De Ozzy Osbourne a Rob Halford, os (muitos) vocalistas que passaram pelo Black Sabbath

Fundado no final dos anos 1960 pelo monstruoso guitarrista inglês Tony Iommi, o Black Sabbath é um dos nomes mais importantes da história do Heavy Metal. Creditado como o criador do estilo musical que alegra nossas vidas, o Black Sabbath é responsável por discos que influenciaram basicamente todas as bandas que resolveram se aventurar no mundo mágico da música pesada.

O Black Sabbath possui uma história que é brilhante e movimentada em proporções semelhantes. O grupo, que alternou entre ótimos momentos e fases turbulentas, passou por muitas mudanças de formação ao longo de sua trajetória, com destaque para as trocas e vocalistas.

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O "entra e sai" no microfone do Sabbath é o tema de mais uma matéria especial, que você pode conferir a partir de agora. Aperte o play e confira a lista de vocalistas que passaram pelo Black Sabbath.

Ozzy Osbourne, o dono da voz original do Black Sabbath

O vocalista original do Black Sabbath é John Michael Osbourne, cidadão natural de Birmingham que nasceu em 3 de dezembro de 1948. Ao lado de Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria), Ozzy (nome artístico de John) fez história como parte de uma das maiores escalações da história da música.

Dono de uma voz peculiar, que pode não ser muito agradável para alguns ouvidos, Ozzy ajudou a imortalizar clássicos supremos do Heavy Metal, como "Iron Man", "Paranoid", "Sabbath Bloody Sabbath", "N.I.B." e "Black Sabbath".

A trajetória de Ozzy como frontman do Black Sabbath foi encerrada em 1979, após oito discos de estúdio, por conta de um problema que o perseguiu por bastante tempo: a sua relação com álcool e outras substâncias.

O guitarrista Tony Iommi não queria mandar Ozzy embora, porém, a situação estava insustentável, o que culminou na demissão do Madman. O maior criador de riffs de todos os tempos falou sobre a separação à Kerrang.

"Para ser honesto, a maneira como as coisas estavam na banda naquele momento era bastante sombria, você sabe. As coisas não estavam acontecendo e Ozzy realmente não estava mais interessado. Ele estava passando por um monte de coisas na época. E tivemos que substituí-lo, o que não queríamos fazer. Mas chegou a esse ponto."

Após sair do Black Sabbath, Ozzy montou sua própria banda, que surpreendeu Geezer Butler pelo sucesso alcançado e continua na ativa (ao menos até setembro de 2023). Ele voltou a se reunir com o Sabbath em algumas oportunidades e chegou a gravar "13", último disco do grupo, lançado em 2013.

Álbuns do Black Sabbath gravados por Ozzy Osbourne

"Black Sabbath" (1970)
"Paranoid" (1970)
"Master Of Reality" (1971)
"Vol. 4" (1972)
"Sabbath Bloody Sabbath" (1973)
"Sabotage" (1975)
"Technical Ecstasy" (1976)
"Never Say Die!" (1978)
"13" (2013)

O homem que fez o Black Sabbath renascer

Considerado um dos vocalistas mais influentes do Heavy Metal, o icônico Ronnie James Dio foi o escolhido por Tony Iommi como substituto de Ozzy Osbourne. O som do grupo ganhou contornos épicos, como pode ser ouvido nas ótimas "Die Young", "Heaven And Hell", "The Sign Of The Southern Cross" e "Falling Off The Edge Of The World".

Não é exagero afirmar que o Black Sabbath renasceu após a entrada de Ronnie James Dio. O próprio vocalista estava ciente de sua importância, porém, os outros membros da banda não ficaram muito felizes com algumas atitudes do cantor e compositor.

"Foi o nosso maior disco desde ‘Sabotage’. Mas Ronnie teve a ideia de que era culpa dele, e que ele reviveu o Sabbath – e ele não hesitou em nos falar sobre isso", disse Geezer Butler, durante entrevista concedida à Classic Rock.

"Ele começou a reclamar para mim sobre Tony tocar muito alto e como seus solos eram longos. Eu costumava dizer a ele: ‘Bem, vá falar com Tony sobre isso, não comigo’. No fim das contas, cansei de ficar no meio dos dois. Então, um dia, Ronnie entrou e disse a Tony e a mim: ‘Se vou cantar músicas antigas do Sabbath, quero receber parte dos royalties por elas’. Tony e eu dissemos a ele de jeito nenhum. Isso foi o fim de tudo", acrescentou o baixista.

A primeira passagem de Dio pelo Black Sabbath foi encerrada em 1982 e o vocalista voltou à banda dez anos depois, quando já era um artista solo muito respeitado. A segunda parte da parceria foi ainda mais curta e Dio meteu o pé durante a turnê de divulgação de "Dehumanizer".

Dio, que seguiu o exemplo de Ozzy e montou sua própria banda após deixar o Sabbath, morreu em maio de 2010.

Álbuns do Black Sabbath gravados por Ronnie James Dio

"Heaven And Hell" (1980)
"Mob Rules" (1981)
"Dehumanizer" (1982)

Ian Gillan, da mesa do bar para o Black Sabbath

Depois que Dio saiu do Black Sabbath, Tony Iommi mais uma vez precisava de um frontman. E o guitarrista conseguiu levar para sua banda ninguém menos que Ian Gillan, vocalista da formação clássica do Deep Purple e um dos cantores mais venerados da história do Rock And Roll.

O mais curioso da história é que Ian Gillan, afastado do Deep Purple desde 1973, aceitou o convite após tomar umas canas com dois integrantes do Sabbath.

"Eu estava bebendo com Tony Iommi e Geezer Butler. Ficamos muito bêbados, meu empresário me ligou na manhã seguinte e disse: ‘Se você vai tomar decisões de carreira, não acha que devemos conversar sobre isso primeiro?’. Eu perguntei: ‘Do que você está falando?’, enquanto ele [o empresário] respondeu: ‘Aparentemente, você concordou em se juntar ao Black Sabbath na noite passada’. Não conseguia me lembrar de nada", relatou Gillan, em uma entrevista concedida ao jornal The Guardian.

Gillan gravou apenas um álbum com o Black Sabbath, "Born Again", que foi lançado em 1983, divide opiniões e chama a atenção por sua capa, digamos, peculiar. O disco não é o melhor trabalho da banda, mas não é todo dia que o vocalista do Deep Purple sai para tomar uns gorós e decide ir cantar no Sabbath. Então, "Born Again" é, no mínimo, um registro que merece ser ouvido ao menos uma vez.

O começo do "Bota vocalista, tira vocalista

A partir da saída de Ian Gillan, o RH do Black Sabbath começou a ficar mais movimentado do que já era. Ron Keel (da banda Keel), Dave Donato e Jeff Fenholt tiveram curtas passagens pelo grupo, entre 1984 e 1985.

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Keel não gravou nenhum material de estúdio, enquanto Donato registrou a demo de "No Way Out", que anos mais tarde, foi reformulada e lançada sob o título "The Shining". O caso de Fenholt é um pouco mais complicado, já que na época que ele trabalhou com Iommi, a banda estava mais para um projeto solo do guitarrista do que para o Black Sabbath.

Aliás, a "passagem" de Fenholt pelo Sabbath é relatada com mais detalhes na ótima matéria assinada por André Pereira Rocha.

Deep Sabbath - Parte II

Ian Gillan não é o único ser humano do Planeta Terra que passou pelo Deep Purple e pelo Black Sabbath. O talentoso baixista/vocalista Glenn Hughes também foi parceiro de Iommi e gravou o álbum "Seventh Star", espécie de "trabalho solo" do guitarrista, que apresenta uma interessante mistura de Hard Rock e Heavy Metal.

"Tony iria fazer um álbum solo em 1985. Eu, meu querido amigo Ronnie James Dio e Rob Halford iríamos cantar algumas músicas. Fui o primeiro cara a ir ao Cherokee Studios, [localizado] em Hollywood para fazer algumas músicas com Tony. Eu escrevi e cantei algumas músicas na primeira noite. Então, ele me pediu para voltar no dia seguinte e continuou indo e indo, até que acabei sendo o único cantor naquele álbum solo.

Na última música, Don Arden, - o pai de Sharon [Osbourne] - que estava comandando Tony na época, sugeriu , em conjunto com a Warner Brothers, que deveríamos chamar o álbum de ‘Black Sabbath feat. Tony Iommi’. Então, não era mais um álbum do Tony Iommi; era um álbum do Black Sabbath chamado ‘Seventh Star’. Foi um tempo para mim em que eu estava mudando meu estilo de vida. Então, foi um momento difícil para mim", declarou Hughes, que foi mais um cantor que passou pouco tempo no Black Sabbath.

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Ray Gillen e mais uma passagem relâmpago

O talentoso vocalista Ray Gillen, que tinha uma voz muito potente e cantava na banda do baterista Bobby Rondinelli, entrou no Black Sabbath em 1986 e gravou músicas do álbum "The Eternal Idol". A passagem de Ray, no entanto, foi encerrada quando o álbum estava quase pronto, por conta de vários problemas, inclusive financeiros.

Gillen ainda cantou nas bandas Badlands e Blue Murder, antes de morrer em dezembro de 1991. Seu trabalho com o Sabbath pode ser conferido na versão deluxe de "The Eternal Idol", disponível no Spotify.

Tony Martin, o último vocalista do Black Sabbath

O posto de vocalista do Black Sabbath no final dos anos 1980 não parecia ser um emprego dos mais estáveis, porém, Tony Martin resolveu encarar a missão, que ele cumpriu de forma digna em suas duas passagens pela banda (separadas pelo breve retorno de Ronnie James Dio).

Embora não seja tão lembrado quanto Ozzy ou Dio, Tony Martin gravou cinco discos de estúdio com o Black Sabbath, dentre os quais estão os ótimos "Headless Cross", "Tyr" e "Cross Purposes", trabalhos voltados ao Heavy tradicional.

As músicas "The Shining", "Headless Cross", "Devil & Daughter", "Anno Mundi", "The Law Maker", "Cross Of Thorns" e "The Hand That Rocks The Cradle" mostram o talento de Tony Martin e deixam claro que existe MUITO Black Sabbath além de Ozzy Osbourne e Dio.

Tony também gravou "Forbidden", que por quase duas décadas, foi o último disco de estúdio do Sabbath, marca que foi quebrada em 2013, com o lançamento de "13".

Infelizmente, o único álbum do Sabbath com Tony Martin nos vocais que pode ser ouvido no Spotify é "The Eternal Idol". Porém, "Headless Cross", "Tyr", "Cross Purposes" e "Forbidden" podem ser encontrados (em links não oficiais) no Youtube.

Álbuns do Black Sabbath gravados por Tony Martin

"The Eternal Idol" (1987)
"Headless Cross" (1989)
"Tyr" (1990)
"Cross Purposes" (1994)
"Forbidden" (1995)

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Rob Halford, o salvador da pátria

O lendário e carismático Rob Halford, vocalista do Judas Priest, também foi integrante do Black Sabbath, mesmo que por pouco tempo. O Metal God quebrou o galho da banda em duas oportunidades.

A primeira vez que Halford cantou com o Sabbath foi em novembro de 1992, durante a turnê de divulgação do álbum "Dehumanizer". A banda estava programada para abrir aqueles que seriam os dois últimos shows da carreira de Ozzy Osbourne (e não foram). Dio, vocalista do Sabbath na época, não gostou da ideia e picou a mula. Coube a Halford a tarefa de salvar a pele de Tony Iommi.

Halford também substituiu Ozzy Osbourne durante o Ozzfest 2004. O Madman estava com bronquite e teve que ser substituído pelo vocalista do Judas Priest, que de forma gentil, quebrou o galho mais uma vez.

Agora que você sabe um pouco mais sobre o Black Sabbath, é hora de apertar o play e curtir o som dessa banda gigantesca e muito importante.