Hardwired: O vale a pena ver de novo do Metallica
Resenha - Hardwired... To Self-Destruct - Metallica
Por Lucas Dantas
Postado em 14 de janeiro de 2017
Nota: 8
Nunca saberemos o que tinha no iphone de Kirk Hammett. Talvez, quem sabe?, alguém (otário) grave os riffs, diga que são seus e qual a chance do Kirk ouvir e falar "opa! conheço esse som!!"? Com isso, o criador de riffs históricos como em Enter Sandman, Creeping Death, Nothing Else Matters, Disposable Heroes, só para ficar em alguns, apenas improvisou nos solos do novo disco do Metallica, Hardwired... To Self Destruct e seu nome mal apareceu nos créditos do CD. Tá ali como "lead guitar" e só.
Assim sendo, Hardwired é a obra mais Hetfield/Ulrich de todos os tempos. Tirando uma linha de baixo de Trujillo em ManUNkind, só a dupla compôs. E foi isso mesmo. Kirk admitiu que sequer trabalhou nos solos, chegou lá e tocou o que vinha na cabeça. Como resultado, o Metallica provou mais uma vez que está no hall dos monstros repetitivos do rock. Toca há anos a mesma coisa, pois sabe que é disso que o povo gosta. Por outro lado, menos inspiração e interferência externa, o que provoca sentimento de "de novo isso?".
Fala a verdade. AC/DC, Kiss, Iron e Ramones (in memorian) fizeram a festa dos fãs com discos que tocavam mais do mesmo. Claro que não a vida toda, mas a partir de um certo momento. Os lançamentos continham lá alguns hits, mas nada que chegasse perto dos clássicos de sempre. Nada inovador, nada de fazer o mundo parar para ouvir. As grandes bandas encontraram sua receita e nela seguiram. Certas ou erradas, quem sou eu pra achar alguma coisa?
O Metallica fez o mesmo. Isso é um problema quando o grupo que cria a obra se reduz a um ou dois músicos. Outro membro do BIG4, o Slayer, passa pelo mesmo problema. Kerry King faz todas as músicas, então o Slayer é, há dois ou três álbuns, sua visão de música e porradaria. Megadeth não conta porque sempre foi Mustaine +3.
Como um autêntico Malcolm Young, ele repete riffs e passagens mudando algumas notas aqui e ali e que soam diferentes com a batida da bateria alterada. Mas basta pegar uma guitarra e tocar pra saber. A faixa título é My Apocalipse revisitada. Moth Into Flame é That Was Just Your Life, Here Comes Revenge (minha preferida) é xerox de All Nightmare Long, a parte lenta de Halo on Fire e Unforgiven III (mesmas notas) e por aí vai. Mas isso é ruim? NÃO! MIL VEZES NÃO!
É preciso saber fazer e Hetfield sabe fazer como poucos. JH tira riffs incríveis e pegajosos da guitarra, aquelas linhas que farão o povo se pegar bonito nas rodas mundo afora. E apesar de ser um reload do Death Magnetic, o Hardwired é melhor, mais rápido, mais direto e com mais material para ser tocado ao vivo. As quatro primeiras já estão no set, além de Halo On Fire, perfeita para grandes arenas. Acredito que não vai demorar para Spit Out The Bone e Here Comes Revenge entrarem na lista também com o correr da turnê. Analisando, Harwired pode todo ser tocado ao vivo, o que é muito bom. Todas as faixas funcionam.
O disco é novo e de certa forma refrescante (na falta de outro termo). Você quer ouvir de novo e de novo. Tira algumas preferidas, ouve bastante e depois escolhe outras e vai mudando, mas passa pelo disco inteiro assim. Não é livre de falhas, claro que não. Nem o Master of Puppets é.
O dono da banda é, pra mim, a principal falha. Tem uma matéria neste mesmo Whiplash.net falando da preguiça de Lars Ulrich para surrar a bateria. Realmente, é curioso como Lars parou no tempo, ou na vontade. Ele não faz virada e o uso do bumbo duplo é previsível. O mesmo Lars que fez passagens incríveis nos cinco primeiros discos hoje parece um adolescente que só quer bater e fazer careta. É só caixa cada vez mais rápida. É a sua marca nos últimos quatro discos - o que remete mais ao que disse lá em cima, de repetir mais do mesmo. Ou o batera do AC/DC inovou alguma coisa recentemente?
Lars não precisa. É o seu jeito de tocar hoje. O mesmo com James. São espetaculares músicos e Metallica é minha banda favorita, mas eles estão no caminho da repetição. Teremos ótimas músicas graças a capacidade de criação de ambos, mas sempre com aquele sentimento de "já ouvi isso antes". Há um limite para a repetição. Algumas bandas ficaram marcadas por isso. O Metallica não era assim. Hoje é.
Mas ainda é uma das maiores bandas da história. Quando lança um disco, o mundo para e quer saber o que saiu dali (claro que oito anos de intervalo ajudam, né?). E num ano com ótimos trabalhos do BIG4 (além do Slayer, em 2015), os velhinhos do thrash provam que ainda possuem muito som pra queimar e se manter no topo. Pode repetir o som no próximo. Só não demore oito anos pra isso, por favor.
1. "Hardwired"
2. "Atlas, Rise!"
3. "Now That We're Dead"
4. "Moth Into Flame"
5. "Dream No More"
6. "Halo On Fire"
7. "Confusion"
8. "ManUNkind"
9. "Here Comes Revenge"
10. "Am I Savage?"
11. "Murder One"
12. "Spit Out The Bone"
Outras resenhas de Hardwired... To Self-Destruct - Metallica
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps