Resenha - Anthology - Bruce Dickinson
Por Ricardo Seelig
Postado em 16 de janeiro de 2007
Nota: 8
Seu nome é Paul Bruce Dickinson. Ele nasceu dia 07 de agosto de 1958 na pequena cidade inglesa de Worksop. Depois de passar pelo Samson, entrou para o Iron Maiden e estreou no clássico "The Number Of The Beast", de 1982. Sua influência é enorme. Seu legado, gigantesco. Sua voz é sinônimo de heavy metal. Seu talento o transformou em uma lenda. E o melhor: ele ainda está na ativa, longe de se aposentar...
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A trajetória de Bruce pelo Iron Maiden está, e continuará sendo, fartamente documentada através dos vários DVDs, CDs e livros já lançados a respeito da banda. Já a carreira solo de Bruce ganha agora um grande documento, o DVD triplo "The Anthology".
Os discos cobrem as três fases distintas que o vocalista trilhou em seu trabalho solo. O início mais hard rock, presente nos álbuns "Tattooed Millionaire" e "Balls To Picasso", a "negação" ao heavy metal que o transformou em lenda no controverso "Skunkworks", e a volta às origens nos excepcionais "Accident Of Birth" e "The Chemical Wedding", fase essa que permanece até hoje.
O primeiro DVD contém dois shows. "Dive! Dive! Dive!" já havia sido lançado na época em VHS, e mostra uma apresentação do grupo no Town & Country Club de Los Angeles, em 1990, meses antes da gravação do álbum "No Prayer For The Dying", do Maiden.
A banda que acompanha Bruce, formada pelo futuro companheiro Janick Gers na guitarra, Andy Carr no baixo e Dickie Flitzar na bateria, estava afiadíssima. A performance dos três é excelente, principalmente a do eternamente discutido Gers, que faz um trabalho muito bom, dispensando totalmente a presença de outro instrumentista. Recomendo a todos os fãs do Iron Maiden, e que até hoje, quase duas décadas após Janick se juntar ao grupo, ainda adoram contestá-lo (muitas vezes sem critério algum), que assistam o vídeo com atenção, comprovando o que ele é capaz de fazer nas seis cordas.
Já Bruce Dickinson está nitidamente feliz e mais leve de espírito em "Dive! Dive! Dive!". É nítido o seu prazer em executar o material de seu primeito álbum solo, "Tattooed Millionaire". Cantando com a classe e a técnica habitual, Bruce se destaca ao longo do vídeo, notoriamente em músicas como "Born In´58", "Gypsy Road", "Son Of A Gun" e na versão de "All The Young Dudes". Para completar, a banda ainda executa versões das clássicas "Sin City", do AC/DC, e "Black Night", do Deep Purple, além "Bring Your Daughter ... To The Slaughter", na época exclusivamente uma canção solo de Bruce, ainda não lançada em "No Prayer For The Dying". Um show excelente, tanto na ótima captação de imagens quanto no som.
O capítulo seguinte é dedicado ao sempre discutido "Skunkworks". Tentando se afastar o máximo possível do Maiden, e por extensão do próprio heavy metal, Bruce registrou no álbum canções que, ainda que possuam peso, aproximavam-se muito mais do som alternativo e até do grunge, em voga na época. O resultado é que, apesar de não ser um álbum ruim, "Skunkworks" não é o que se espera de uma lenda do metal como Bruce Dickinson.
"Skunkworks Live" traz Bruce acompanhado do guitarrista Alex Dickinson, do baixista Chris Dale e do baterista Alessandro Elena. Aliás, aqui cabe uma consideração: esta banda apresenta, sem dúvida, a melhor performance individual do DVD, com todos os músicos tocando muito bem, com destaque para Alex Dickinson, que insere doses generosas de groove na sua guitarra. O problema é que, apesar da qualidade inegável dos músicos, muitas vezes a interpretação que dão para as músicas acaba fazendo-as soar muito diferentes de suas versões originais, desagradando os fãs. Isso fica explícito na versão de "Tears Of The Dragon", onde a banda toca muito bem, mas o ar "rock and roll despojado e alternativo" que dão a sua execução ignora, por exemplo, o excelente solo original de Roy Z, que Alex não executa ao vivo. O resultado final soa como Strokes tocando Bruce Dickinson ...
O DVD 2 contém o antológico show que Bruce fez no Via Funchal, em São Paulo, promovendo o álbum "The Chemical Wedding". Quem tem boa memória lembra que, além de gravar o CD "Scream For Me Brazil" nestas apresentações, o plano original era registrar os shows para o lançamento de um DVD também, fato esse que não aconteceu devido a problemas técnicos nas câmeras. Portanto, o que temos aqui é uma filmagem quase amadora, registrada pelas câmeras do Via Funchal. Infelizmente, esta captação prejudica o resultado final do material, já que não possui a qualidade que estamos acostumados a ver nas dezenas de DVDs que chegam ao mercado. Sem dúvida alguma é um excelente show, as músicas são ótimas, a banda é perfeita (Adrian Smith e Roy Z quebram tudo), mas é uma pena que não exista um registro com a qualidade visual apresentada em "Dive! Dive! Dive!" e "Skunkworks Live" para esse show.
O terceiro disco deverá ser o preferido dos fãs, já que traz todos os clipes que Bruce gravou em sua carreira solo, todos devidamente apresentados pelo vocalista. Destaque aqui para os vídeos da fase "Accident Of Birth" até o último trabalho de Dickinson, "Tyranny Of Souls". Ouvindo essas canções a pergunta é quase inevitável: porque o Maiden não soa tão pesado, tão moderno, tão visceral, quanto Bruce conseguiu soar em "Accident Of Birth", "The Chemical Wedding" e "Tyranny Of Souls"?
Fechando o material temos "Tyranny Of Souls EPK", que é uma entrevista onde Bruce conta detalhes sobre o álbum em questão, e o hilário e histórico vídeo de "Biceps Of Steel", do Samson, onde podemos ver um Bruce Dickinson muito mais jovem, mas já demonstrando as qualidades que o transformariam no maior vocalista da história do metal.
No geral, "The Anthology" é um bom lançamento, obrigatório na coleção de qualquer fá de heavy metal, mas o sentimento que fica é que poderia ser muito melhor. O registro do show no Via Funchal decepciona, o caminho trilhado por Bruce em "Skunkworks" mostra-se cada vez mais equivocado com o tempo, e o material merecia um tratamento gráfico muito melhor por parte da gravadora, como, por exemplo, uma embalagem digipack.
Mesmo com tudo isso, "The Anthology" não é menos que fundamental para qualquer fã de Bruce, do Iron Maiden ou do heavy metal.
Mas que poderia ser melhor, poderia.
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