MC5 faz show e lança disco e DVD ao vivo
Fonte: UOL Música
Postado em 28 de março de 2003
SÃO PAULO (Reuters) - Fazia 31 anos que eles não tocavam juntos e graças a uma fabricante de calça jeans o guitarrista Wayne Kramer, o baterista Dennis Thompson e o baixista Mike Davis subiram ao palco do 100 Club, em Londres, no último dia 13, para relembrar seus áureos tempos no lendário MC5.
O vocalista Rob Tyner (morto em 1991) e o guitarrista Fred 'Sonic' Smith (falecido em 1994) foram lembrados por convidados especiais como Ian Astbury (The Cult), Lemmy (Motorhead) e Nicke Andersson (Hellacopters).
Mas, apesar do sucesso do show, que foi destaque de edições recentes da revista New Musical Express, Kramer fez questão de ressaltar que o MC5 não voltou.
"Nunca haverá outro MC5. O show foi uma celebração da música que fazíamos, do espírito do grupo", ele disse em entrevista à Reuters.
"Rob e Fred não estão mais entre nós e não queremos ser uma daquelas bandas que voltam mesmo que tenha sobrado apenas um integrante da formação original."
Segundo Kramer, o principal propósito do show foi levar o MC5 a novas gerações. "Nunca fizemos um enorme sucesso. Então, esses garotos de hoje nunca ouviram a nossa música e esta foi uma oportunidade de alcançá-los, além de resgatar velhos fãs", afirmou Kramer.
A apresentação vai virar CD e DVD com lançamento previsto para meados do próximo mês.
A idéia de "comemorar" o MC5 e tudo o que representou essa banda nascida em Detroit nos anos 1960 surgiu quando a Levi's usou os desenhos gráficos feitos por Gary Grimshaw, e que costumavam ilustrar os discos do grupo, numa edição limitada de camisetas "vintage".
"A Levi's pediu autorização para o Gary, mas esqueceu da banda. De repente, vimos as nossas coisas por aí. Vimos Justin Timberlake (vocalista da boy band 'NSync) usando uma camiseta com o nome MC5 estampado. Daí, já tínhamos o limão, resolvemos fazer uma limonada", contou Kramer.
Embora alguns tablóides britânicos tenham tentado expor o MC5 como mais uma banda em busca de dinheiro, Kramer disse que "a Levi's não está nos pagando nada. Se ganharmos qualquer coisa será porque nós nos reunimos, ensaiamos, tocamos e gravamos um disco, porque nós trabalhamos duro".
O SHOW PODE CONTINUAR
Polêmica à parte, Kramer parece satisfeito quando fala do prazer de tocar com seus ex-companheiros novamente. "Foi um desafio maravilhoso. Já era hora de voltarmos a fazer algo juntos. E, depois de 30 anos, encontramos um jeito novo de tocar nossos antigos hits. Somos melhores músicos hoje, soamos melhor hoje", disse Kramer.
Ele afirmou que se houver convites para turnês do MC5 é bem provável que trio os aceite. "Vamos ver o que acontece. Se houver interesse é claro que vamos querer tocar. Somos profissionais e queremos trabalhar", disse Kramer, que está com 54 anos de idade e casou-se há um mês com sua segunda esposa.
Fã do conterrâneo Eminem -- porque, assim como o MC5, ele fala a verdade, admite seus erros e assusta os mais velhos --, Kramer comanda o selo MuscleTone Records, pelo qual lança "música perigosa e apaixonada para adultos".
"Não sou mais um adolescente. Meus interesses mudaram e gosto de música que fale mais de coisas como quem eu sou, qual é a minha importância para o mundo, como eu posso fazer diferença na sociedade... E tudo sem perder o âmago do rock and roll", explicou Kramer, que há dez anos vive em Los Angeles e possui um projeto solo (http://www.waynekramer.com).
ERROS DO PASSADO
Kramer ajudou a fundar o Motor City Five (MC5) no final de 1964, mais ou menos na mesma época em que nascia o The Stooges e aquilo que viria a ser o punk 10 anos mais tarde.
Em 1968, a banda ganhou notoriedade com o álbum "Kick out the Jams" e não faltaram na história do grupo drogas, sexo e rebeldia -- o MC5 formou sua base de fãs tocando principalmente em convenções estudantis revolucionárias. E tudo isso também ajudou a destruir o que quer que o MC5 estivesse construindo.
Wayne Kramer confessa no livro "Mate-me Por Favor" seus esquemas de tráfico de drogas com Iggy Pop -- "ainda nos falamos de vez em quando", disse -- e abusos que acabaram por trancá-lo numa prisão federal por quatro anos. Esses mesmos abusos tiraram a vida de Tyner e Smith. Hoje, Kramer afirma agradecer a Deus todos os dias por sua vida.
"Realmente fiz coisas das quais não me orgulho. Mas deixo o passado no passado. A cadeia de alguma maneira salvou minha vida, porque me fez ver que eu estava jogando tudo fora."
"O MC5 acabou por si mesmo, pelos seus próprios erros. Apesar de tudo, tenho muito orgulho de ter sido um integrante dessa banda e acho que temos na história o lugar que merecemos", concluiu Kramer.
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