Metallica: O auto-resgate em um disco feito sob medida para fãs
Resenha - Hardwired ... To Self-Destruct - Metallica
Por Ricardo Seelig
Postado em 14 de novembro de 2016
Com 35 anos de carreira, o Metallica chega em 2016 apenas ao seu décimo álbum de estúdio. Um número que parece pequeno, mas que toma outra dimensão ao mensurarmos a importância e o impacto da obra de James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo (sucessor de Cliff Burton e Jason Newsted) para a história do heavy metal.
"Hardwired … To Self-Destruct" foi produzido por Greg Fidelman junto com Hetfield e Ulrich. Detalhe curioso: Fidelman foi o engenheiro de som de "Death Magnetic" (2008), último álbum do quarteto, produzido por Rick Rubin e cuja mixagem foi bastante criticada desde então - no novo disco, essa reclamação não deve ocorrer. São doze faixas dispostas em dois CDs, totalizando pouco mais de 77 minutos em um álbum duplo que põe fim a oito anos sem material inédito - com exceção das sobras mostradas no EP "Beyond Magnetic" (2011) e de "Lords of Summer", nova canção disponibilizada em 2014.
O Metallica, que sempre foi uma banda inovadora, inquieta e nunca teve medo de experimentar novos caminhos e sonoridades, soa diferente em "Hardwired … To Self-Destruct". O grupo está mais fiel às suas próprias tradições e aos seus próprios clichês no novo disco, o que acaba resultando em uma audição sem sustos para o ouvinte. Parece que a sede por experimentalismo foi saciada na parceria com Lou Reed em "Lulu" (2011), com a banda não sentindo a obrigação de reinventar a roda mais uma vez. Quem acompanha a carreira do grupo perceberá com facilidade, ao longo das faixas, elementos vindos da própria mitologia que a banda construiu, saídos principalmente de discos como "Kill ‘Em All" (1983), "Black Album" (1991) e da dobradinha "Load" (1996) e "Reload" (1997).
Outro ponto digno de nota é a retomada da influência da New Wave of British Heavy Metal, fundamental lá no início do thrash metal, quando foi unida à energia do punk e à inspiração de ícones como Motörhead para criar um novo gênero. Em "Hardwired … To Self-Destruct", a herança do clássico metal inglês, que sempre foi uma grande inspiração para o Metallica desde sempre, retorna com força e é sentida em inspiradas melodias e duetos de guitarras presentes em várias faixas, ajudando a tornar o som ainda mais atraente.
Em suma, o que temos em "Hardwired … To Self-Destruct" é o Metallica brincando e explorando o seu próprio legado, transformando a inspiração em sua própria história em um disco feito sob medida para quem estava, há anos, à espera do "velho e verdadeiro" Metallica. Tem metal, tem thrash, tem riffs e tem refrãos agradáveis e que incitam a bateção de cabeças. São canções descomplicadas e despretensiosas, despidas da grandeza, do clima épico e da arrogância que acompanhou a banda em uma parcela considerável de sua história. É tudo mais simples e próximo do ouvinte, como se o Metallica, ao buscar inspiração em sua própria trajetória, se voltasse para o seu público pela primeira vez em décadas.
Há certos momentos, certas horas, em que a única coisa que você quer é ouvir um bom disco. Que você quer apenas sentir prazer em ouvir música, deixando de lado análises acrobáticas e pseudo-intelectuais. Para a geração da qual eu faço parte, que hoje está com quarenta e tantos anos e acompanha o Metallica desde o início, é legal perceber esse retorno às origens proposto pelo grupo, o que torna a identificação com as canções quase que imediata. Enquanto o primeiro disco é mais direto e com mais pancadaria, o segundo traz uma quantidade maior de canções com passagens mais contemplativas, como dois lados distintos de uma mesma personalidade. É claro que nem todas funcionam, mas a quantidade de acertos é bastante alta, o que justifica os comentários entusiasmados - e apressados - de quem está considerando o novo disco o melhor do grupo deste o auto-intitulado álbum lançado em 1991 e que transformou o Metallica em mega banda.
Concluindo, "Hardwired … To Self-Destruct" é o auto-resgate do Metallica. É a banda percebendo a força de sua história, o tamanho de sua importância e bebendo em sua própria fonte de ideias, clichês e fórmulas. E isso é feito de uma forma tão autêntica, sem buscar pretensas (e muitas vezes pretensiosas) inovações, que faz o resultado ser algo verdadeiro, como a banda não soava há anos. "Hardwired … To Self-Destruct" não vai mudar o curso do heavy metal (como a própria banda fez algumas vezes ao longo de sua carreira, diga-se de passagem), não é o melhor disco do Metallica e nem vai ser presença constante nas listas de melhores do ano, mas é um álbum que traz o grupo trilhando novamente um caminho já desbravado ao longo dos anos e aprovado pelos fãs.
Em um mundo cada vez mais complicado, é bom ter algo familiar para servir de apoio.
Fonte:
http://www.collectorsroom.com.br/2016/11/review-metallica-hardwired-to-self.html -
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
Helloween retorna ao Brasil em setembro de 2026
Megadeth tem show confirmado em São Paulo para 2026
Trivium agradece Greyson Nekrutman e anuncia novo baterista
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
Bryan Adams retorna ao Brasil em março de 2026
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
As 10 melhores músicas do Iron Maiden, de acordo com o Loudwire
A melhor música de "Let It Be", segundo John Lennon; "ela se sustenta até sem melodia"
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
O pior disco do Queen, de acordo com a Classic Rock
A banda de rock clássico que mudou a vida de Eddie Vedder de vez; "alma, rebeldia, agressão"
A única vez na história que os Titãs discordaram por razão moral e não estética
As 15 bandas mais influentes do metal de todos os tempos, segundo o Metalverse
O melhor disco do Kiss, de acordo com a Classic Rock
Nightwish: a sincera opinião da ex-vocalista Anette Olzon sobre atual som da banda
Empresário revela em detalhes quanto o RPM ganhava por show, e o que os levou ao buraco
O vocalista que teve a chance de entrar no Iron Maiden, mas deixou o bonde passar

Os 75 melhores discos da história do metal, segundo o Heavy Consequence
Será que não damos atenção demais aos críticos musicais?
O que Metallica aprendeu sobre compor com Soundgarden, segundo James Hetfield
Ouça a versão do Testament para "Seek & Destroy", do Metallica
As 20 melhores músicas do Metallica, segundo a Metal Hammer
Lars Ulrich revela a música do Deep Purple que o marcou para sempre na infância
A relação do "Black Album" do Metallica e do grunge com o declínio do thrash metal
A música "das antigas" que Metal Hammer considera uma das piores do Metallica
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental



