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Exodus: Afaste os móveis da sala e escute no volume máximo

Resenha - Blood In, Blood Out - Exodus

Por Luis Fernando Ribeiro
Postado em 02 de novembro de 2014

A demissão de Rob Dukes pegou muitos fãs do EXODUS de surpresa e dividiu opiniões, afinal, o vocalista vinha fazendo um excelente trabalho desde "Shovel Headed Kill Machine", de 2005, mas seu substituto é ninguém menos que Steve 'Zetro' Souza, que ao lado da banda gravou clássicos como 'Pleasures of the Flesh', 'Fabulous Disaster' e 'Impact is Imminent'.

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O último disco de 'Zetro' Souza lançado com o EXODUS havia sido o não menos clássico 'Tempo of the Damned', há exatos 10 anos e sua volta em 'Blood in, Blood out' marca um retorno da banda à suas origens, por mais que nunca tenham se afastado muito delas. Após o mediano 'Force of Habit', a banda acertou seu som para algo mais robusto e encorpado, mais bem gravado e elaborado e vêm numa ascendência constante, culminando no excelente 'Exhibit B: The Human Condition' de 2010.

Depois de um novo hiato de lançamentos de estúdio - logicamente não tão extenso quanto aquele da década de 90 - os caras voltaram com sangue nos olhos, mostrando por que são uma das maiores bandas da atualidade e desempenhando de forma muito mais convincente o papel de homenagear as origens da banda do que em 'Let There Be Blood', que fora concebido com esse intuito.

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O primeiro material do disco ao qual se teve acesso foi a arte da capa, outro grande destaque nos últimos lançamentos da banda. O desenho, a cargo de Pär Olofsson (Responsável também pela capa de 'Let There Be Blood') representa claramente o conteúdo caótico e agressivo encontrado nas músicas. A impecável produção do disco novamente ficou a cargo de Andy Sneap, que faz a audição soar limpa, sem deixar de ser pesada e agressiva.

Mas vamos ao que realmente interessa: As músicas.

Aos Headbangers, o nome Dan the Automator provavelmente não diz muita coisa, mas este produtor de bandas de Hip Hop é, curiosamente, o responsável pela introdução de 'Black 13', faixa que abre o disco. As batidas tipicamente presentes em discos de Hip-Hop pegam os desavisados de surpresa, mas não chegam a comprometer e nem assustar, já que logo em seguida o peso do instrumental típico da banda toma conta e nos faz esquecer a desnecessária ‘intro’. Chega ser supérfluo comentar sobre o peso dos riffs de guitarra, já que Gary Holt é um mestre nessa arte, além de estar muito bem assessorado por Lee Altus e pela cozinha precisa e insana de Jack Gibson e Tom Hunting. A faixa de abertura funciona muito bem, pois introduz o ouvinte a tudo que ele encontrará no decorrer da audição, muita agressividade, velocidade, peso e principalmente: Riffs mortalmente certeiros.

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O primeiro contato com os vocais de Steve 'Zetro' Souza neste novo play logo causam a sensação de estarmos diante de um dos melhores discos da banda e um dos melhores, se não o melhor disco do ano. Sensação essa que se confirma no decorrer da audição, em especial na faixa título, que vem a seguir.

'Blood in, Blood out' tem todo o peso, velocidade e violência que se espera de uma música do EXODUS, com riffs certeiros, baixo pulsante, bateria intrincada e veloz, refrão marcante, vocais agressivos e aqueles coros à la 'And Then There Were None', do clássico disco de estreia da banda. Aliás, essa música se encaixaria facilmente em ‘Bonded by Blood’, lançado há quase 30 anos. Por volta dos 2 minutos e 30 segundos de música temos um dos riffs mais legais do disco, lembrando vagamente a música 'Downfall', do 'Exhibit B: The Human Condition'. Em suma, uma aula de Thrash Metal e possivelmente a melhor do disco (O que é difícil afirmar, afinal, o disco não possui nenhuma música mediana sequer).

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Outros destaques ficam por conta de "Collateral Damage", com riffs mais elaborados, mas não menos empolgantes, com destaque para a bateria veloz e variada de Tom Hunting, com bumbos duplos e viradas muito bem encaixadas. "Body Harvest" é violência pura e possui alguns dos melhores riffs do disco, além de excelentes backing vocals (Que, aliás, estão presentes em quase todas as músicas do disco), baixo bem presente e uma interpretação feroz de Steve 'Zetro' Souza, que de tão insana chegou a me lembrar Dani Filth (Podem xingar, mas realmente me lembrou). "Wrapped in the Arms of Rage" possui riffs pesadíssimos, modernos, muito bem trabalhados e bem acompanhados pela bateria de Hunting. Nesta música está um dos melhores solos do disco, com menos velocidade e mais melodia e feeling. "My Last Nerve" é uma música mais cadenciada e elaborada, com refrão marcante e ótimas harmonias e melodias, culminando num desfecho extremamente sombrio.

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O disco ainda conta com a participação de dois músicos renomados no meio Heavy Metal. "Salt the Wound" tem a celebre participação do ex-guitarrista da banda, Kirk Hammet (METALLICA), que participa de um dos solos da música. Já "Btk" parece ter sido composta para a voz de Chuck Billy (TESTAMENT), lembrando em alguns momentos a própria banda do vocalista, numa mescla de sonoridades da época do 'The Legacy' e do 'Tha Gathering', com riffs encorpados que convidam a bater cabeça. Apesar de excelente variação entre os dois vocalistas, poderiam ter explorado melhor a presença de Chuck.

O álbum se encaminha ao desfecho com "Numb", mais reta, mas com ótimos riffs. "Honor Killings", bastante agressiva e rápida e encerra com a absurdamente veloz e furiosa "Food for the Worms". Impossível escutá-la impassível. Totalmente 'bangeante' e possivelmente motivadora de enormes rodas de mosh quando executada ao vivo. A música possui algumas pegadas de Thrash alemão aqui e acolá e é uma das mais distintas do disco, fechando-o com chave de ouro, num clima totalmente 'Reign in Blood' no final. Nos bônus ainda temos uma excelente versão para "Angel of Death" do ANGEL WITCH e a faixa bônus japonesa ‘Protect Not Dissect’, com a participação de Anthony "Rat" Martin, ex-DISCHARGE.

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'Blood in, Blood out' é uma mescla da energia dos primeiros discos da banda, com a qualidade técnica e de produção dos lançamentos mais recentes, tornando esse um dos melhores álbuns da carreira do EXODUS, indispensável na discografia de qualquer fã da banda. Falar da qualidade dos músicos é se tornar repetitivo, uma vez que a trajetória dos caras fala por si só.

Ainda temos dois meses pela frente, mas este disco, até o momento, é minha escolha para melhor do ano. Enfim, afaste os móveis da sala e escute no volume máximo.

Pontos altos: 'Blood in, Blood out', ‘Body Harvest’, ‘Wrapped in the Arms of Rage’, ‘My Last Nerve.

Pontos baixos: Nenhum.

Track List:
01 - Black 13 (Feat. Dan the Automator)
02 - Blood In, Blood Out
03 - Collateral Damage
04 - Salt the Wound (Feat. Kirk Hammett)
05 - Body Harvest
06 - BTK (Feat. Chuck Billy)
07 - Wrapped in the Arms of Rage
08 - My Last Nerve
09 - Numb
10 - Honor Killings
11 - Food for the Worms

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Bônus:
12 - Angel of Death (ANGEL WITCH Cover)

Bônus japonês:
13 - Protect Not Dissect (Feat. Anthony "Rat" Martin, ex-DISCHARGE)

Cast:
Steve "Zetro" Souza (Vocais)
Jack Gibson (Baixo)
Gary Holt (Guitarra)
Lee Altus (Guitarra)
Tom Hunting (Bateria)

Músicos adicionais:
Dan the Automator – Samplers em "Black 13"
Kirk Hammett – solo de guitarra em "Salt the Wound"
Chuck Billy – vocais adicionais em "BTK"

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Sobre Luis Fernando Ribeiro

Apaixonado por música, cinema, escrita, literatura e pela zoeira infinita. Inserido no mundo da música pesada em 2004 com Destruction, Metallica e Blind Guardian, quando ainda se compartilhava música através de fitas K7.
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