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Videoclipes: paradigmas de difusão musical

Por Victor Oliveira Sartório
Postado em 08 de setembro de 2012

O futuro dos videoclipes

Em 1980, dentro do contexto de revolução tecnológica da época, o grupo inglês The Buggles anunciou para todo o mundo que o vídeo tinha assassinado a estrela do rádio. O clipe de "Video Killed The Radio Star" (canção lançada no álbum "The Age of Plastic" daquele mesmo ano), foi o primeiro a ser exibido pelo canal de televisão norte-americano MTV (Music Television), marcando a inauguração do mesmo nos Estados Unidos. E hoje? Pode-se dizer que a estrela do vídeo também morreu, tal como a do rádio há 30 anos atrás?

Antes de 1980, ou seja, antes da MTV americana alastrar o clipe no cotidiano do amante de música, a veiculação dos vídeos musicais no Brasil era de exclusividade do programa "Fantástico" da Rede Globo. Este mesmo programa, apresentado ao público pela primeira vez em 1973 por Cid Moreira e Sérgio Chapelin, deteve o monopólio da transmissão do videoclipe entre o ano de 1975, quando da primeira exibição de um clipe brasileiro (foi a canção "América do Sul" de Ney Matogrosso – que tinha acabado de abandonar os Secos & Molhados no ano anterior), até o ano de 1980, quando o surgimento da MTV nos Estados Unidos influenciou produtoras independentes a quebrar o domínio da emissora de Roberto Marinho no ramo musical, assim como também impulsionou o surgimento de outros programas de videoclipes - na TV Gazeta, TV Cultura, TV Manchete, etc.

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A MTV no Brasil estreou em 1990, 10 anos depois da sua "mãe" norte-americana, por intermédio de sua sede instalada no bairro Sumaré, em São Paulo, no antigo prédio da TV Tupi, primeira emissora de televisão no país, fundada pelo "Cidadão Kane brasileiro", Assis Chateaubriand. A emissora adquiriu enorme sucesso ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000, tendo sido responsável por lançar ao clamor nacional inúmeros apresentadores e atores, como Márcio Garcia ou Maria Paula Fidalgo. Entretanto, na última década, com a mudança de nossos padrões no tocante aos meios de comunicação, a popularidade da MTV caiu. Inclusive, há pouco tempo, foi publicado, na Folha de São Paulo, que o Grupo Abril, detentor da MTV, estava negociando a venda da emissora, sob as justificativas de baixa audiência e falta de retorno dos rendimentos investidos. Contudo, no mesmo dia, a própria MTV emitiu nota negando tal informação, rebatendo os boatos afirmando que sua audiência "vai bem, obrigado"; principalmente em função dos atuais carros-chefe: os programas de humor.

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Muito embora a MTV não esteja afinal com seus dias contados, segundo a própria, ainda sim pode se perceber uma reformulação em sua roupagem, que não mais possui o traço puramente musical – ou vídeo musical. Os videoclipes, que têm embrião no cinema de vanguarda na década de 20 e que se desenvolveu da forma que hoje conhecemos com Elvis na década de 50 e depois com os Beatles na década de 60, são um marco na história da música. Isto porque, a partir da divulgação, pela televisão, da música, esta alcançou um nível comercial que nunca antes conteve. Há quem, daí, raciocine num sentido de que os clipes contribuíram para sucatear a arte da música – até mesmo no tocante a deturpar seu sentido original que, desde a Idade da Pedra Lascada, se consistia numa forma artística de combinação de sons e silêncio que seguiam uma sequência ao longo do tempo e estimulava nosso sentido auditivo (mas hoje, também o visual). Mas há também otimistas que enxergam os videoclipes como o início de um contato fã-ídolo que nunca antes houve. Enfim, seja para um, ou para outro, o fato é que, talvez, este canal de mídia televisiva, tal como a radiodifusão, resta completamente ameaçada pela virtualidade, que, ocupando o lugar da realidade em vários aspectos da vida social, não poupa a música em todas as formas que até então era propagada (mídia física, TV, rádio, etc).

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Sobre Victor Oliveira Sartório

Fã de bom som, escreve toda sexta-feira para sua coluna no jornal capixaba "Folha do Caparaó", a respeito de música, cultura e sociedade.
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