A gororoba vegana que Rita Lee comeu no hospital: "Não abria apetite nem do João Gordo"
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de agosto de 2025
No livro "Outra Autobiografia" (Globo Livros), Rita Lee se despe de filtros para contar, com franqueza e humor ácido, sua batalha contra um câncer no pulmão. A obra, que ela escreveu já no período de tratamento, mistura lembranças de família, momentos de reflexão e episódios saborosos — no sentido figurado, porque no literal nem sempre foi assim. Uma das passagens mais divertidas é a lembrança das refeições servidas durante sua internação, descritas como verdadeiras provações gastronômicas.


Rita conta que, em meio ao vai e vem de médicos e enfermeiros, foi abordada por uma nutricionista que se apresentou como especialista em veganismo. "Pensei ter encontrado a grande solução para ganhar peso", lembra. Mas a empolgação durou pouco. "Qual não foi minha decepção quando provei o patê de grão-de-bico congelado que tinha gosto de parede." Ainda na esperança de encontrar algo melhor, ela experimentou outros pratos, mas a frustração só aumentou. "Depois provei a sopa de couve-flor que tinha gosto de cal. E, por fim, provei a sobremesa de pêra assada que não tinha gosto de nada."

A reação mais afiada veio na forma de piada: "Aquilo não abria o apetite nem do João Gordo", brincou, fazendo referência ao amigo músico e apresentador, conhecido por ser adepto do veganismo. Apesar da repulsa, Rita engolia as refeições — e o orgulho — com um falso sorriso. "Bastava lembrar da sonda nasal que eu comia a gororoba falsamente sorrindo", diz.
Rita Lee e o câncer de pulmão
No mesmo capítulo, ela abre espaço para falar sobre a rotina hospitalar que, apesar de dura, também teve momentos de afeto e cumplicidade. Roberto de Carvalho, seu marido e parceiro musical há mais de quatro décadas, e o filho João chegavam todos os dias para visitá-la, levando não apenas companhia, mas incentivo. "Era uma bênção quando Rob e João chegavam, para ficarem comigo e me fazerem lavar o rosto, para acreditar no milagre."

O ambiente da ala oncológica, segundo Rita, era mais acolhedor do que ela poderia imaginar. Entre consultas e exames, passavam pela sua porta médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e até uma médica zen que aplicava massagens relaxantes. "Todos se esforçavam para me manter de pé — e de espírito", relembra.
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