A diferença fundamental entre o Ira! e os Paralamas do Sucesso, segundo Nasi
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de setembro de 2025
O rock brasileiro dos anos 1980 gerou duas das bandas mais duradouras e respeitadas do país: Ira! e Paralamas do Sucesso. Ambas atravessaram décadas, deixaram sucessos que ainda ecoam e mantêm legiões de fãs fiéis. Mas, segundo Nasi, vocalista do Ira!, há uma diferença crucial na forma como cada grupo sobreviveu ao tempo.
Em entrevista ao podcast Desculpincomodar, Nasi afirmou que, enquanto os Paralamas são sustentados pela amizade e estabilidade entre seus integrantes, o Ira! sempre foi movido por um motor de outra natureza: o conflito.
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"O Ira! é uma banda que funciona no caos", resume o vocalista. Ele explica que sua relação com Edgar Scandurra, guitarrista e parceiro de infância, foi marcada por uma dinâmica intensa e, muitas vezes, explosiva: "A gente se ama e se debate na mesma proporção. Isso traz muitos problemas, mas também algo desafiador".
Essa tensão criativa, para Nasi, é justamente o que diferencia o Ira! de bandas como os Paralamas. "Eles são todos amigos e funcionam assim. O Ira! não. O Ira! sempre teve dois band leaders. E quando você tem dois líderes fortes, sempre dá faísca. Stones, Led Zeppelin, The Clash… É só olhar a história do rock", afirma.
Ira! e Paralamas do Sucesso
A comparação com bandas estrangeiras não é gratuita. Nasi lembra que, nos Rolling Stones, Mick Jagger e Keith Richards viveram décadas de amor e ódio, mas construíram juntos um dos catálogos mais sólidos da música. O mesmo vale para o The Clash, com Joe Strummer e Mick Jones, ou até para o Led Zeppelin, em que a convivência entre personalidades fortes gerava atritos mas também inovação. "Esse choque de forças é parte da energia que mantém a banda viva", comenta.

O vocalista revela que até uma numeróloga já havia diagnosticado essa complementaridade entre ele e Scandurra. "Ela disse que somos complementares. Temos personalidades diferentes, mas que se completam. Para certas coisas, o Edgar é melhor; para outras, eu sou melhor. E isso também está na música. Quando o Edgar compõe, tenho certeza de que já pensa na minha persona cantando", contou.
O resultado desse embate criativo foi um repertório marcante, que ajudou a definir o rock nacional dos anos 1980. Mas os conflitos também cobraram seu preço: em 2007, o Ira! passou por um rompimento turbulento, recheado de acusações públicas e processos judiciais. "Não precisava ter sido daquela forma. Poderia ter sido resolvido com conversa, até com advogado, de uma maneira mais calma. Mas, de alguma forma, essa separação serviu para nos fazer crescer", admite Nasi.

A pausa, segundo ele, trouxe maturidade. "A gente percebeu o quanto o Ira! era importante na nossa vida. Eu sei o quanto o Edgar é importante pra mim, e acredito que ele saiba o quanto eu sou importante pra ele. Claro que tem momentos em que ele deve pensar 'não aguento mais o Nasi', e eu também penso isso dele. Mas essa relação é o que faz a gente seguir", afirmou.
Confira a entrevista completa abaixo.

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