Café com Ócio: 15 melhores discos do Metal Nacional - 2000 a 2010
Por Carlos Eduardo Garrido
Fonte: Café com Ócio
Em 04/07/14
Todo mundo odeia listas de melhores disso ou daquilo, mas não conseguem ficar sem dar uma espiada nelas, mesmo que apenas para poder criticar depois. O problema é que essas listas geralmente vem lá de fora, não sobrando espaço para nossas próprias coisas. Por isso, resolvi fazer o meu ranking dos 15 melhores discos de Heavy Metal nacional lançados na primeira década dos anos 2000. E mais para frente fazer outra, com os melhores de 2010 até 2014.
De qualquer forma, a lista mostra que o Brasil é um dos maiores celeiros de rock pesado no mundo e possui excelentes e criativas bandas, não só no passado, mas ainda na atualidade e não fica devendo nada a nenhum outro país do mundo, como você pode conferir abaixo.
O lado triste é que algumas dessas grandes bandas estão sem lançar discos já há algum tempo e outras já abandonaram suas atividades. O que mostra que nem só de talento vive o músico brasileiro, pois não é fácil viver de arte em nosso país, ainda mais se ela for underground.
Com certeza, o amigo leitor, irá descordar de muita coisa nessa lista, mas essa é uma questão do gosto de cada um. Mas a qualidade do material apresentado nesses álbuns é imensa e indiscutível. Entretanto, deixe também sua opinião, pois ela é tão importante quanto a minha e será muito bem vinda.
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Confira a lista dos 15 melhores álbuns de heavy metal lançados entre 2000 e 2010:

1- Temple of Shadows (2004) – Angra: Este disco confirma a nova formação do ANGRA como tão forte ou ainda mais que a antiga. Aqui podemos notar uma evolução gigantesca no que tange as composições, que estão num nível altíssimo neste álbum. Outro ponto importante em "Temple of Shadows" é a grande variedade musical encontrada. Músicas velozes, outras cadenciadas e pesadas, algumas mais calmas, mas todas muito bem escritas. Aqui a banda chega ao ápice de sua técnica e talento. Sem contar no excepcional conceito por trás do álbum, que conta a história de um cavaleiro na Idade Média, que servia ao exercito da Igreja Católica, mas aos poucos coloca sua devoção à prova, depois de começar a refletir sobre a Guerra Santa e os ideais da Igreja. Sendo que cada ponto da história é muito bem representada pelas músicas. Por tudo isso, "Temple of Shadows" merece o primeiro lugar desta lista.
Destaques: "Spread Your Fire", Temple of Hate", "The Shadow Hunter", "Angels and Demons" e "Morning Star".

2- … and Raw Metal Power (2002) – Nordhein: Formada em 1995 a banda carioca NORDHEIN lançou apenas dois álbuns, este "...and Raw Metal Power" e o EP "Total War". Muito pouco para um grupo com tamanho potencial. Mesmo com uma carreira bastante curta, a banda deixou seu nome cravado na história do metal nacional com este disco de 2002. "...and Raw Metal Power" é o tipo de disco que você ouve do inicio ao fim e quando acaba, você fica com vontade de apertar o play novamente. As músicas encontradas aqui são a síntese do que seja o Heavy Metal. Riffs como a muito não se via, com peso e melodia na medida certa, além de uma cozinha extremamente competente e um vocalista que sabe soar agressivo e técnico ao mesmo tempo. Quando você tiver um amigo que não conheça o metal, empreste este disco a ele. E se você não conhece esse álbum, procure conhecer o quanto antes e verá que não é exagero nenhum esta segunda colocação. Só tome cuidado com o torcicolo quando for ouvir este disco. Uma pena a banda já ter se desmanchado.
Destaques: "River of Death", "Doomsday", "Raining Fire", "Easy Rider" e "The Metal March!".

3- Ritual (2002) – Shaman: Logo após o desmanche do ANGRA, os renegados Andre Matos, Luís Mariutti e Ricardo Confessori se juntam à Hugo Mariutti e formam a banda SHAMAN. O disco de estreia do grupo é este magnifico "Ritual". O som que surge é uma mistura daquilo que eles faziam em sua antiga banda com novos elementos. O resultado não poderia ser melhor. "Ritual" é uma aula de metal melódico e todas as músicas são de altíssimo nível. As melodias de guitarra, as viradas de bateria, os climas criados com o teclado e a voz de Andre Matos se encaixam perfeitamente. Todas as músicas aqui encontradas tem potencial para virarem clássicos do grupo. A terceira colocação é relativa, já que poderia até estar no topo, pois é um excelente álbum, onde todas as faixas são acima da média.
Destaques: "Here I Am", "Distant Thunder", "For Tomorrow", "Ritual" e "Pride".

4- Pandemonium (2003) - Torture Squad: Lançado em 2003, "Pandemonium" firma a banda como uma das mais promissoras do metal extremo. Com sua mistura avassaladora de Thrash e Death Metal, o TORTURE SQUAD trás um som brutal, mas bem trabalhado e de muito bom gosto. O vocal de Vitor Rodrigues ora gritado e ora gutural são muito bem encaixados e dão um diferencial a banda. Além disso, o disco tem ótimos riffs e uma cozinha destruidora. Sem falar nos refrões que ficam na cabeça. Coisa rara para uma banda desse estilo. Em minha opinião o melhor disco da melhor banda de metal extremo na atualidade.
Destaques: "Horror and Torture", "Towers on Fire", "Pandemonium", "Out of Control" e "The Curse of Sleepy Hollow"

5- Depois da Guerra (2008) – Oficina G3: Forte na cena cristã, a OFICINA G3 vem conquistando cada vez mais espaço também na cena secular. Depois da saída do vocalista PG e de gravar dois álbuns com o guitarrista Juninho Afran como frontman, a banda toma a acertada decisão de chamar Mauro Henrique para assumir os vocais. O resultado disso é este pesado e técnico "Depois da Guerra". O álbum soa como uma mistura de Metal Progressivo com Metalcore, algo na linha do que o DREAM THEATER fez em seus últimos discos. E o novo vocalista aumentou ainda mais o poder de fogo das músicas. Este é o disco mais pesado do grupo, mas suas baladas também são impecáveis. "Depois da Guerra" coloca a banda além das fronteiras do White Metal, sendo indicado para qualquer headbanger, independente de religião. Extremamente recomendado.
Destaques: "Meus Próprios Meios", "Eu Sou", "Meus Passos", "Incondicional" e "Obediência".

6 – Ties of Blood (2004) – Korzus: Curiosamente, depois de 20 anos de estrada, o KORZUS chega ao auge de sua carreira, com este "Ties of Blood". Mostrando que a banda é como o vinho e quanto mais o tempo passa, melhor fica. O disco trás uma das mais importantes bandas de Metal do Brasil em sua melhor forma. Todas as músicas são muito bem executadas e a produção é de primeira, mantendo todos os instrumentos audíveis e mesmo assim com um peso absurdo. Este álbum trás riffs de guitarra atordoantes e a melhor performance do vocalista Marcelo Pompeu em sua carreira. "Ties of Blood" é uma verdadeira aula de Thrash Metal e deve estar na coleção de qualquer fã do estilo.
Destaques: "Guilt Silence", "Screaming for Death", "Evil Sight", "Punisher" e "Peça Perdão"

7 – Bravo (2007) – Dr Sin: Qualquer um que conheça a banda DR SIN sabe do enorme potencial de seus músicos e "Bravo" deixa isso ainda mais evidente. Com nada mais do que 16 faixas, o disco passeia por variados caminhos dentro do rock pesado e se torna um álbum bastante diversificado, indo de seu Hard Rock tradicional, até sonoridades mais setentistas, passando pelo Metal Tradicional e até pelo Metal Melódico. E independente do estilo da música, em comum sempre está a qualidade das composições. Além de músicos excelentes, os irmãos Busic e o guitarrista Eduardo Ardanuy, cada vez mais vêm evoluindo enquanto compositores, e o saldo disso pode ser ouvido neste "Bravo". Onde além de esbanjar técnica, a banda também esbanja bom gosto. É o tipo de disco que você ouve com um sorriso no rosto, de tão bom que é.
Destaques: "Nomad", "Freedom", "Hail Cesar", "Signs" e "Full Trotlle"

8 – Trova di Danú (2004) – Tuatha de Danann: Antes deste disco o TUATHA DE DANANN já figurava entre as mais promissoras e talentosas bandas do cenário nacional e este lançamento só deixou isso ainda mais claro. Apesar das influências de Doom Metal terem diminuído bastante neste disco, o lado folk/celta está ainda mais evidenciado. Ouvir este disco é como viajar para um mundo verde cheio de fadas, duendes e músicas alegres. Se comparado ao álbum "Tingaralatingadun", é possível notar uma perda de peso, mas em contrapartida, a produção está muito mais cristalina, o que permite uma maior apreciação das belas canções do TUATHA. É bom ver como a mistura de guitarras distorcidas, flautas e bandolins, soa tão agradável.
Destaques: "Bella Natura", "Lover of the Queen", "Believe: It’s True", "The Arrival" e "The Wheel".

9 – Epiphany (2005) – Eterna: Mais uma banda de White Metal, mostrando o quanto a cena vem crescendo e o quanto seus representantes brasileiros são bons. "Epiphany" foi lançado após uma reformulação na banda, sendo que o único integrante original é o guitarrista Paulo Frade. Entretanto, os novos músicos nada ficam devendo aos antigos, como demonstra este disco, que junto a "Papyrus" (1999) são os melhores álbuns da banda. Neste "Epiphany" a banda soa um pouco mais Hard Rock do que em seus antecessores, mas sem deixar a veia heavy/prog de lado. E o saldo disso é um baita CD de rock pesado. Todos instrumentos soam extremamente bem, mas destacaria a precisa bateria dePaulo Henrique, que teve que demonstrar todo seu talento para não deixar os fãs com saudades do ex-baterista Danilo Lopes, que também tocava muito. Além disso, o vocalista Leandro Caçoilo é com certeza um dos melhores do Brasil, dominando tanto tons agudos, quanto graves, com muita técnica e feeling.
Destaques: "Epiphany", "Kyrie Eleison", "Dead Eyes", "Searching for Salvation" e "Power for the Fools".

10 – Mind Over Body (2006) – Mindflow: Repleto de composições intricadas este "Mind Over Body" alcança um excelente resultado em se tratando de metal progressivo. Com músicas riquíssimas em detalhes e repletas de viradas e mudanças de andamento, este disco não é de fácil degustação, mas é extremamente bem composto. São necessárias algumas audições atentas para perceber toda a grandeza das canções. "Mind Over Body" é um álbum difícil de descrever, ora soa pesado como um tanque de guerra e ora suave como uma pluma e tudo isso, muitas vezes, numa mesma faixa. Neste disco a banda se usa do metal progressivo como desculpa para criar composições que extrapolam todos os limites da música.
Destaques: "Crossing Enemy’s Line", "Upload-Spirit" "Chair Designer", "Hellbitat" e "Follow Your Instinct"

11 – Throne of the Alliance (2002) – DragonHeart: Depois do bem recebido debut "Underdark" de 1999, onde a banda foi apelidada como "Blind Guardian brasileiro", os paranaenses do DRAGONHEART voltam a cena com este excelente "Throne of the Alliance". Porém aqui, além das já citadas influências dos bardos alemães, o grupo mostra uma sonoridade um pouco mais original, misturando elementos de bandas como GRAVE DIGGER, RUNNING WILD, MANOWAR, IRON MAIDEN e HELLOWEEN. E o saldo é deveras satisfatório. Com três vocalistas em seu line-up a banda consegue se mostrar diversificada no já estagnado cenário do Power Metal. Com refrões fantásticos no melhor estilo "grito de guerra", ótimos solos de guitarra e músicas que te fazem cerrar os punhos e levantá-los ao ar, este é um dos melhores discos de metal do Brasil.
Destaques: "Throne of the Alliance", "The Blacksmith", "Moutain of the Rising Storm", "Mystical Forest" e "Hall of Dead Knights".

12 – Tales of Avalon – The Terror (2001) – Dark Avenger: Lançado seis anos depois do debut autointitulado, "Tales of Avalon - The Terror" era para ser a primeira parte de uma obra conceitual que chegaria ao fim com o disco "Tales of Avalon – The Lament". Infelizmente essa segunda parte nunca foi gravada. Porém, "The Terror", dava uma prévia do que viria pela frente e de quão longe essa banda poderia chegar. Neste disco o DARK AVENGER mostra um metal tradicional da melhor qualidade, com ótimas composições e um grande trabalho vocal, do já legendário Mario Linhares, que mais uma vez dava mostras de seu incrível alcance. "Tales of Avalon - The Terror" é um grande disco, daqueles que te fazem lembrar como o verdadeiro Heavy Metal deve ser. Uma pena a banda ter acabado. Mas há rumores sobre uma possível volta, vamos torcer para isso.
Destaques: "Tales of Avalon", "Heroes of Kells", "Clas Myrddin", "Caladvwch" e "Morgana"

13 – AssassiNation (2006) – Krisiun: Aclamados como os criadores do que se convencionou chamar pelo singelo nome de Brutal Death Metal, a banda KRISIUN é uma das mais importantes do metal extremo no mundo. E isso se deve a uma discografia bastante regular, sempre com bons álbuns. Entretanto, neste "AssassiNation" o grupo deu um passo à frente em seu som. Claro, que as melodias brutais e ultra velozes estão presentes, porém, aqui o som tornou-se mais quebrado e bem trabalhado, o que mostra como o trio evoluiu enquanto músicos. Aqui o KRISIUN levou sua violência sonora para um novo patamar, o que garante a eles continuar no topo do mundo dentro do estilo.
Destaques: "Bloodcraft", "Vicious Wrath", "H.O.G. (House of God)", "Suicidal Savagery" e "United in Deception"

14 – Rebirth (2001) – Angra: Mais um do ANGRA neste lista. "Rebirth" foi lançado logo após o desmanche sofrido depois do lançamento do disco "Fireworks" de 1999. Com os novos músicos precisando conquistar os antigos fãs da banda, o grupo toma a decisão correta de não ousar muito neste disco e manter o estilo dos álbuns clássicos do grupo, em especial o debut "Angels Cry". Apesar de seguir a mesma formula do primeiro disco da banda, "Rebirth" tem músicas extremamente empolgantes e os novos integrantes puderam mostrar seu talento durante as 10 faixas que compõe o disco. Tanto que o álbum pode ser considerado um dos melhores CDs de Metal Melódico dos últimos anos.
Destaques: "Nova Era", "Millenium Sun", "Acid Rain", "Unholy Wars" e "Running Alone".

15 – The Famous Unknown (2007) - Ancesttral: Este disco se trata do debute até agora o único da banda ANCESTTRAL, o que mostra o quanto eles podem ir longe se mantiverem o mesmo nível deste "The Famous Unknown". As comparações com o METALLICA são inevitáveis por conta do vocal de Alexandre Grunheidt ser parecido com o de James Hetfield. Também pudera, ele cantava em uma banda cover deles. Porém, restringir o som do ANCESTTRAL a isso, seria uma baita injustiça. É fato que a banda paulista também faz um Thrash Metal vigoroso, porém, com identidade própria, muitas vezes mesclando seu som com o metal tradicional dos anos 80. Este álbum trás ótimas composições e grandes riffs de guitarra, além de levadas de bateria de tirar o fôlego com pedais duplos impressionantes. Se você gosta desse estilo de música, escute sem medo.
Destaques: "Helleluiah", "The Famous Unknown", "Lost in Myself", "Visual Mask" e "Fell My Hate".
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