Os três discos dos Beatles que Ringo acha que você precisa ouvir
Por Bruce William
Postado em 14 de outubro de 2025
Ringo sempre foi o cara que segurava as pontas quando o clima esquentava. Enquanto Lennon e McCartney puxavam a criação e Harrison crescia como compositor, ele mantinha a banda respirando no tempo certo e longe de picuinhas desnecessárias. Talvez por isso faça sentido ouvir dele um guia rápido: por onde começar nos Beatles sem cair na tentação de compilar "os maiores sucessos" e, ao mesmo tempo, entender por que aquele grupo mudou a história do pop em tão pouco tempo.
A resposta vem sem firulas, relata a Far Out: três álbuns, em ordem lógica. Primeiro, o impacto que abre a cabeça; depois, a banda no auge da lapidação sonora e de arranjos que parecem ter nascido prontos; por fim, o mergulho mais fundo, onde cabem contradições, experimentos e ideias que apontam para lados diferentes. Não é uma lista para "ganhar discussão", é um percurso para ouvir de cabo a rabo.


O ponto de partida é "Revolver" (1966). Em pouco mais de meia hora, o disco desmonta a caricatura dos "garotos da beatlemania" e apresenta um grupo obcecado por textura, timbre e detalhe. O baixo avança para a linha de frente, as guitarras conversam com cordas e tape loops, as vozes testam caminhos e o estúdio vira instrumento, tudo sem perder o gancho melódico. É enxuto, direto e curioso: você sai da audição com a sensação de que cada faixa esconde uma solução simples e engenhosa para um problema que você nem sabia que existia.

A segunda estação é "Abbey Road" (1969). Aqui, o som parece polido com lupa: baterias que respiram, camadas de vocais empilhadas com cuidado, linhas de baixo que amarram variações harmônicas e um lado B costurado em sequência que funciona como radiografia da química do quarteto. Mais do que uma coleção de faixas, é um disco que soa "resolvido", aquele tipo de álbum em que nada sobra e nada faz falta. Se "Revolver" acende a curiosidade, "Abbey Road" mostra a máquina funcionando no seu ponto de máxima eficiência.
Se a escuta pegou de vez, aí é hora do "White Album" (1968). O duplo abre as portas de um laboratório onde convivem rock cru, baladas em voz baixa, acústicas, números quase paródicos e esboços que parecem rascunhos e, ainda assim, grudam. Em vez de um conceito único, é um mapa da cabeça de quatro músicos que, mesmo puxando em direções distintas, deixam claro o tamanho do repertório que tinham nas mãos. Não é a porta de entrada mais óbvia, e justamente por isso é a melhor etapa final desse roteiro: amplia o horizonte sem exigir manual.

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