Pink Floyd: "Endless River" merece um lugar ao sol
Resenha - Endless River - Pink Floyd
Por Renato Nonato da Cunha
Postado em 19 de novembro de 2014
Nota: 9 ![]()
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"O ultimo tijolo do muro", o longo caminho até The Endless River
Quem iria imaginar que viveríamos para ouvir um novo álbum do Pink Floyd? Sim eu considero novo álbum, gosto de dizer isso, pois desde que sou fã esperava esse momento chegar. Claro que depois da morte de Rick Wright, essa esperança esvaiu-se.
Mas eis então que haviam aquelas sessões de gravações de músicas não utilizadas no álbum "The Division Bell" (1994). Mas antes de comentar sobre o novo trabalho, preciso fazer uma boa viagem no tempo. Vinte anos atrás, tempo que o já citado álbum já tem, nem parece, pois ele é ainda tão discutido que prevalece em nossas mentes. Alcançando status de clássico.
David Gilmour viu Division Bell como o último trabalho da banda, e bom, na verdade o foi. Muitos esperavam uma nova turnê do Pink Floyd. Porém Gilmour parecia cansado da exposição e da responsabilidade de carregar o nome Pink Floyd em suas costas. Anunciou um novo disco solo, que demorou demais a vir à tona. Um show do Pink Floyd apareceu do nada, com Roger Waters incluído, que fez muitos acreditarem que uma reunião maior seria questão de tempo.
A turnê mais esperada de todos os tempos não aconteceu, mas o show no Live 8 foi maravilhoso não apenas por ser o que foi, as feridas e as desavenças de outrora foram colocadas por terra. Nos anos que se passaram, Gilmour e Waters mantiveram - se cordiais.
A dupla que tanto brigou no passado voltaram a dividir o palco mais algumas vezes. Mas no meio desse clima pacífico, tivemos a terrível notícia da morte do tecladista Rick Wright. Como fã que eu sou, já imaginava que não mais haveria uma reunião. O Pink Floyd sobreviveu a saída de dois líderes maximos: Syd Barrett e Roger Waters, mas sem Wright a constatação era inevitável: Os membros sobreviventes não continuariam a banda sem seu co-fundador.
"The Endless River": O álbum
David Gilmour e Nick Mason passaram um longo inverno até decidirem fazer um tributo a wright, o que eu imaginaria vir com um concerto a lá "Celebration Day" do Led Zeppelin. Mas como o Pink Floyd gosta de uma boa surpresa, fomos agraciados por Polly Samson (esposa de Gilmour). Em seu Twitter, a moça anunciou que o marido estava dando os últimos retoques em um novo álbum do Pink Floyd.
Muitos, assim como eu achava ser uma brincadeira, ou manter o Astoria (estúdio-barco de Gilmour) estava sendo muito caro. Mas era verdade. E aos poucos soubemos que o álbum seria quase todo instrumental, somente uma canção teria vocais.
Ao revelar a belíssima capa, feita pelo jovem egípcio Ahamed Emad Eldin, pudemos confirmar que o lance era mesmo serio. Depois que vazou, uma semana antes do lançamento, muitos falaram isso e aquilo, eu ouvi e como fã que eu sou, amei. Coloquei meu fone de ouvido, e embarquei na última viagem do Pink Floyd. Antes de fazer está análise, quis ouvi-lo mais vezes, e tirar um pouco de toda emoção que foi e analisar mais friamente.
A homenagem a Richard Wright demorou seis anos para vir, mas valeu a pena a espera. Além de ser um tributo a Wright, David Gilmour e Nick Mason encerram a história do Pink Floyd com louvor e competência. Wright ficaria feliz com isso, e nós fãs aplaudimos e choramos com este capítulo final tão emocionante.
"The Endless River" como já disse anteriormente vem de sessões do album anterior. O mais interessante em ouvir o álbum é caçar referências a clássicos. Eu consegui pescar algo aqui e ali como: "A Saucerful of Secrets", "One of these days", ou até mesmo alguma coisa de "Ummagumma", mas sem aquela viagem perdida que não chega a lugar algum.
O Pink Floyd sempre optou por peças longas e pomposas no passado. Se espera algo como "Echoes" ou "Atom Heart Mother", ficará desapontado. A viagem realmente poderia ser maior, as peças são curtas. As faixas são praticamente uma só música, como "Dark Side of the Moon".
Tudo começa com vozes e sintetizadores (Astronomy Domine ?) e então lentamente o álbum vai ser formando e pudemos perceber mais do que nunca toda a habilidade de Gilmour na guitarra. Nick Mason, está bem mais ousado que em Division Bell, ousadia possibilitada pelo fato do álbum ser instrumental.E o fantasma de Rick Wright, que aqui está mais presente do que nunca,não para assombrar, mas para completar este álbum, e lamentável que muitas delas não estivessem em Division Bell. Ainda bem que essas benditas vieram à tona para relembrar o músico que Wright foi.
Em "Autumn'68", tirada de um momento em que Rick, sentou-se no órgão do Royal Albert Hall (casa de shows londrina). Esse momento que esta entre "Allons-y (1)" e "Allons- y (2) é sublime, dignificando ainda mais o trabalho. O único momento dispensável ficou mesmo para "Anisina" e seu sax enjoadinho.
A conclusão de tudo vem com "Louder Than Words", a unica canção com vocais. Fala sobre a banda, do fim, e que esses senhores não muito verborragicos, colocavam suas emoções em seus instrumentos. Seria uma pequena cutucada em Waters? Que sempre priorizou suas palavras.
Enfim, Endless River está nas lojas. É normal que no mundo tomado pelo vazio do Pop atual, ache este um trabalho chato e sem graça. Os fãs viúvas de Waters e Barrett talvez rejeitem este trabalho. Mas acredito que os anos o tornarão maior, não mais que "Dark Side of the Moon" ou "Wish You Were Here", mas este merece um lugar ao sol.
Obrigado Pink Floyd.
Músicas:
Things Left Unsaid
It's what We Do
Ebb And Flow
Sum
Skins
Unsung
Anisina
The Lost Art of Conversation
On Noodle Street
Night Flight
Allons-y (1)
Autumn'68
Allons-y (2)
Talkin' Halkin
Calling
Eyes to Pearls
Surfacing
Louder Than Words
Outras resenhas de Endless River - Pink Floyd
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