Metallica: O tipo de álbum que a banda faria nos anos 80
Resenha - Hardwired... To Self-Destruct - Metallica
Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 03 de dezembro de 2016
Nota: 10
Bate cabeça, metalerada!! Puta merda, que discaço!! Eu já havia desistido do Metallica faz alguns anos, não via mais sentido em acompanhar o trabalho deles depois do St. Anger. Aí veio o Death Magnetic e eu achei até legal, mas não estava convencido ainda, achava que era só um golpe de sorte deles, especialmente depois daquela porcaria gigante que lançaram com o Lou Reed, Lulu.
Agora... me vem essa bolacha! E o 'Tallica me faz novamente voltar as minhas atenções pra eles.
O grupo teve sua época seminal nos anos oitenta. Ponto final, fim de discussão. Pode ver, em qualquer show recente que fazem, não há músicas dos anos noventa, muito menos da década passada. Tem que ter o material clássico da época de Mustaine e Cliff Burton, senão a galera broxa. Talvez a única exceção dos anos 90 seja o álbum preto de 91, que ficou mais famoso na mídia e ainda trazia as raízes clássicas da banda, a frente disso, simplesmente não há.
Mas eu tenho plena convicção de que as novas músicas desse novo lançamento do quarteto serão também uma bela constante nos shows da banda a partir de agora e sempre. O novo álbum é duplo, o primeiro disco duplo da carreira deles, e compensa muito o investimento. A sonoridade remete direto à sonzeira trash que a banda fazia nos anos oitenta. A banda já havia se convencido, lá no Death Magnetic, que a única maneira de continuarem na estrada, era voltando ao trash que fez a fama deles. Bom disco, como eu observei já, mas este novo... digamos que Death Magnetic é equivalente ao álbum preto da década passada, enquanto que Hardwired é o novo Master of Puppets.
Então vamos lá, porque dessa vez a bolacha vem em dobro, e o recheio está irresistível. O primeiro disco é o melhor dos dois, inclusive. Começa literalmente chutando a porta com "Hardwired", que já dá uma baita vontade de bater cabeça. É Metallica vintage, cara, só isso! Bateria acelerada, letras cortantes como navalha, o vocal furioso e enérgico de Hetfield, enfim, aquela trasheira bem trabalhada e bem produzida, aquele som bem cru e potente. "Atlas, Rise!" também virou uma de minhas favoritas do novo álbum.
"Now That We're Dead" é uma nova "Enter Sandman", mas não sei se pela produção, mas eu achei ela até mais pesada. "Moth Into Flame" é outra acelerada, daquelas que dá vontade de você acelerar o carro na estrada. E devo inclusive destacar aqui não só o peso intenso do disco, mas também a volta daqueles ótimos solos do Hammett, ele com certeza está muito melhor aqui do que estava em Death Magnetic. A primeira bolacha termina e eu fico com aquela sensação de saciado, mas querendo muito mais.
Trêmulo, sem acreditar ainda que o grupo voltou a ser aquela banda oitentista que ostentava peso e categoria de sobra, coloco o segundo disco pra tocar. Ele, como eu disse, não é tão bom quanto o primeiro, mas o Metallica continua martelando seu peso e a intensidade de seu trash aqui. Gostei muito da faixa de abertura, "Confusion", mas por outro lado, me apaixonei pelo single do disco, "ManUNkind", que é fora de série, sem falar na boa inversão do título, que se traduz "desumanidade"; e que seção intermediária matadora!
Outra que eu curti bastante desse segundo disco, foi a arrastada "Am I Savage?"; "Murder One", também muito bacana, lembrou, em muitos aspectos, o som do álbum preto, a introdução soa como "Fade to Black", mas ela tem muito aquele aspecto do álbum preto no arranjo. E pra fechar a bolacha dupla, a pedrada acelerada "Spit Out the Bone", nos deixando sem fôlego e com aquela sensação legal de que o Metallica que adoramos está oficialmente de volta.
Quem se segurou e não comprou na loja a versão simples do álbum duplo, mas foi atrás da Deluxe Edition, ainda ganhou de quebra o terceiro disco que tem mais umas novidades, entre elas, uma regravação de "Lords of Summer", que é um single que o grupo lançou em 2014, algumas covers do Rainbow, Iron Maiden e Diamond Head, e ainda uma apresentação ao vivo de Abril de 2016 na California, contando com os sucessos clássicos da época de Cliff Burton (tá vendo quando eu falo que a banda depende dessa época pra fazer show? Então!). Por último, uma performance ao vivo de "Hardwired" feita em Agosto agora, em Minnesota.
Vale também notar que a banda começou a voltar a ser o que era no passado assim que se livrou de um certo produtorzinho que é conhecido pela alcunha de Bob Rock. Coincidência, não? Greg Fidelman é o produtor que trabalhou junto a banda desta vez, o mesmo cara que foi engenheiro de som no Death Magnetic. Esse cara inclusive tem várias bandas de metal no currículo, desde bandas como o Black Sabbath e o Slayer, até gente mais nova como Apocalyptica e Slipknot. Grande diferença, não? Pois é, o Bob que vá procurar as negas dele, e se dê por feliz que pelo menos pelo álbum preto ele vai ser lembrado.
Enfim, galera que curte o Metallica clássico, o tempo de redenção finalmente chegou! Hardwired... To Self-Destruct é o tipo de álbum que a banda faria nos anos 80, tranquilamente entra na lista dos melhores discos que o grupo possui em seu acervo, e eu recomendo altamente. Vai na loja, e descola já uma cópia pra você, rapaz, vamos mostrar para esses caras que apoiamos essa grandiosa volta às raízes que andam promovendo. E que venham mais discos assim.
Hardwired... To Self-Destruct (2016)
(Metallica)
Tracklist:
Disco 1:
1. Hardwired
2. Atlas, Rise!
3. Now That We're Dead
4. Moth Into Flame
5. Dream No More
6. Halo on Fire
Disco 2:
1. Confusion
2. ManUNkind
3. Here Comes Revenge
4. Am I Savage?
5. Murder One
6. Spit Out the Bone
Disco 3 (Deluxe Edition):
1. Lords of Summer
2. Ronnie Rising Medley (Rainbow covers)
i. A Light in the Black
ii. Tarot Woman
iii. Stargazer
iv. Kill the King
3. When a Blind Man Cries (Deep Purple cover)
4. Remember Tomorrow (Iron Maiden cover)
5. Helpless (Diamond Head cover, live)
6. Hit the Lights (live)
7. The Four Horsemen (live)
8. Ride the Lightning (live)
9. Fade to Black (live)
10. Jump in the Fire (live)
11. For Whom the Bell Tolls (live)
12. Creeping Death (live)
13. Metal Militia (live)
14. Hardwired (live)
Selo: Blackened
Metallica é:
James Hetfield - voz, guitarra rítmica, produção
Kirk Hammett - guitarra
Robert Trujillo - baixo, back vocal
Lars Ulrich - bateria, produção
Discografia anterior:
- Lulu (com Lou Reed) (2011) - álbum colaborativo
- Death Magnetic (2008)
- St. Anger (2003)
- Garage Inc. (1998) - álbum de covers
- Reload (1997)
- Load (1996)
- Metallica (1991)
- ...And Justice for All (1988)
- Master of Puppets (1986)
- Ride the Lightning (1984)
- Kill 'Em All (1983)
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