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Luneta Mágica: Mistura de Los Hermanos com Syd Barrett

Resenha - No Meu Peito - Luneta Mágica

Por Mário Orestes Silva
Postado em 05 de julho de 2016

Após o lançamento de seu debut "Amanhã Vai Ser o Melhor Dia da Sua Vida" no ano de 2012 (ver resenha no link ao final), a banda manauara Luneta Mágica, fecha o ano de 2015 com o parto de seu inesperado segundo álbum "No Meu Peito". A boa produção segue a linha independente, como no disco anterior, sendo que este mais recém, possui uma elevação astronômica no quesito de amadurecimento musical, em comparação a seu antecessor. Quem vê a imagem da banda, de caboclos amazônicos que acabaram de entrar na fase adulta, não imagina a qualidade de suas composições expostas neste surpreendente trabalho.

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O CD abre com a faixa título, homônima ao disco, de uma balada acústica curta com letra drummoniana. Uma tranquilidade típica de amanhecer que logo é quebrada pela cadência explosiva de uma música que já começa com banda e vocal juntos. "Lulu", que é muito bem aceita nos shows, depois de lançamento e divulgação de seu clip. Solo e refrões bem cativantes, mesmo na letra curta. Destaque para as viradas de baixo. Em seguida vem "Acima das Nuvens" que tem uma melodia e letra bem simples, mas também é de refrão convidativo. A quarta é a segunda mulher do play. "Mônica" já cai no clichê do romance adolescente de protagonista de "Malhação" da Rede Globo. A quebrada em seu meado, salva a canção, como se o adolescente tivesse um lapso de experiência adulta através de algum psicoativo. Na sequência, "Só Depois" remete ao primeiro álbum com alguns elementos psicodélicos nos arranjos, a lembrar um pouco o mestre Arnaldo Baptista. Destaque nesta, vai pra aparição de uma batida curta, mas totalmente John Boham, no meio da canção. A próxima é "Preciso". Referência direta a Fernando Pessoa em outra balada apaziguadora com características de psicotrópicos. Aqui a lembrança já cai sobre Violeta de Outono. Na sétima posição está "Mantra". Apesar da viagem, se trata de uma das faixas mais pesadas da bolacha. Ótimos arranjos. Em oitavo vem "Sem Perceber". Vocal com efeito e traços eletrônicos dão a impressão que esses garotos vivem chapados, mas até se isso for verdade, eles sabem tirar proveito com a mesma inspiração criativa que os beatniks tiravam em suas composições escritas. A faixa emenda com "Tua Presença", outra melosa romântica, que poderia estar em novela global de final de tarde, mas não chega a depreciar o conjunto da obra. Novamente emendando entra "Lembra?", assim mesmo na interrogativa. Não é muito diferente da anterior. Sendo que esta já cresce em seu final, tornando-a, quase épica. Pra fechar, a terceira com nome próprio feminino "Rita". É outra com dotes adolescentes, mas com instrumental bem interessante. O contrabaixo parece estar solando a música inteira que junto com os acompanhamentos de backing vocals conseguem dar uma grande levada. A arte gráfica expressa muito bem o conteúdo do trabalho. Ilustrações primárias com cores suaves e uma ficha técnica que poderia ser melhor detalhada, mas a simplicidade casa perfeitamente com a delicadeza do produto final.

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A Luneta Mágica pode ser formada por garotos recém saídos da puberdade, mas no resultado da mistura de Los Hermanos com Syd Barrett, o CD "No Meu Peito" apresenta a banda com uma sonoridade que já começa a definir sua própria musicalidade. E isto é a maturidade chegando.

Não deixe de conferir!

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Sobre Mário Orestes Silva

Deuses voavam pela Terra numa nave. Tiveram a idéia de aproveitar um coito humano e gerar uma vida experimental. Enquanto olhavam, invisíveis ao coito, divagavam: - Vamos dar-lhe senso crítico apurado pra detratar toda sua espécie. Também daremos dons artísticos. Terá sex appeal e humor sarcástico. Ficará interessante. Não pode ser perfeito. O último assim, tivemos de levar à inquisição. Será maníaco depressivo e solitário. Daremos alguns vícios que perderá com a idade pra não ter de morrer por eles. Perderá seu tempo com trabalho voluntário e consumindo arte. Voltaremos numas décadas pra ver como estará. Assim foi gerado Mário Orestes. Décadas depois, olharam como estava aquela espécie experimental: - O que há de errado? Porque ele ficou assim? Criamos um monstro! É anti social. Acumula material obsoleto que chamam de música analógica. Renega o título de artista pelo egocentrismo em seus semelhantes. Matamos? - Não. Ele já tentou isso sem sucesso. O Deixaremos assim mesmo. Na loucura que criamos pra vermos no que dará, se não matarem ele. Já tentaram isso, também sem sucesso. Então ficará nesse carma mesmo. Em algumas décadas, voltaremos a olhar o resultado. Que se dane.
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