluqui, guitarrista do grupo, também comentou no livro sobre o episódio: "Fiquei muito exaltado. Minhas explosões estavam mais frequentes nessa época, isso era notório".

O atraso para o primeiro show em Nova York causou ainda mais prejuízos. O presidente da CBS americana, que havia comparecido para prestigiar a banda, foi embora antes mesmo da apresentação começar. O atraso ultrapassou uma hora. Ainda assim, a banda conseguiu entregar um bom desempenho. "No ao vivo, resolveríamos tudo sem o menor problema", afirmou Deluqui.
Luiz Schiavon, por sua vez, vê o lado positivo: "Os shows nos Estados Unidos salvaram a turnê. Foi muito legal, gratificante". A plateia teve presenças ilustres, como Cazuza, Ezequiel Neves, Sérgio Dias, e os músicos Arto Lindsay e Peter Scherer, do Ambitious Lovers — que inclusive subiram ao palco e tocaram a música "King" com o RPM.

A noite, no entanto, terminou em confusão. Garrafadas e cadeiradas marcaram um conflito entre seguranças e público, já no fim do show. A banda, que já estava nos camarins, escapou do tumulto.
O segundo show, em Newark, teve uma atmosfera mais leve. "Estávamos tocando para brasileiros com saudade de casa. Foi muito legal", recorda Schiavon. O palco era pequeno, mas a recepção calorosa compensou.
A expectativa da gravadora era que a turnê abrisse as portas para uma carreira internacional. Mas a realidade foi bem diferente. Em meio à tensão entre os integrantes e a falta de profissionalismo em certos momentos, a mini turnê de 1988 acabou entrando para a história do RPM mais como um episódio de bastidores turbulentos do que como um marco de expansão global.

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