Radiohead
Por Jonas Lopes da Silva Neto
Postado em 06 de abril de 2006
O Radiohead é uma das maiores e melhores bandas dos anos 90, fazendo parte do movimento "britpop" com outros grupos como Blur, Oasis e Teenage Fanclub. Mas seu diferencial é justamente ser uma banda absolutamente original, misturando o psicodelismo dos anos 60, toques progressivos e letra absolutamente deprês e geniais, cortesia do vocalista Thom Yorke.
Em 1992, com a explosão do novo rock inglês (gente como Blur e Ride estouravam nas paradas) e o boom ainda maior do grunge, Thom Yorke (guitarra, vocais, teclados), Colin Greenwood (baixo), seu irmão Jonny (guitarra), Ed O'Brien e Phil Selway (bateria) montaram o grupo On A Friday. A banda foi abrir o show do obscuro grupo Candyskins, coberto pelo importante semanário inglês Melody Maker. Mas foi o On A Friday quem supreendeu os críticos: "Nome horrível, inadequado para a impressionante intensidade dessa turma (...) Promissor é pouco".
Thom e seus amigos providenciaram rapidamente uma mudança de nome. Viraram Radiohead por causa de uma música do LP True Stories, da genial banda dos anos 80, Talking Heads. Os produtores foram a um ensaio ver o potencial do grupo e saem desanimados, gostando apenas de uma música: "Creep". Como o Radiohead, inseguro, não consegue indicar nenhuma outra canção, ela virou o single em 1992. Absolutmente descartado pela Inglaterra, o single estoura nos Estados Unidos e torna a banda famosa.
Em 1993, sai o primeiro disco do grupo, Pablo Honey, com o já hit "Creep". O disco contém piques grunge e punk, e foi gravado em apenas três semanas. Além de "Creep", tem bom punk rock ("How Do You?"), o deboche de "Anyone Can Play Guitar" e boas canções demonstrando personalidade, como "Stop Whispering" e "Prove Yourself". O disco vende 700 mil cópias.
Em 1995, a banda lança o maravilhoso "The Bends", com tendências completamente depressivas, sendo comparado com o clássico "Berlin", de Lou Reed. O disco contém a maravilhosa "Fake Plastic Trees", uma balada melancólica, que estourou até no Brasil, onde foi tema de uma propaganda sobre a Síndrome de Down. Outras belas canções desse disco são "High And Dry" e "Planet Telex", o que o impulsa a 2 milhões de cópias.
Um pouco depois, veio a obra-prima: em 97 é lançado o magnífico "OK Computer". O disco é instigante e angustiador, perturba e hipnotiza qualquer pessoa. Vende 4 milhões de cópias, e é eleito pelos leitores da revista Q como o melhor de todos os tempos. Começando por "Airbag" e seu refrão poderoso, passando pelo já clássico "Paranoid Android", uma espécie de Bohemian Rhapsody dos anos 90, baladas como "No Surprises", "Karma Police", música sombrias como "Exit Music (For A Film)", "Let Down" e "Bringing Down The Walls" e porradas como "Electioneering". Musicalmente mais sofisticado, "OK Computer" tem elementos eletrônicos e estruturas em quatro movimentos. Thom diz que procurou escrever as letras, menos pessoais, como um observador, à moda de "A Day In The Life", dos Beatles.
Agora o grupo prepara o sucessor de "OK Computer", enquanto compõe, paralelamente, a trilha sonora da minissérie "Eureka Street: A Novel Of Ireland Like No Other", do escritor irlandês Robert McLiam Wilson.
O quarto disco do Radiohead saiu finalmente no dia 4 de outubro de 2000. O álbum foi bastante elogiado pela crítica, mas para muitos fãs houve um impacto inicial, uma vez que Thom Yorke e seus parceiros mergulharam de vez em sonoridades experimentais e anti-convencionais. Thom Yorke taxou "Kid A" como um suicídio, e disse em todas as entrevistas que estava cansado de fazer rock, e que a partir desse disco queria fazer apenas "música". E que assim seja! Afinal, "Kid A", assim como os três discos anteriores, são "música" da melhor qualidade.
Em 2001, a banda lançou "Amnesiac", outro álbum totalmente mergulhado em sonoridades experimentais e onde as guitarras foram praticamente deixadas de lado. Os fãs não demoraram para taxá-lo como uma continuação de "Kid A". Do disco, saem algumas belas canções como "Pyramid Song".
No ano seguinte a banda lançou "I Might Be Wrong", um registro ao vivo com repertório baseado em "Kid A" e "Amnesiac". Do disco saiu também uma canção inédita, uma balada chamada "True Love Waits".
Em junho de 2003, a banda lançou "Hail To The Thief", que parece fundir todos os estilos pelo qual o Radiohead já passou em um só disco. Desde a percussão estonteante de "There There" até os violões de "Go To Sleep", e passando pelo piano de "Sail To The Moon" e pela batida eletrônica de "Sit Down, Stand Up", o Radiohead prova a sua excelência como uma das melhores bandas dos últimos tempos.
Agradecimentos: Guilherme Eddino
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