Doogie White: em São Paulo, umas das maiores vozes do rock
Resenha - Doogie White (Blackmore, São Paulo, 06/03/2010)
Postado em 09 de março de 2010
O ano de 2010 começou com tudo. Muitos shows internacionais já rolaram, pros mais diferenciados gostos: Metallica, Iced Earth, Vince Neil, Coldplay, Cannibal Corpse, NOFX... E o mês de Março promete ser um dos mais agitados, pois no mínimo acontecerão dois shows por semana. No último sábado, o Sirenia tocou no Carioca Club, e no Blackmore, teríamos a apresentação de Doogie White, o excelente vocalista escocês que já tocou com Yngwie Malmsteen, Empire, Cornerstone e Rainbow.
Infelizmente, talvez por essa grande quantidade de shows do começo de ano, poucas pessoas estiveram presentes no Blackmore Rock Bar (tradicional casa rockeita localizada no bairro de Moema). Outros podem culpar o valor do ingresso, vendidos antecipadamente por R$60,00 e R$70,00, e no dia do show por R$80,00. "Pagar tudo isso pra ver o Doogie White tocando com músicos brasileiros é um abuso". Há quem tenha esse pensamento, o qual acho muito equivocado. Temos que aplaudir a iniciativa de produtores desses shows de menor porte, mas com artistas renomados, que pensam em boas alternativas para tornar tudo viável, como por exemplo, realizar o show num lugar pequeno e com músicos brasileiros - e MUITO bons (e eles também precisam de grana pra sobreviver). Mesmo com a possibilidade de prejuízo, os produtores metem as caras e arriscam, e graças a eles, temos grandes shows, como foram os de John Lawton e Tony Martin, ambos no Blackmore e ambos com banda de apoio formada por músicos daqui.
Problemas de logística à parte, vamos ao show! Em duas horas, Doogie White fez um apanhado de toda sua carreira. Ao lado do norte-americano Andy Robbins (baixo) e dos brasileiros Daemon Ross (guitarra), Bruno Sá (teclados) e Leonardo Pagani (bateria), ele mostrou porque é considerado umas das maiores vozes do rock 'n' roll: interpretou de maneira incrível todas as músicas, vocalmente impecável, técnica e emocionalmente. Ele adorou o quadro da parede do bar - uma grande pintura do guitarrista Ritchie Blackmore - pois diversas vezes apontou para a imagem, como se estivesse sob a supervisão do antigo "chefe".
Clássicos do Rainbow, como "Long Live Rock 'n' Roll", "Ariel", "Wolf to the Moon" e "Hall of the Mountain King" agitaram os presentes, que estavam pouco participativos no começo do show, mas logo foram contagiados pela empolgação e simpatia o vocalista. Impossível não curtir o show, pois além daquela grande voz, os músicos que o acompanhavam mostraram a que vieram. Daemon Ross tocou demais, e não decepcionou na hora dos solos originalmente criados por Blackmore. O tecladista Bruno Sá é excelente, "maquinado" com seus três teclados, além de fazer todos os backing vocals com muita afinação. A cozinha formada por Andy Robbins e Leonardo Pagani mostrou muita sintonia e ótima pegada. Doogie sabia que estava muito bem acompanhado e isso era evidente na sua expressão.
O set-list privilegiou seus tempos de Rainbow, mas suas músicas com outras bandas não foram esquecidas. Destaque para "The Rulers of the World" e "Manic Messiah" (Empire), "Wounded Lands" e "When the Hammer Falls" (Cornerstone) e Razor Eater (Malmsteen). Uma música de seu vindouro trabalho solo, a ser lançado em Julho, também foi tocada: "Come Taste the Band".
Com seu sotaque escocês, ele conversou bastante com o público durante o show, e fez questão de mencionar que era seu aniversário - completou 50 anos e foi presenteado com uma torta de limão em pleno palco! Todo o carisma de Doogie pode ser comprovado pelo público logo depois que o show terminou: ele atendeu fãs no mesanino, distribuindo autógrafos, tirando fotos e batendo papo, com muito bom humor.
A banda tributo ao Deep Purple, Purplestorm (que faria a abertura da noite) subiu ao palco quase às quatro da manhã e tocou para os poucos que ainda estavam no Blackmore. E fizeram um excelente show, tocando músicas de todas as fases da banda, com destaque para o vocalista Cezar Santana, o guitarrista Fernando Piu e o baterista Daniel Labó, um animal com as baquetas. E pra coroar essa grande noite, Doogie White subiu ao palco e pediu pra cantar com os caras. Executou com maestria os clássicos "Mistreated", "Soldier of Fortune" e dividiu os vocais com Cezar em "Burn". Ele abraçou e cumprimentou cada um dos músicos, desceu do palco e ainda ficou mais um tempo no meio da galera, para depois voltar e colocar o local abaixo com a saideira: "Perfect Strangers".
Uma pena que um show como esse não pode ser apreciado por mais pessoas, já que o considero com um dos grandes desse ano de 2010 e todos sabemos que um músico como Doogie White merece muito mais. Mas, com pouca ou muita gente, LONG LIVE ROCK 'N' ROLL!
Set-list de Doogie White:
Spotlight Kid (Rainbow)
Too Late for Tears (Rainbow)
Long Live Rock 'n' Roll (Rainbow)
When the Hammer Falls (Cornerstone)
Wounded Land (Cornerstone)
Razor Eater (Malmsteen)
Come Taste the Band (solo)
Wolf to the Moon (Rainbow)
Ariel (Rainbow)
The Rulers of the World (Empire)
Manic Messiah (Empire)
Black Masquerade (Rainbow)
Hall of the Mountain King (Rainbow)
BIS:
Gates of Babylon (Rainbow)
Singing Alone (Cornerstone)
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