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Triumph: um bom disco ao vivo, mas não o melhor

Resenha - Stages - Triumph

Por Rodrigo Werneck
Postado em 08 de julho de 2007

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

O Triumph manteve entre o lançamento de seu primeiro disco, "In The Beginning" (1976), e o seu sétimo, "Thunder Seven" (1984), uma impressionante agenda que se revezava entre turnês enormes e gravações em estúdio, sem parar para respirar. Durante as excursões que ocorreram entre 1981 e 1985 foram gravadas várias apresentações, e um apanhado desses registros foi incluído no disco "Stages", relançado recentemente como parte da "Millennium Remastered Series" da Sanctuary Records.

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O power trio formado por Rik Emmett (guitarra e vocal), Mike Levine (baixo e teclados) e Gil Moore (bateria e vocal) prosseguia forte e firme, e com um enfoque grande nas apresentações ao vivo. Apesar de ser apenas um trio, a energia que transbordava do palco em seus concertos era incrível, e isso se devia não apenas ao apuro técnico dos músicos e da força das composições, mas também ao espetáculo visual que apresentavam, incluindo luzes e pirotecnia à exaustão.

A tentativa de se capturar em disco toda a energia dos shows ao vivo da banda foi em parte obtida de forma com "Stages", originalmente um LP duplo, mas incluído num CD simples. Se por um lado nota-se que a performance ao vivo do grupo era incendiária e seu entrosamento ímpar, por outro lado um registro apenas sonoro não demonstra todo o potencial da banda nesse ambiente (leia-se, o palco). A qualidade do áudio é satisfatória, porém não excelente, com reforço por demasiado grande nos agudos (chegando em vários momentos a irritar os ouvidos, êta freqüenciazinha de 4kHz insistente!). A escolha do repertório é boa e representativa, embora muitas músicas excelentes tenham ficado de fora de forma até inexplicável, já que para completar o segundo disco do LP duplo original foram incluídas duas músicas novas de estúdio. Fora o fato de terem sido inseridos os intermináveis solos de guitarra e bateria, algo muito comum nos shows da época mas que são bastante maçantes de se acompanhar, em especial em disco (nos shows em si, até vá lá).

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Mantendo a tradição de revezar os vocais principais entre Emmett e Moore, o disco abre com todo o peso da sugestiva "When The Lights Go Down" (cantada por Moore), seguindo-se os clássicos "Never Surrender" (incluindo sua passagem rápida e o ótimo solo de guitarra), "Hold On" (em bela versão acústica) e o petardo "Magic Power", todas contendo os vocais melodiosos de Emmett, marca registrada do grupo. Em "Magic Power", Emmett debulha sua guitarra de dois braços, apresentando também um explosivo e melódico solo. A galera ovaciona a banda logo nos acordes e versos iniciais.

"Rock And Roll Machine" se segue, trazendo de volta o lado mais pesado da banda, conseqüentemente com Moore no vocal principal. Ela é interrompida no seu meio para uma desnecessária demonstração de virtuosismo auto-indulgente de Rik Emmett, no melhor estilo popularizado na época por Eddie Van Halen. Não que Emmett não toque bem, muito pelo contrário, mas incluir isso num show e principalmente num disco é algo extremamente sonífero. Para os guitarristas de plantão, entretanto, trata-se de uma aula completa, com Rik passeando com destreza e maestria por diversos estilos e técnicas distintas.

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"Lay It On The Line" e "A World Of Fantasy" (Emmett no vocal) se seguem, sendo que ao final desta última Gil Moore nos "presenteia" com seu solo de bateria. Mais uma vez, um espetáculo de auto-indulgência com algum efeito ao se assistir ao show ao vivo, mas sem apelo algum para o disco, um gasto de preciosos minutos. O indefectível efeito com "phaser" lá se encontra, muito comum na época.

Arejando um pouco os ouvidos segue-se a bela instrumental "Midsummer’s Daydream", apenas com Rik Emmett no violão e no melhor estilo Steve Howe (Yes, Asia), e embalando na pedrada "Spellbound", esta cantada por Moore. Já em "Follow Your Heart" os vocais principais se revezam entre os dois, numa jogada de grande efeito. Fechando o set, o grande hit "Fight The Good Fight", excelente música que é uma das mais emblemáticas da banda.

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Conforme mencionado anteriormente, foram incluídas duas faixas inéditas de estúdio, "Mind Games" e "Empty Inside". Como já era de esperar, uma cantada por Moore e a outra por Emmett, e já demonstrando o caminho que o grupo seguiria no álbum a seguir (mais comercial).

O encarte caprichado de 12 páginas inclui longo texto que nos explica todo o contexto da época em que o disco foi gravado e lançado, assim como várias fotos de shows e recortes de artigos em jornais e revistas.

Resumindo, "Stages" é um bom disco, mas não chega a ser o registro ao vivo definitivo do grupo, tarefa essa que tem que ser compartilhada com outros como "Live At The US Festival 1983" e "King Biscuit Flower Hour Presents...".

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Tracklist:
1. When The Lights Go Down
2. Never Surrender
3. Hold On
4. Magic Power
5. Rock And Roll Machine
6. Lay It On The Line
7. A World Of Fantasy
8. Midsummer’s Daydream
9. Spellbound
10. Follow Your Heart
11. Fight The Good Fight
12. Mind Games (studio version)
13. Empty Inside (studio version)

Site: www.triumphmusic.com.

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Sobre Rodrigo Werneck

Carioca nascido em 1969, engenheiro por formação e empresário do ramo musical por opção, sendo sócio da D'Alegria Custom Made (www.dalegria.com). Foi co-editor da extinta revista Musical Box e atualmente é co-editor do site Just About Music (JAM), além de colaborar eventualmente com as revistas Rock Brigade e Poeira Zine (Brasil), Times! (Alemanha) e InRock (Rússia), além dos sites Whiplash! e Rock Progressivo Brasil (RPB). Webmaster dos sites oficiais do Uriah Heep e Ken Hensley, o que lhe garante um bocado de trabalho sem remuneração, mais a possibilidade de receber alguns CDs por mês e a certeza de receber toneladas de e-mails por dia.
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