Glenn Hughes: No Rio de Janeiro, a competência e solidez de sempre
Resenha - Glenn Hughes (Circo Voador, Rio de Janeiro, 28/10/2007)
Por Rodrigo Werneck
Postado em 09 de novembro de 2007
Em mais uma passagem pelo Brasil, finalmente o baixista e vocalista Glenn Hughes se apresentou no Rio de Janeiro. O local escolhido foi o Circo Voador, cada vez mais um espaço aberto aos shows de rock, na efervescente e rejuvenescida Lapa.
Fotos: Pedro Paulo Moreira
A banda elencada para fazer a abertura foi a mediana Escaleno, que baseou seu repertório em material próprio, cantado em português, e vários covers. Nada digno de registro, infelizmente, e portanto boa parte do público presente aproveitou para se refrescar na área aberta do local, bebendo uma cerveja gelada (e bem menos cara do que em outras casas de shows do Rio).
Eram 10h25 quando o produtor do show adentrou o palco para anunciar a atração principal, não sem antes fazer um manifesto conclamando os fãs de rock cariocas a prestigiarem os eventos por ele produzidos, como forma de trazer mais apresentações para o Rio. Nada mais justo. Aproveitou para anunciar shows de Joe Lynn Turner (ex-Deep Purple e Rainbow) e outros, com possibilidades até de trazer a lendária banda de southern rock Lynyrd Skynyrd. É ver para crer, fiquemos então com os dedos cruzados...
Logo a seguir, apagaram-se as luzes e subiram ao palco os três músicos que acompanham Hughes nessa turnê: o guitarrista J.J. Marsh (parceiro de longa data), o tecladista Ed Roth e o baterista Stephen Stevens. Banda coesa, competente, mas não brilhante, acabou por segurar a onda nas músicas da carreira solo de Hughes, porém deixou um pouco a desejar nos clássicos do Deep Purple. Marsh emula bem as partes de guitarra de Blackmore, porém sem a mesma classe, e Roth toca nota por nota os solos de Hammond de Lord, mas falta algo (a palavra "carisma" me vem à mente). O baterista Stevens, principalmente, deixa bastante a desejar com sua pegada pesada porém um tanto quanto "dura", sem direito a viradas ou variações maiores.
Por falar em clássicos do DP, foi justamente com a arrebatadora "Stormbringer" que o show abriu, com a aclamada entrada de Glenn e seu baixo Fender Jazz Bass e calça boca-de-sino. Mais anos 70, impossível. Público conquistado logo de cara, o termômetro continuou indicando temperatura alta com "Might Just Take Your Life", com grande participação do público. Logo ao final da segunda música, Glenn manifestou pelo microfone que já considerava esse o melhor show da turnê pela América do Sul (resta saber se não falou o mesmo em todos os outros), que estava extremamente satisfeito em visitar o Rio pela primeira vez, e que era difícil de acreditar que nunca tivesse vindo antes. Aliás, a interação entre público e artista foi enorme durante as quase duas horas de show, rendendo vários comentários entusiasmados do próprio Glenn.
Conforme consenso entre todos os presentes, a voz de Hughes está em excelente estado. Isso ficou patente logo de cara, pois ele não se furtou a repetir todos os agudos constantes das versões originais do Purple. Sabe-se que o período sabático forçado pelo uso de drogas pesadas pelo qual o vocalista passou nos anos 80, uma semi-aposentadoria temporária, certamente o auxiliou a manter a voz em bom estado, afinal, as cordas vocais envelhecem em função de sua utilização. Mas "The Voice of Rock" é de fato um apelido pertinente. No baixo, mostrou a competência e a solidez de sempre, chegando a fazer algumas firulas em determinados momentos.
As músicas de sua carreira solo foram recebidas com mais frieza pelos presentes, mas de qualquer forma a mistura de hard rock com funk, sua especialidade, soou bem e ajudou a dar uma boa dinâmica ao espetáculo. Entre elas, destaque para "Don’t Let Me Bleed", uma homenagem a uma antiga namorada que o abandonou pelo seu melhor amigo (dizem os Purple-maníacos que se trata de Jon Lord, ex-tecladista do DP), e que oscilou entre momentos balada e outros de mais peso. "Soul Mover" foi outro bom tema, com seu refrão contagiante.
Entre os clássicos do Purple, estiveram presentes no setlist ainda uma longa versão de "Mistreated" e "You Keep On Moving" (ambas cantadas em uníssono pela audiência), mais a funkeada "Gettin’ Tighter" (na qual homenageou o finado e saudoso guitarrista Tommy Bolin, que substituiu Ritchie Blackmore no Purple em 1975). "Mistreated" é uma música de grande apelo em concertos, embora quem melhor interprete sua letra seja mesmo David Coverdale, por melhor que Hughes cante (minha versão preferida, entretanto, ainda é a do "On Stage", disco ao vivo do Rainbow com performances magistrais de Blackmore, Cozy Powell e Dio). O final apoteótico, como não poderia deixar de ser, teve "Burn", na qual o show literalmente pegou fogo, com algumas pessoas subindo no palco e sendo atiradas de volta. O que, por sinal, rendeu uma cena inusitada: um sujeito foi arremessado de volta à área destinada à platéia, mas não se fez de rogado e mandou um "stage diving" com estilo. Ele só não podia esperar que ninguém iria se prontificar a segurá-lo, o que de fato ocorreu, e um sonoro estabaco o mancebo levou.
E, por volta das 0h20, o show foi encerrado. Apenas 11 músicas tocadas, em versões em vários casos longas, resgatando o espírito de improviso dos shows antigos, algo muito bem-vindo por sinal. Ficou a sensação de "quero mais", que poderá ser pelo jeito saciada em meados do próximo ano, quando Glenn Hughes e banda provavelmente retornarão para mais shows no Brasil, divulgando o novo CD que será gravado agora em novembro (Glenn anunciou que retornará em junho de 2008). A escolha do repertório foi boa, mas faltaram alguns clássicos do Trapeze, como "Seafull", "Medusa" e "Coast To Coast". Quem sabe no ano que vem?
Setlist:
- Stormbringer
- Might Just Take Your Life
- Land o' The Living
- Mistreated
- You Got Soul
- Don't Let Me Bleed
- Gettin' Tighter
- Steppin' On
- You Keep On Moving
Bis:
- Soul Mover
- Burn
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Outras resenhas de Glenn Hughes (Circo Voador, Rio de Janeiro, 28/10/2007)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Ingressos do AC/DC em São Paulo variam de R$675 a R$1.590; confira os preços
A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
O melhor baterista de todos os tempos, segundo o lendário Jeff Beck
A banda com quem Ronnie James Dio jamais tocaria de novo; "não fazia mais sentido pra mim"
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
Download Festival anuncia mais de 90 atrações para edição 2026
A única música do Pink Floyd com os cinco integrantes da formação clássica
O melhor disco do Anthrax, segundo a Metal Hammer; "Um marco cultural"
As músicas que o AC/DC deve tocar no Brasil, segundo histórico dos shows recentes
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
O solo que Jimmy Page chamou de "nota 12", pois era "mais que perfeito"
Show do AC/DC no Brasil não terá Pista Premium; confira possíveis preços
A melhor música que Bruce Dickinson já escreveu, segundo o próprio
Como político Arthur do Val aprendeu a tocar "Rebirth", do Angra, segundo o próprio
A reação de Malu Mader e Marcelo Fromer à saída de Arnaldo Antunes dos Titãs
A música que Nando Reis compôs sobre término de namoro com Marisa Monte e Titãs invejou
Corey Taylor revela a música que o Slipknot só vai tocar ao vivo quando o Papa abrir show
Mulheres: 10 músicas que ajudarão a conquistá-las

Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Glenn Hughes revela ter sido convidado para a reunião do Rainbow, em 2015
Glenn Hughes retorna ao Brasil para 5 shows em novembro
Glenn Hughes não acredita que David Coverdale voltará aos palcos
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista


