O artista que Ian Anderson coroou como "a mãe da reinvenção"
Por Bruce William
Postado em 15 de novembro de 2025
No clipe de "Blackstar", pedras cruzam o céu e um astronauta aparece sem vida. A imagem dialoga com a trajetória de Bowie: um artista que criou personagens, mudou de linguagem diversas vezes e, na despedida, retomou símbolos da própria obra. O álbum saiu poucos dias antes da notícia da morte, o que reforçou a leitura de um gesto cuidadosamente encenado para encerrar um ciclo.
Ian Anderson sempre se interessou por músicos que buscam referências fora do circuito óbvio do rock. Em suas palavras: "Jethro Tull e Led Zeppelin compartilhavam o mesmo interesse, até paixão, por música que não era o material normal do rock and roll." E ele completa: "E talvez eles também tenham sido influenciados, de alguma forma, pelo que me influenciou: música indiana, música mediterrânea e folk britânico."

Essa abertura estética ajuda a entender por que ele reconhecia em Bowie alguém que trabalhava com molduras diferentes a cada fase. No caso de Bowie, a mudança constante virou método, ressalta a Far Out. Ele alternou linguagens, formatos e personagens - de Major Tom a Ziggy Stardust - e levou essa lógica até o fim. Em "Blackstar", o aceno ao astronauta funciona como retorno ao ponto de partida, ligando o início da história ao último capítulo de estúdio, sem precisar explicar nada em voz alta.
Quando Bowie morreu, Anderson escreveu um tributo que condensou essa leitura. "Para o David morrer agora é uma enorme tristeza. Sempre a Mãe da Reinvenção, ainda tinha muita por fazer", disse. E destacou o timing do desfecho: "Mas, no verdadeiro estilo de narrativa teatral, sempre o seu forte, ele lançou o álbum número um no iTunes numa sexta-feira, e a sua morte foi anunciada na manhã de segunda-feira, horário do Reino Unido. Talvez só tivesse tido mais impacto, quem sabe, se os eventos tivessem acontecido na ordem inversa."
O comentário não recorre a predicados vagos: aponta para a obra e para a forma como Bowie organizou sua saída de cena. "Mãe da Reinvenção", aqui, não é um rótulo desprovido de valor; descreve um artista que fez de cada fase um capítulo distinto, curiosamente sempre reconhecível, mas diferente do anterior. A imagem do astronauta em "Blackstar" amarra esse percurso: um retorno simbólico ao começo, encerrando a narrativa como ele costumava trabalhar, por conceitos e personagens.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
Os três álbuns mais essenciais da história, segundo Dave Grohl
Não é "Stairway" o hino que define o "Led Zeppelin IV", segundo Robert Plant
O guitarrista americano que fez a cabeça de Jéssica Falchi: "Eu adorava!"
A única banda de rock progressivo que The Edge, do U2, diz que curtia
O artista "tolo e estúpido" que Noel Gallagher disse que "merecia uns tapas"
O guitarrista consagrado que Robert Fripp disse ser banal e péssimo ao vivo
A opinião de Tobias Sammet sobre a proliferação de tributos a Andre Matos no Brasil
O disco do Queensryche que foi muito marcante para Kiko Loureiro e para o Angra
O guitarrista que Mick Jagger elogiou, e depois se arrependeu
Sharon Osbourne revela o valor real arrecadado pelo Back to the Beginning
O guitarrista que fundou duas bandas lendárias do rock nacional dos anos 1980
O guitarrista do rock nacional que é vidrado no Steve Howe: "Ele é medalha de ouro"
"A maior peça do rock progressivo de todos os tempos", segundo Steve Lukather, do Toto
Esposa e filho homenageiam David Coverdale após anúncio de aposentadoria
O artista que Ian Anderson coroou como "a mãe da reinvenção"
O disco de prog que Ian Anderson disse que ninguém igualou; "único e original"
Guitarrista Martin Barre, ex-Jethro Tull, anuncia autobiografia
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
LGBT: confira alguns músicos que não são heterossexuais


