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Led Zeppelin e a incrível banda brasileira que iria abrir os seus shows

Por Bruce William
Postado em 12 de fevereiro de 2023

Em 1975 o Brasil ainda não estava na rota das grandes bandas internacionais. Por aqui haviam passado, até então, somente Carlos Santana, que esteve aqui em 1971 e 1973, e Alice Cooper entre março e abril de 1974, este último em shows que tiveram público estimado entre 80 e 160 mil pessoas, o que fazia crer que havia todo um grande potencial ainda inexplorado para turnês de bandas gringas pelo país. Com isso surgiu a ideia dos Rolling Stones passarem pelo país com sua "Tour Of The Americas", que chegou a ter seis datas marcadas para o Brasil, quatro em São Paulo e duas no Rio de Janeiro, todas em agosto. Mas os shows acabaram sendo cancelados, e os Stones só tocariam de fato no país já nos anos noventa.

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Foto: Rhino - Atlantic Records - Michael Ochs
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Além de Jagger & Cia, outra lenda do rock que negociou para tocar aqui foi ninguém menos que o Led Zeppelin. O jornalista e músico Leandro Souto Maior descreveu em seu livro "Jimmy Page no Brasil" que o grupo havia lançado naquele ano seu sexto trabalho, "Physical Graffiti", LP duplo considerado por muitos o melhor trabalho da banda, e que havia alcançado boas vendas no Brasil. O Led estava no auge, fazendo shows por todo o mundo em grandes estádios, e ao mesmo tempo aproveitando para passar longas temporadas fora do país natal para fugir dos altos impostos praticados na Inglaterra. Então era hora de planejar uma nova turnê mundial.

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"Se não houvesse interesse em trazer o grupo eu não estaria no Brasil, agora. Detesto andar de avião, e, com os inúmeros compromissos que tenho nos Estados Unidos, não faria uma viagem tão longa à toa", contou o empresário do Led Zeppelin, Peter Grant, em entrevista assinada por Eduardo Athayde e publicada na revista Pop em julho de 1975, onde revela que os shows já tinham data para serem realizados: "Quero trazer o Led Zeppelin em outubro e o pessoal do grupo está muito a fim de tocar aqui. Já mantive contato com Marcos Lázaro (empresário do ramo musical) e acho que não deve pintar nenhum grilo. Juntos demos uma olhada nos locais em que o grupo poderá se apresentar, principalmente no Rio (Maracanãzinho), São Paulo (Anhembi) e Brasília".

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Mais adiante, o empresário promete que os shows teriam o mesmo nível dos concertos realizados lá fora: "Uma coisa quero deixar bem clara: seja nos Estados Unidos, em Londres ou no Brasil, não permito uma baixa na qualidade de nossas apresentações. O Led Zeppelin não é uma máquina caça-níqueis e sim um grupo que tem o maior respeito pelo seu público. O show que faremos no Brasil em nada ficará devendo às nossas apresentações no Madison Square Garden de Nova Iorque, por exemplo. Usaremos uma tela gigantesca para projeção de filmes, slides, efeitos de raio laser, trovões, etc. Não viremos ao Brasil para enganar a garotada e botar dinheiro no bolso. Não precisamos deste tipo de coisas".

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Eles poderiam ter sido o Scorpions brasileiro

"Em duas impactantes imagens, a capa e a contracapa do disco dizem tudo: um hipopótamo fareja cinco cabeludos. O bicho pesa. O nome do grupo é Peso. O título do álbum: 'Em busca do tempo perdido'. Que tempo é esse? Resposta: a década de 70, é lógico!". Assim começa o texto feito pelo lendário Ezequiel Neves, falando sobre o disco lançado em 1975 pelo grupo brasileiro, formado por Luiz Carlos Porto no vocal, Gabriel O'Meara na guitarra, Carlinhos Scart no baixo, Constant Papineau no teclado, Geraldo D'Arbilly e Carlos Graça na bateria. "Ao contrário do hipopótamo, o som do Peso é uma verdadeira guloseima para nossos tímpanos", diz ainda Neves, emendando: "O som é totalmente heavy. Mesmo que tenha uma balada sequestradora, 'Me chama de amor'. Além de um blues retundante, e redundante, batizado de... 'Blues'", finaliza Ezequiel sobre o álbum, cuja edição original é bastante valorizada no mercado dos usados.

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"Em busca do tempo perdido" passou no teste do tempo e hoje é considerado um dos maiores clássicos do rock nacional lançado nos anos setenta, embora os próprios integrantes da banda sejam modestos em admitir: "Essa palavra 'clássico' é muito forte" diz Gabriel, em declaração publicada na edição #24 da Poeira Zine. "Nós éramos muito jovens e queríamos apenas tocar. Além disso, creio que ninguém durante um processo de criação, tem noção de onde aquilo vai chegar", explica Carlinhos. Mas eles tem noção que criaram uma pérola: "Todo o conceito, desde a capa até o som, foi projetado para que o resultado final fosse de qualidade", prossegue Gabriel, e em seguida Carlinhos emenda: "o rock'n'roll sempre será atual enquanto houver uma guitarra de verdade, expressando sentimentos".

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O Poeira Zine é editado pelo jornalista Bento Araújo. E ele conta em texto publicado aqui no Whiplash.net uma história que circula há muitos anos, ao falar sobre a quase vinda do Led Zeppelin ao país: "A conexão Led/Brasil é antiga e pra lá de intensa. Em 1975, Jimmy Page e seu encrenqueiro empresário, o todo poderoso Peter Grant, vieram ao Rio de Janeiro para agendar uma tour do Led Zeppelin por aqui, em plena época de promoção do álbum 'Physical Graffiti'. Page ficou escondido da imprensa e segundo o próprio, conheceu o 'coração' do país graças a um amigo local. Já Grant cedeu entrevista para a extinta revista Pop, onde garantiu: 'dessa vez o Zeppelin vem com certeza'. Lorota, tudo foi por água abaixo com Grant levando de presente um disco do grupo cearense O Peso na bagagem. A revista ainda deixou claro que o grupo brazuca poderia até ser convocado para abrir algumas apresentações do grupo de Jimmy Page pelo país. Essa foi a primeira bola fora pro nosso lado..."

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Mas por qual motivo, exatamente, não foi realizada a turnê? Voltando ao livro do Leandro, nele consta uma curta e direta declaração de Jimmy Page: "Quando o Led Zeppelin estava em atividade, o empresariado brasileiro nunca fez uma boa proposta". E há ainda outro acontecimento que parece explicar melhor o que aconteceu: no dia 4 de agosto de 1975 - portanto poucos dias depois de Peter Grant vir ao Rio de Janeiro - o vocalista Robert Plant sofreu um sério acidente de carro com a família na Grécia, o que levou o Led Zeppelin a cancelar várias viagens que já estavam planejadas.

Relata ainda o livro de Leandro que havia a possibilidade do Brasil entrar no roteiro em 1977, mas novamente Plant é atingido por outra tragédia, e desta vez muito mais grave: Karac, filho do vocalista, morreu repentinamente, vítima de um vírus. Três anos depois, Led Zeppelin chega ao fim com a morte de John Bonham, e a vinda da banda ao Brasil acabou nunca acontecendo.

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No livro, integrantes do Peso contam que não foram informados na época sobre a possibilidade de abrir os shows do Led, o que é perfeitamente compreensível já que eles foram cancelados muito antes de efetivamente entrarem em fase de pré-produção. O que é de se lamentar profundamente, pois a vinda do mítico grupo britânico teria impulsionado de forma drástica a realização de shows internacionais no país, anos antes deles se tornarem comuns. E teria, obviamente, mudado a história do rock no Brasil, com bandas como o Peso passando a ter o merecido destaque que eles infelizmente não conseguiram: "Até hoje acho que o conjunto tinha condições de ser uma banda internacional. O LCP cantava super bem em inglês. Bandas como os alemães do Scorpions e os holandeses do Golden Earring lograram fazer sucesso em inglês e nós tínhamos a mesma condição", diz Gabriel, que depois finaliza, resignado: "Infelizmente, não houve interesse da gravadora, nem das rádios mais populares. Acho eu que não entenderam..."

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Texto dedicado à memória da Nina.

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Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
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