Deep Purple: Mesmo com a idade, se mantém intacta a selvageria
Resenha - Deep Purple (Claro Hall, Rio de Janeiro, 04/11/2005)
Por Rafael Carnovale
Postado em 09 de novembro de 2005
Foi com imensa satisfação que soube deste giro do Deep Purple pela América do Sul (leia-se Argentina e Brasil, já que o show do Chile foi cancelado por problemas de saúde com o vocalista Ian Gillan). Afinal, a banda já passou dos 30 anos de carreira, e continua na ativa, após mudanças de formação, idas e vindas de integrantes, morte de integrantes e mudanças no estilo musical. Mas o Deep Purple é o Deep Purple, e só a menção desse nome levou uma platéia considerável (que não chegou a lotar um Claro Hall em sua configuração de teatro, com poltronas e o recuo da pista) e vibrante para 1:30 de rock and roll, com direito a clássicos, músicas novas, solos, e algumas surpresas.
Chegando ao local do show demos de cara com uma casa não muito cheia: o público estava chegando aos poucos. Como as poltronas eram marcadas, não havia a necessidade de correr para pegar seu ingresso. Já os ocupantes da pista, que recuou para detrás da mesa de som (uns bons 10 metros) mostravam sua insatisfação, e isso acabou gerando uma pacífica guerra sonora entre o pessoal da pista e o pessoal das poltronas, que ficou só nos gritos bem humorados.
O show estava marcado para as 22h30, mas somente às 23h00 as luzes foram diminuindo enquanto que "Doctor Doctor" (UFO) começou a rolar nas caixas de som (o Iron Maiden fez escola...). No palco aonde se via apenas o famoso logo da banda dos anos 70, apenas luzes e efeitos com cores. Aos poucos os integrantes foram tomando seus lugares, e deram início ao show com "Pictures of Home", por sinal um excelente começo. Ian Gillan entrou no palco e começou a cantar... demonstrando que a "silver voice" dos anos 70 já se foi... mas que a habilidade e inteligência em dosar os vocais ainda permancem, permitindo que ele ainda arrisque uns agudos em alguns momentos. "Strange Kind of Woman" vem em seguida, seguida pelas novas "Wrong Man" (pesada, com "riffs" muito agressivos por parte de Steve Morse) e "Kiss Tomorrow Goodbye" (essa com um pique a lá "anos 70").
A banda continua em boa forma, como monstram "Demons Eye" e a faixa título do novo CD "Rapture of the Deep" (com um solo matador no começo, cortesia de Mr. Morse, sendo a mais diferente de todas). Algo que se deve notar é que a banda se apóia e em muito em seu guitarrista, porque os solos de Morse se prolongavam em vários momentos, e ele fez um excelente trabalho numa "jam" que contou com pedaços de "Contact Lost" e "White Dressed Guitar".
Provando que não só Steve Morse tem espaço para solar, o competente e multi-bandas Don Airey começa seu solo, com pedaços de "Garota de Ipanema", "Star Wars" (executada com perfeição) e "2001", para dar início ao teclado mais famoso do rock: "Perfect Strangers", cantada e berrada por todos (além das famosas guitarras imaginárias que foram tocadas nesta hora). O público, que estava em êxtase total, pirou de vez com a "jam" executada competentemente pela banda que serviu de "intro" para "Highway Star" (coisa que só o Purple sabe fazer). Hora de Gillan soltar alguns agudos, coisa que anda rareando, já que nem a voz nem os cabelos são os mesmos. Aliás esse é um mérito que o Purple deve levar: não se deixar abater pela idade: apesar de todos (até mesmo Morse) já mostrarem cara de senhores cinquentões (ou sessentões), o pique ainda é contagiante.
"Space Truckin" viria em seguida, dando espaço para um dos hinos do rock pesado: "Smoke on the Water" (que Morse tocou sem puxar um solo antes, como fazia de costume). A banda dá a rápida saída para o "bis" e volta com "Lazy", uma excelente "Hush" (com outro solo de Morse e um pequeno solo de Ian Paice, como sempre um monstrinho nas baquetas) e encerra de maneira magistral com "Black Night"(desta vez com o baixo de Roger Glover se destacando).
Uma coisa ficou clara: o Deep Purple está conseguindo se adaptar ao chegar da idade, mantendo intacto pelo menos 50% da selvageria que caracterizou a banda nos anos 70. Isso ainda irá garantir alguns anos de longevidade, e nos permitiu, numa sexta-feira com cara de chuva, um show de alto nível.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O álbum conceitual do Angra inspirado no fim do casamento de Rafael Bittencourt
Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
O melhor compositor de letras de todos os tempos, segundo Axl Rose do Guns N' Roses
Regis Tadeu explica se reunião do Barão Vermelho terá tanto sucesso como a dos Titãs
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Steve Harris admite que sempre foi "acumulador" de coisas do Maiden, e isso salvou novo livro
O disco que os Beatles chamaram de o maior álbum já feito; "imbatível em muitos sentidos"
A banda clássica de rock em que Ozzy Osbourne era viciado: "Eles são como carne e batata"
O que diz a letra da clássica "Roots Bloody Roots", segundo Max Cavalera
O riff caótico do Metallica que foi criado por Jason Newsted
Blackberry Smoke confirma quatro shows no Brasil em 2026
O álbum que, para Geddy Lee, marcou o fim de uma era no Rush; "era esquisito demais"
A façanha financeira de Paul McCartney que só 165 no Reino Unido conseguiram
A impagável reação de Paul Di'Anno ao ouvir o hit "Morango do Nordeste"
Cinco formações que duraram pouco tempo, mas gravaram bons discos

Regis Tadeu coloca Deep Purple no grupo de boybands ao lado do Angra
O músico "complicado" com quem Ronnie James Dio teve que trabalhar; "uma pessoa realmente ruim"
O que Ritchie Blackmore pensa sobre Jimmy Page como músico; "um guitarrista estranho"
Como foi lidar com viúvas de Ritchie Blackmore no Deep Purple, segundo Steve Morse
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
Os dois guitarristas que são melhores que Ritchie Blackmore, de acordo com Glenn Hughes
Em 16/01/1993: o Nirvana fazia um show catastrófico no Brasil
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista



