Motörhead: A finitude dos eternos
Por Daniel de Paiva Cazzoli
Postado em 12 de janeiro de 2016
Muitos já disseram que apenas três bandas têm autoridade para não se reinventarem: AC/DC, RAMONES e MOTÖRHEAD. Concordo em parte. Mesmo tendo essa autoridade, concedida pelos fãs e conquistada pelos próprios músicos, vejo diferenças entre muitos de seus trabalhos. Ou "Mondo Bizarro" é idêntico a "Rocket to Russia"? Seria "Black Ice" tão parecido assim com "Highway to Hell"? Como comparar, então, "1916" e "Bomber"?
E definitivamente elas não são parecidas, por mais homenagens que tenham feito entre si, caso de "R.A.M.O.N.E.S.", composta por Lemmy para prestar um tributo à lendária banda norte-americana. O AC/DC é, há um bom tempo, uma banda de arenas e estádios. RAMONES e MOTÖRHEAD, mesmo que se apresentassem juntas, não lotariam mais que um grande ginásio. E isso não as torna menores. O impacto e influência dessas três bandas no Rock’n’Roll é imensurável. Por suas atitudes despojadas, eles nunca se levaram a sério. Não pelo trabalho que desenvolveram, mas por sempre se apresentarem do jeito que queriam, sem se preocuparem com o que a grande mídia pensa. Os músicos do RAMONES subiram ao palco, até o último dia, com suas indefectíveis jaquetas de couro e calças jeans ferradas. Angus Young jamais largou sua indumentária de colegial. E ele, o agora saudoso e imortal Lemmy Kilmister, nunca abriu mão de seu chapéu, botas e do seu famoso cumprimento: "Good evening! We are MOTÖRHEAD and we play Rock’n’Roll!". Simples assim. Genial assim.
O RAMONES nunca voltará. Os quatro membros originais já se foram. O AC/DC, em breve, encerrará suas atividades. O tempo pesa e um dos irmãos fundadores, Malcolm, já não está mais na ativa, pela saúde debilitada. E Mikkey Dee e Phil Campbell sabem que não dá para continuar. O MOTÖRHEAD sobreviveu sem Phil "Animal" Taylor e Würzel, mas jamais terá vida própria sem Ian Fraiser Kilmister. Ou alguém imagina STONES sem Richards? SABBATH sem Iommi? MAIDEN sem Harris? METALLICA sem Hetfield? MEGADETH sem Mustaine? THE BEATLES sem John, Paul, George e Ringo?
Tenho orgulho de ter assistido a vários shows do MOTÖRHEAD, uma das poucas bandas a transformar um palco em uma extensão da casa dos músicos e, consequentemente, do quarto onde me tranco para ouvir meus discos. Lemmy jamais teve a postura de "rock star", não tinha frescuras. Ele falava o que queria, vivia o que dizia e tocava o que sabia. Nunca se preocupou em ser o mais bonito, ter o cabelo mais sedoso ou outras viadagens do tipo. Quem já conferiu o documentário "Lemmy - 49% Motherfucker, 51% Son of a Bitch" sabe do que estou falando.
Obrigado, Lemmy, por ter trazido a espontaneidade à música. Sua obra é atemporal, seu carisma único e seu legado intocável. Seu verso tão amplamente cantado no maior sucesso da banda, "Ace of Spades", enfim foi atendido: "I don't wanna live forever". O Rock’n’Roll fica mais sem graça e, ao mesmo tempo, mais eterno.
Morte de Lemmy Kilmister
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
Blaze Bayley relembra reação de Steve Harris ao ser apresentado a "Man on the Edge"
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
O álbum clássico do thrash metal que foi composto no violão
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Max Cavalera acha que escrever letras de músicas é uma tarefa entediante
Sexo ok, drogas tô fora, rock'n'roll é tudo; 5 músicos de hair metal que fogem do estereótipo
O clássico do metalcore que fez garotas começarem a ir a shows do Killswitch Engage
Box-set do Rainbow com 9 CDs será lançado em março de 2026
Jordan Rudess comenta a turnê latino-americana do Dream Theater; "Deve ser muito emocionante"
Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
O álbum do rock nacional dos anos 1980 que Prince ouviu e gostou muito do trabalho
Robb Flynn defende o Bring me the Horizon da "polícia do metal"
Frontman: quando o original não é a melhor opção
O segredo de Renato Russo que fez a Legião Urbana ser a maior banda dos anos oitenta
Red Hot Chili Peppers: Anthony Kiedis odiou abrir show para os Rolling Stones
Para Mikkey Dee, morte de Lemmy Kilmister não deve ser tratada como tragédia
Empresário do Motörhead conta como Lemmy encarou a morte
Empresário afirma que Lemmy Kilmister queria morrer no último show do Motörhead
Motorhead: a causa da morte de Lemmy
Lemmy: Dave Grohl se despediu do grande amigo chorando
Lemmy: a emocionante despedida de seu amigo Slash
Motorhead: Dave Grohl fez tatuagem em homenagem a Lemmy
Mikkey Dee: "O Motorhead acabou, claro. Lemmy Era o Motorhead."
Regis Tadeu: "Lemmy era tão poderoso que seu corpo não teve coragem de contrariá-lo"
Lemmy: Bill Ward, Kiko Loureiro, Zakk Wylde e Lita Ford comentam morte
Rush: Geddy Lee comenta a morte de Lemmy
Lemmy, um dos principais motivos da existência do Metallica
10 álbuns incríveis dos anos 90 de bandas dos anos 80, segundo Metal Injection



