Dillinger Escape Plan: Matemática e democracia não fazem mal
Resenha - Dillinger Escape Plan (São Paulo, Clash Club, 17/04/2016)
Por Durr Campos
Postado em 24 de abril de 2016
Fotos por Fernando Yokota
Assistir a "Miss Machine: The DVD" há dez anos mudou bastante meu conceito relacionado à música extrema. Diante dos meus olhos e ouvidos estava uma espécie de Napalm Death antigo, mas com a tecla 'FF' do controle remoto apertada. Lembro-me de ir em busca do debut "Calculating Infinity" (1999), ainda contando com o vocalista original Dimitri Minakakis, mas não percebi ali o que fez-me realmente curtir THE DILLINGER ESCAPE PLAN, o que ocorreu de fato após degustar seu sucessor "Miss Machine" (2004). Com "Ire Works", lançado três anos após, aí sim tornei-me apreciador da piração denominada Mathcore, que basicamente é um metalcore experimental, progressivo e matemático (leia-se extremamente técnico) com letras, na maioria das vezes, nonsense. Os caras vieram a São Paulo e não dava para perder.
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Parece uma repetição escrever isto, mas ver o TEST será sempre um prazer. Um dos nomes mais 'cult' e relevantes do cenário da música underground brasileira, possui um catálogo instigante contendo demos, DVDs não oficiais, um 7" EP e seu debut "Arabe Macabre". Formado por João Kombi (vocal/guitarra) e o ótimo baterista Thiago Barata, nos brindaram com barulhos curtas e nocivos, conforme pede o grindcore com pitadas de black metal praticado pelo duo. Você pode ter diversas daquelas músicas na ponta da língua, mas não adianta, pois a metodologia dos dois imprime novas configurações sempre que executadas ao vivo. Por exemplo, caso João precise dar um gole de sua breja ou o Barata enxugar o suor, é preciso apenas um olhar para que o tema seja entoado de modo quase matemático (agora percebem o porquê de tê-los abrindo o show do DEP, certo?). Tocaram algumas de minhas prediletas: 'Mundo Feroz', 'Nasceu o Assassino', 'Encarando a Morte', 'Ninguém É Ninguém' e 'Auto Execução'.

Após o set sempre matador do Test, não levou tanto tempo para 'Prancer', item que abre o derradeiro de estúdio "One of Us Is the Killer" (2013), trazer o lendário Ben Weinman (guitarra, único membro original), Liam Wilson (baixo), Billy Rymer (bateria), Kevin Antreassian (guitarra-base) e o insano vocalista Greg Puciato. A seguinte era de meu álbum favorito. Ouvir 'Milk Lizard' encheu-me de alegria em uma data para lá de esquisita. Greg aproveitou para se jogar na plateia sem interromper sua performance, como de costume. Devidamente devolvido ao palco, 'Room Full of Eyes' deu sequencia ao rito e ali a coisa ficou realmente séria. Havia uma possessão coletiva. Em meio à catarse sonora acontecia um refrão intruso, mas sem perder a qualidade estranha. Ben tocou de pé seguro pela galera. Quem mais apronta dessas com tanta segurança?

Apreciei bastante posicionar 'Panasonic Youth' e 'We Are the Storm', ambas de "Miss Machine" pois nos devolveu aquele velho sentimento de uma década atrás. Não dava tempo nem de cuspir. Olha, mesmo 'donos' do Mathcore não os mantenha apenas ali, porque ninguém nem nada é dono daqueles homens. A liberdade criativa apresenta provas e dá-lhe 'Black Bubblegum', uma absurda canção em resumo ao que DEP é capaz de fazer quando compõe. Percebem até um 'vento' de Björk nela? Em 'Hero of the Soviet Union' é possível entender melhor quando coloquei aquela comparação ao Napalm Death acelerado no primeiro parágrafo. Assim como ela, 'Nothing's Funny', também "recente" (ops!), mantém a frase 'takipariu!' em repetição na mente. Pelo menos na minha.

Uma 'intro' tétrica entregou a chegada de 'Happiness Is a Smile'. Se o mundo tiver um fim a trilha sonora seria mais ou menos isto! Minutos depois, quando tudo não mais existir sobre o solo, ouvir-se-á 'One of Us Is the Killer', o mais próximo de uma balada que o DEP vai te dar. Menciono ainda as belíssimas e intrigantes projeções. Penso ser delas a razão dessas loucas linhas aqui. E como preciso variar meu estilo vez ou outra, nada melhor que ouvindo 'Crossburner', perfeita para um jornalista de música inspirar-se na hora de trabalhar. Obra-prima esquizoide e que rufem os tambores porque 'Good Neighbor', a seguinte no repertório, fez-me focar no baterista Billy. Rapaz, que dificuldade o menino deve ter se pensarmos em uma turnê mundial. Pelo menos deve estar sempre em forma.

De volta à estreia de Greg na banda, 'Setting Fire to Sleeping Giants' iniciou uma trinca mista em euforia e tristeza, pois pairava no ar a proximidade do final. 'Farewell, Mona Lisa' não ajudou muito a nos fazer esquecer disto, mesmo sendo excelente! Coube ao hino 'When I Lost My Bet' devolver aos meus sentidos a tônica de saber que, mesmo não havendo 'loop' no concerto, presenciava um dos momentos mais importante do calendário de eventos de 2016 na cidade. Uma dica: Se for apresentar o The Dillinger Escape Plan a um neófito, comece por esta.

O 'encore' iniciou com 'Sunshine the Werewolf'. Logicamente que a festa não seria a mesma sem o público, devidamente convidado a subir ao palco. Aproveitaram a bagunça e mandaram logo '43% Burnt'. Daí, meu amigo, não houve um rosto sem sorriso deixando a Clash Club naquela noite.

Agradecimento à Ultimate Music pela atenção e credenciamento, bem como o setlist do Test, algo difícil de conseguir. :)




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