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Resenha - Mate-me Por Favor

Por Mário Orestes Silva
Postado em 04 de setembro de 2014

A maneira mais saudosista de fidelização está na declaração de quem foi protagonista ou testemunha dos fatos. Foi atinando nessa premissa que dois americanos tiveram a idéia de organizar um livro que acabou se tornando cult e referência obrigatória para quem gosta de rock underground e contra cultura. "Mate-me Por Favor" teve seu título extraído da frase de uma camiseta pintada a mão por Richard Hell (da banda Voidoids que ostentava a máxima: Please kill me). Larry "Legs" McNeil (na época, editor e escritor do lendário fanzine "Punk") e Gilliam McCain apenas organizaram os depoimentos, de ícones como Patti Smith, Dee Dee Ramone, Joey Ramone, Malcom MacLaren, Debbie Harry, David Bowie, Johnny Thunders, dentre dezenas de outros nomes.

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Os relatos estão organizados em ordem cronológica, sendo que os primeiros são dos conhecidos como "proto punk", aqueles que antecederam o movimento punk e, consequentemente, influenciaram praticamente todos que viriam a seguir. Nesta leva encontram-se Lou Reed, Nico, Iggy Pop, Wayne Kramer etc. Logo, podemos entender o porque do punk ser o que é. Interessante dizer que tudo está descrito ipsis litteris, conforme declarado pelos músicos. Isto é, não há censura. Obviamente que, com tal liberdade, temos um esbanjo de sexo, brigas e drogas.

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Dentre as passagens mais hilárias, pode-se citar quando os músicos dos Stooges passam a morar na infame Fun House. Após uma violenta treta com os Hell’s Angels, os junkies se trancam no casarão, se armam até os dentes e passam a se entupir com todo tipo de drogas existentes. Um deles, com uma espingarda em punho, passa a encarar um retrato de Elvis Presley na parede e num surto, começa a disparar na foto do rei. O primeiro tiro serve de estopim para que os demais, também armados, façam uma série de disparos aleatórios pela casa. Milagrosamente, ninguém saiu ferido. Quando Iggy Pop descobre ter pego gonorreia de Nico, também merece destaque.

Vale salientar que não há apenas relatos de músicos, mas também de artistas plásticos, poetas, jornalistas, produtores e até mesmo groupies. Enfim, de personalidades que realmente coadjuvaram esse capítulo da cultura pop.

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"Mate Me Por Favor" é uma leitura envolvente, divertida e muito informativa sobre a cena rocker underground.

Editora: L & PM; ano (Brasil): 1997; paginas: 444. A editora L & PM também relançou essa obra, dividida em duas partes no ano de 2004 com 307 páginas o volume 1 e 248 páginas o volume 2.

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Sobre Mário Orestes Silva

Deuses voavam pela Terra numa nave. Tiveram a idéia de aproveitar um coito humano e gerar uma vida experimental. Enquanto olhavam, invisíveis ao coito, divagavam: - Vamos dar-lhe senso crítico apurado pra detratar toda sua espécie. Também daremos dons artísticos. Terá sex appeal e humor sarcástico. Ficará interessante. Não pode ser perfeito. O último assim, tivemos de levar à inquisição. Será maníaco depressivo e solitário. Daremos alguns vícios que perderá com a idade pra não ter de morrer por eles. Perderá seu tempo com trabalho voluntário e consumindo arte. Voltaremos numas décadas pra ver como estará. Assim foi gerado Mário Orestes. Décadas depois, olharam como estava aquela espécie experimental: - O que há de errado? Porque ele ficou assim? Criamos um monstro! É anti social. Acumula material obsoleto que chamam de música analógica. Renega o título de artista pelo egocentrismo em seus semelhantes. Matamos? - Não. Ele já tentou isso sem sucesso. O Deixaremos assim mesmo. Na loucura que criamos pra vermos no que dará, se não matarem ele. Já tentaram isso, também sem sucesso. Então ficará nesse carma mesmo. Em algumas décadas, voltaremos a olhar o resultado. Que se dane.
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