Doors
Por Jonas Lopes
Postado em 06 de abril de 2006
Biografia originalmente publicada no site Dying Days
Os Doors foram uma banda única, irreverente e ousada, indo contra os padrões musicais vigentes da época (1965). Misturavam letras com poesia surreal, temas como morte e misticismo, bateria e teclados jazzísticos, guitarras flamencas e, é claro, o mito chamado Jim Morrison. Uma banda que sequer baixista tinha. Enfim, um clássico do rock'n'roll.
Jim Morrison e o início
James Douglas Morrison nasceu em 8 de dezembro de 1943, na Florida. Desde pequeno, Jim gostava de ler livros como os dos autores Kafka e Friedrich Nietzsche. Um acontecimento marcou sua infância: Jim estava viajando com família, quando passou por um carro acidentado na beira da estrada, vendo o espírito de um velho índio xamã. Reza a lenda que o índio acompanhou Morrison por toda a sua vida.
Depois de estudar psicologia na Florida, decidiu tentar a sorte na faculdade de cinema da UCLA, em Los Angeles, onde conheceu Ray Manzarek. Manzarek, na época, já era um tecladista de formação clássica com bastante experiência em bandas de jazz. Jim descobriu com Ray sua paixão por blues e jazz, e resolveu mostrar algumas de suas poesias para ele. Bastante impressionado, Ray decidiu convidar Morrison para uma nova banda. O nome, escolhido por Jim, veio de um verso do poeta inglês William Blake: "Quando as portas da percepção forem abertas, o homem verá as coisas como elas realmente são: infinitas". A dupla conhece o baterista John Densmore em uma palestra do guru indiano Maharishi Maheshi Yogi. Densmore já tocava em outras bandas, mas sentiu na dupla algo diferente, e resolveu então juntar-se aos Doors.
Fazendo uma combinação de piano , bateria e poesia, conseguem um contrato com a Columbia, graças à Billy James, que já havia contratado os Byrds. James, porém, fez uma ressalva: deveriam contratar um guitarrista. Aí entra em cena Robbie Krieger, amigo de Densmore nas meditações transcendentais. Robbie havia sido rejeitado por várias outras bandas por seu estilo de jazz e flamenco. Mas foi justamente este ecletismo que o fez entrar nos Doors.
O ano de 65 passou e nada foi gravado. Perdem o contrato com a Columbia e começam a tocar a torto e a direito pela California. A transformação nos palcos era evidente: Jim deixava de ser tímido e frágil para se tornar um performer visceral, sensual e incendiário, criando a eterna fama de sex-symbol. Logo ele, que queria ser visto como um artista sério. Arthur Lee, da banda Love, se apaixonou pelo som dos Doors e os levou para a gravadora Elektra, que contratou Paul Rotchild para produzi-los. No final de 66, os Doors iniciam uma série de apresentações no lendário bar Whisky A Go-Go, provocando um impacto enorme na grande mídia. Rotchild aproveitou o pique e levou os meninos para o estúdio, onde registraram as canções do primeiro disco em seis (!) dias. Mais uma semana para mixagens e escolha das músicas e o LP "The Doors" estava prontinho.
O sucesso aparece
Em janeiro de 67 sai "The Doors" acompanhado do single "Break On Through". O single vinha com um vídeo promocional, uma espécie de ancestral do vídeo clipe. "Light My Fire" foi o segundo single e estourou, permanecendo durante 17 semanas na parada. O primeiro disco é um clássico, umas das 10 estréias mais importantes da história do rock'n'roll. Segundo Manzarek, "Break On Though" era uma "espécie de bossa nova". Seja o que for, é uma grande canção, que mostra o vigor vocal de Morrison. O disco ainda trazia clássicos como a balada "The Crystal Ship", "Soul Kitchen", a poderosa "Light My Fire" com seu teclado mágico, além de covers de "Alabama Song" de Kurt Weill e Brecht e o super blues "Back Door Man", de Willie Dixon. O clássico expressionista "The End" fecha o disco com esplendor. É talvez, a melhor letra da história do Rock, com versos intrigantes como "father/yes son?/I want to kill you/Mother/I want to fuck you". Tudo isso em um arranjo épico, onze minutos de desespero e poesia.
Os Doors entram no estúdio para gravar seu segundo disco, agora com tempo, paciência e dinheiro. Como andavam prolíficos, não paravam de compor coisas novas, fazendo com que o segundo disco saísse ainda em 67. "Strange Days" trazia uma bela capa e um conteúdo musical ainda melhor. Assim como o primeiro disco, é básico em qualquer discografia. O disco foi levado às paradas pelo single da ótima "People Are Strange". "Strange Days" ainda tinha como destaque a faixa-título, "Love Me Two Time", e a clássica "When The Music's Over", outro épico, agora de 12 minutos de puro blues rasgado e hipnótico. Com o sucesso, Morrison adotou o traje de couro característico e assumiu a identidade de Lizard King ("Rei Lagarto"). Morrison também começava a ser tratado com um super ídolo, um sex-symbol ideal para as capas de revistas pop. As platéais iam se expandindo e os Doors começaram a tocar em grandes estádio, sempre com platéias lotadas.
Incidentes
A 9 de dezembro de 1967, aconteceu um grave incidente em um show da banda: em New Haven, Connecticut, Jim se irrita com um policial que o havia empurrado, fazendo um violento discurso contra o sistema policial. A polícia se aproximou do palco e o cantor não parou com o discurso. Até que um oficial subiu no palco e foi atingido no rosto pelo microfone do vocalista. Obviamente, os outros policiais subiram e o prenderam.
Começava a ficar evidente que Jim Morrison era um artista fora do comum, contra o autoritarismo e as disciplinas da vida conservadora. Bebia em doses cavalares desde os primeiros ensaios dos Doors e dizia que o álcool era um "hábito integrado à cultura americana".
Em 1968, sai o terceiro disco, o bom "Waiting For The Sun". Junto com o disco saiu o single "The Unknown Soldier". A banda faz um filme promocional para o single, onde Morrison é fuzilado e deixado morto coberto de sangue. A Elektra, assustada com o vídeo, veta o lançamento. "Hello I Love You" foi o segundo single de "Waiting For The Sun". Era uma música linda e extremamente pop, mostrando um novo caminho para a banda. Outro destaque foi mais uma poesia épica, "Celebration Of Lizard".
Morrison começou a se revoltar e a ficar indignado com a idolatria do público e a megalomania dos shows. Em dezembro de 68, desiludido com a platéia que pedia "Light My Fire", Jim foi até o microfone e, quando todos se silenciaram, recitou "Celebration Of Lizard", agradeceu e se retirou. Apanhado se surpresa, o público deixou que ele se fosse, sem vaiar ou aplaudir.
O Show de Miami
Em julho de 69 sai mais um disco, "The Soft Parade", que não era tão inspirado como os anteriores. Possui arranjos inusitados, como cordas e metais. O principal destaque era "Touch Me", que mostrava o lado crooner de Morrison. Pouco antes do lançamento de "Soft Parade", havia ocorrido um célebre incidente em Miami.
Todos os shows dos Doors eram polêmicos e acidentados, mas este ficou marcado pela acusação de atentado ao pudor contra Morrison. Não se sabe exatamente o que aconteceu. Das milhares de fotos existentes daquele show, nenhuma mostra Jim se desnudando ou fazendo gestos obcenos, conforme a polícia havia acusado, mas as conseqüências foram grandes: todos os shows agendados foram cancelados, e os moralistas e conservadores os criticavam. No inferno astral que envolveu os Doors em 69, houve uma coisa positiva: a edição de dois discos de poesia de Morrison, "The Lords" e "The New Criatures". Ainda no final deste ano, Jim foi preso por bebedeira e desordem, provocando um tumulto em um vôo para Phoenix, onde pretendia assisir um show dos Rolling Stones.
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Em 70, depois de muita pressão da gravadora, lançam o sensacional "Absolutely Live", gravado no Madison Square Garden, em Nova York, além de um novo disco de estúdio, "Morrison Hotel". O disco, que era o mais cru desde o primeiro, era mais um clássico, apagando a má impressão deixado pelo "Soft Parade". "Morrison Hotel", além do rock básico do grupo, trazia pitadas ainda maiores de blues, impressos claramente na clássica e maravilhosa "Roadhouse Blues". Outros destaques do disco eram "Queen Of The Highway" e a bela balada "Indian Summer". Os Doors estavam de novo de bem com o público e com a crítica. A banda fez grande turnê pela Europa, tocando no famoso festival de Wight.
Nessa época, Jim começou a afirmar que ia sair do mundo da música, para se dedicar inteiramente à literatura e cinema, suas grandes paixões. Bebia ainda mais. Deixou a barba crescer e a barriga se tornar saliente, associando-se aos poetas beat da época. Não gostava da fama de Sex-Symbol. Os Doors, no entanto, decidem gravar um último álbum. Um álbum de blues.
"LA Woman", lançado em 71, não era somente de blues, mas uma continuação ainda melhor do excelente "Morrison Hotel". Continha mais alguns clássicos, como a faixa-título e a linda "Riders On The Storm". O último show da banda ocorre em 12 de dezembro de 70, em New Orleans. Jim anuncia sua saída do mundo da música.
A Morte
Em março de 71, enquanto "LA Woman" havia sido lançado e recebia ótimas críticas, Jim se muda para Paris com sua namorada de longa data, Pamela, para se dedicar ao cinema. Em 3 de julho, o cantor é encontrado morto pela namorada na banheira de um hotel de Paris, vítima de um ataque cardíaco fulminante. A morte não foi divulgada imediatamente, e sim só no dia 9 de julho, para evitar uma cerimônia circense no sepultamento, como havia ocorrido com Janis Joplin e Jimi Hendrix.
Cada vez mais são levantadas suspeitas sobre se Jim Morrison realmente faleceu. Não se sabe, por exemplo, por que as autoridades americanas e francesas não tinham registro de sua presença na França naquele momento. Se eles tinham uma casa alugada, por que estavam num hotel? Por que Pamela nunca falou no assunto? Por que não foi feita autópsia, usual em casos como esse na França? Por que os integrantes da banda não puderam ver o corpo (John inclusive afirmou que o caixão era pequeno demais para o corpo de Jim)? Outro fato interessante: em julho de 2001, completa-se 30 anos da estadia de Jim num cemitério de Paris, que abriga gente importante como Oscar Wilde. Pela bagunça deixada lá pelos fã, o cemitério não quer renovar o contrato de estadia, obrigando a retirada do corpo para outro lugar. O próprio Ray Manzarek garante presença para confirmar que Jim está realmente lá.
O que veio depois?
Depois da morte de Jim, os Doors gravaram mais dois discos de estúdio, os anêmicos "Others Voices" e "Full Circle". Em 78, saiu um póstumo bastante relevante, "An American Prayer", que constava de poemas recitados por Jim Morrison e musicados pelo resto dos Doors. Jim gravou a voz nesses poemas no dia de seu aniversário de 27 anos, pouco antes de morrer. Em 83, foi lançado mais um ao vivo, "Alive She Cried", que não tinha a mesma força de "Absolutely Live". Em 1991, foi lançado o filme "The Doors", com direção de Oliver Stone, com Val Kilmer vivendo o lendário vocalista. O filme, muito bom por sinal, mostrou os Doors às novas gerações, aumentando ainda mais o culto. Outros concorrentes para o papel principal foram o falecido Michael Hutchence, na época a frente do INXS, e Bono, do U2. Outros projetos: em 1997 saiu uma caixa com músicas ao vivo, raridades e música inéditas. Em 2000, saiu o ótimo tributo "Stoned Imaculated", com a participação de Days Of The New, Stone Temple Pilots e Aerosmith, entre outros. A magia permanece eterna.
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