Beatles: Meio Século de Abbey Road
Resenha - Abbey Road - Beatles
Por Felipe de Andrade
Postado em 03 de novembro de 2019
No dia 26 de setembro, o disco que tem uma das capas mais icônicas da história do rock, Abbey Road, completou 50 anos de lançamento e, como toda segunda teremos a resenha de um disco, nada mais justo que iniciar por este que está de aniversário e que, de quebra, é meu favorito dos BEATLES.
Gravado entre fevereiro e agosto de 1969, é o último registro musical feito pelo quarteto de Liverpool antes de sua dissolução (o disco Let it Be, lançado em 1970, havia sido gravado em janeiro de 1969). Naquele ano, o grupo já havia parado de se apresentar publicamente; os integrantes estavam em pé de guerra à época; RINGO STARR e GEORGE HARRISON já haviam anunciado suas respectivas saídas da banda em momentos distintos, mas que duraram pouco tempo. O antigo companheirismo entre PAUL MCCARTNEY e JOHN LENNON já se transformara numa disputa ferrenha por protagonismo e dinheiro, que também era o caso de HARRISON, que tinha muitas composições negadas. O produtor George Martin, o quinto beatle, teve de ser convencido por PAUL de que a produção seria "como nos velhos tempos", pois Martin fora escanteado nos anteriores Sargent Pepper’s Lonely Heart’s Club Band, de 1967 e THE BEATLES (The White Album), de 1968.
A gravação foi feita na antiga EMI Studios, posteriormente rebatizada de Abbey Road Studios, graças ao sucesso do álbum, e cujo prédio foi tombado como patrimônio cultural pelo governo britânico após a gravadora coloca-lo à venda, o que gerou grande comoção dos fãs, fazendo a EMI mudar de ideia. A capa é um ícone à parte; a famosa foto foi tirada no dia 8 de agosto, na faixa de pedestres em frente ao estúdio. Diariamente, inúmeras pessoas de todo o mundo reproduzem o clique.
O lado A se inicia com Come Together, que é sucesso absoluto até hoje e é tocada por diversos artistas e bandas como a norte-americana AEROSMITH. O baixo de PAUL é um dos mais marcantes da história da música, assim como a bateria de RINGO, bastante diferente do que fora feito anteriormente por ele, com forte presença dos tons e do chimbal. Something é outro sucesso estrondoso, foi, junto com Here Comes The Sun, a única composição de GEORGE HARRISON lançada como single e tem a guitarra do próprio George como peça principal executando um solo fabuloso. Música para os apaixonados ficarem nas nuvens. Já Maxwell’s Silver Hammer é uma canção muito mais animada melodicamente, contrastando com o lado sombrio de sua letra. Oh! Darling tem uma das performances vocais mais fantásticas de PAUL, mostrando que, além de compositor e baixista, é um dos maiores vocalistas de todos os tempos. A guitarra distorcida de GEORGE e o piano também merecem destaque. A única composição de RINGO (e também cantada por ele) presente no disco é a faixa Octopus’s Garden, com letra inspirada numa história contada a ele pelo comandante de um navio onde estava. Uma canção semelhante às primeiras feitas pelo grupo. I Want You (She’s So Heavy), que fecha o lado A, destoa de toda a discografia dos BEATLES, principalmente pela sua extensão (a faixa tem quase oito minutos), mas também pela pouca letra e por seu final abrupto. As guitarras variam bastante sua sonoridade durante a música, o baixo mostra mais uma vez toda a capacidade de PAUL e os vocais são altamente penetrantes.
Partindo para o lado B, temos a já citada Here Comes The Sun, GEORGE HARRISON, feita no quintal do guitarrista ERIC CLAPTON. Uma belíssima canção que, de fato, aquece o coração como se fosse o sol, com o violão simples de HARRISON e as orquestrações de George Martin. Because inicia com Martin tocando um cravo elétrico, seguido da guitarra de JOHN LENNON, compositor desta canção; é uma música com uma harmonização de vocais gravados três vezes por Harrison, LENNON e MCCARTNEY ao estilo clássico dos BEATLES. You Never Give Me Your Money inicia o fantástico medley final de nove músicas e retrata o período conflituoso em que viviam os integrantes em relação ao dinheiro e à burocracia, misturando balada com guitarras distorcidas. Sun King tem sonoridade próxima à psicodélica e letra escrita por JOHN LENNON, inspirado no rei Luís XIV, da França, chamado de "Rei Sol". Palavras em português, espanhol e italiano foram colocadas no meio da música como mais um elemento curioso. Essa canção foi gravada junto à faixa seguinte, Mean Mr. Mustard, e depois separadas. Já essa se liga a Polytheme Pam, que tem bateria estrondosa de RINGO e também foi gravada junto à seguinte, She Came In Through The Bathroom Window, inspirada num acontecimento real, no qual fãs invadiram a casa de PAUL pela janela do banheiro e roubaram diversas fotografias. Golden Slumbers, mais uma vez, foi gravada junto à faixa seguinte, Carry That Weight e posteriormente cortadas em duas. A primeira tem excelentes arranjos de cordas de George Martin e linda letra e a segunda tem vocais dos quatro membros, algo raro em sua discografia. Em uma parte da canção, repete-se a melodia de You Never Give Me Your Money, mas com letra diferente. Uma das músicas mais emocionantes é The End, que é praticamente um adeus do quarteto, mas que acabou sendo a penúltima faixa; ela até hoje encerra os shows de PAUL MCCARTNEY de forma catártica. Possui solos dos quatro integrantes, inclusive da bateria de RINGO. Depois de quase quinze segundos de silêncio da anterior, entra a derradeira canção, Her Majesty, executada apenas por PAUL e seu violão; ela deveria estar entre Mean Mr. Mustard e Polytheme Pam, mas MCCARTNEY não gostou desta sequência e ela foi parar no final do disco. É a canção mais curta da carreira do grupo, com 26 segundos.
Considerado por muitos (inclusive por mim) a obra prima dos BEATLES, vendeu cinco milhões de cópias em um ano e merece, como presente de aniversário, que seja ouvido com muita atenção por todos. Uma despedida de gala da maior e mais importante banda de todos os tempos
Conteúdos como este você pode encontrar no meu blog:
http://musicaetcircenses.com.br/
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