Resenha - Emoh - Lou Barlow
Por Maurício de Almeida (Maquinário)
Postado em 28 de julho de 2005
Desde meados da década de oitenta, quando começou sua carreira, Lou Barlow é um compositor compulsivo. Mesmo quando integrante do Dinossar Jr. - no qual o principal compositor era J Mascis -, Lou compunha. E por não haver espaço para dois compositores, a maioria das canções de Lou eram registradas pelo mesmo de maneira simples, voz e violão num gravador de quatro canais, sendo que parte destas fitas eram enviadas para Eric Gaffney, incumbido de colocar as baterias (não por acaso, então, ele se tornaria o futuro baterista do Sebadoh, ficando na banda de 1989 a 1993).

E assim nasceu o Sebadoh, que, ao lado do Pavement, foi uma das principais bandas independentes da década de noventa. E este foi apenas o início.
A dicotomia Dinossar Jr/Sebadoh chega ao fim em 1988, e, em 1990, sai "Freed Weed", uma espécie de coletânea das demos do Sebadoh com quarenta (!) faixas. A partir deste momento começa, definitivamente, a carreia do Sebadoh, que, em 1993, com o lançamento de "Bubble & Scrape", coloca a banda entre nomes como o próprio Pavement, Guide by Voices e Yo la Tengo. Entretanto, isto não foi o suficiente para conter Lou Barlow. Ele queria mais. No mesmo ano cria o "Sentridoh", um projeto solo no qual mantinha a linha 'lo-fi'/indie rock do "Sebadoh", e no ano seguinte, com John Davies, forma o "Folk Implosion".
Em 1995, além do sucesso que alcançado pelo "Folk Implosion" graças a música "Natural One" - que fez parte do filme "Kids" -, ele lança com o "Sentridoh" dois álbuns: "Losing Losers" e "Lou Barlow and His Acoustic Sentridoh". É claro que, com o tempo, mudanças ocorreriam, afinal, Lou precisaria de um dia com no mínimo 48 horas para manter todos esses projetos no mesmo nível. Assim sendo, desde 1999 o Sebadoh não dá as caras, mas também não anuncia seu fim; em 2002 saiu "Free Sentridoh Songs from Loobiecore"; John Davies deixou o "Folk Implosion", e Lou rebatizou a banda como "The New Folk Implosion", lançando um disco homônimo em 2003. E para quem pensou estar no fim o gás de Lou Barlow, em janeiro de 2005 chegou "Emoh", primeiro disco no qual o artista assina com o próprio nome.
Primeiro ponto importante deste disco: o 'lo-fi' que consagrou não apenas o Sebadoh, mas também o Sentridoh, foi deixado para trás. Isto é perceptível logo na primeira faixa - "Holding Back the Year" -, na qual a voz de Lou está em primeiro plano, clara e cristalina. A parte instrumental também é bem cuidada, e os violões que permeiam todas as canções são acompanhados por ruídos e tratamentos de estúdios impensados no Sentridoh, por exemplo. Tudo isso é confirmado nos créditos do álbum, pois oito canções foram cuidadosamente gravadas sob a supervisão de Mark Nevers e Wally Gagel, e outras seis, mesmo gravadas na casa do próprio Lou, ficaram longe dos quatro canais. Muito embora o clima intimista que transpassa a carreira do músico permaneça, ele está polido e bem trabalhado. Não apenas "Holding back the year", mas também "If I Could" e "Confused" são bons exemplos deste fato.
A simplicidade das letras é outro ponto sempre presente nas composições de Lou. Entretanto, neste disco, em decorrência da produção limpa e bem feita, elas (as letras) ganham força por ficarem em primeiro plano como a voz, e versos como "away, alone, look out/The birds, like me, want you now", de "Caterpillar Girl", emocionam pela simplicidade do como tal declaração é feita. Num disco intimista e subjetivo como este é difícil encontrar canções que se destaquem, pois cada uma delas, mesmo diferentes entre si, se complementam, e resultam no artista como um todo. Mas caso precise escolher quais ouvir, "Lengedary", a singela "Puzzle" e a citada "Caterpillar Girl" dão uma amostra do que escrevi até aqui.
Por fim, o que mais chama a atenção em "Emoh" é que Lou Barlow parece não se esgotar. Compositor incansável, suas canções tendem a explorar o que há de simples na vida. E mesmo que ande na linha entre a singeleza e a pieguice, seus passos firmes o impedem de cometer erros que vemos em discos e mais discos lançados mundo afora. Dizer que "Emoh" é mais do mesmo seria mentira, pois embora encontremos o Lou de sempre, "Emoh" mostra mais. E por isso é de se esperar algo de um artista como Lou Barlow: ele atende as expectativas, seja quantas forem.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Jimmy Page faz post e comenta atual opinião sobre show do Led Zeppelin em 2007
A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
As duas músicas do Iron Maiden que nunca foram tocadas no Brasil - e podem estrear em 2026
Steve Harris não descarta um grandioso show de despedida do Iron Maiden
O hit do Led Zeppelin que Jimmy Page fez para provocar um Beatle - e citou a canção dele
Titãs anuncia primeiras datas da turnê que celebra os 40 anos de "Cabeça Dinossauro"
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Dee Snider defende o Kiss por ter aceitado homenagem de Donald Trump
Os ícones do heavy metal que são os heróis de Chuck Billy, vocalista do Testament
A mensagem curta e simbólica sobre o Sepultura que Iggor Cavalera compartilhou no Instagram
Battle Beast anuncia a saída da vocalista Noora Louhimo
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
Exodus gravou três clipes para novo álbum - mesmo com a banda odiando fazer vídeos
Baixista do Slipknot revela última conversa com Brent Hinds, do Mastodon
A primeira banda de rock dos anos 1960 que acertou em cheio, segundo Robert Plant
O álbum do Soundgarden que inspirou a criação de "Enter Sandman", do Metallica
Seria a canção mais odiada dos Beatles realmente tão ruim quanto dizem?
Empresário explica como decisão errada do Barão Vermelho prejudicou imagem da banda


Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



