A banda que é mais importante que o punk dos anos 1970, segundo Ian Anderson
Por Gustavo Maiato
Postado em 30 de setembro de 2025
Quando o punk rock explodiu na Inglaterra em 1976, muitas bandas de rock progressivo foram vistas como inimigas naturais da nova cena. Ícones como Emerson, Lake & Palmer, Yes e até o Jethro Tull eram constantemente alvos de provocações e críticas. Ian Anderson, líder e flautista do Tull, nunca fez questão de se alinhar ao punk - mas também não deixou de colocar as coisas em perspectiva.
Em entrevista resgatada pelo Far Out Magazine, Anderson declarou que, se o assunto é autenticidade e rebeldia, havia uma banda que representava o espírito punk anos antes do movimento ser batizado: o MC5. "O punk estava realmente em seu auge na época do MC5, em 1969. Eles foram mais importantes do que qualquer coisa que saiu do Reino Unido em 1976. Punk deveria ser sobre honestidade visceral. A maior parte eram jovens posando de raivosos porque era a moda da vez", afirmou.


Para Anderson, os músicos de Detroit eram a encarnação de uma energia que os Sex Pistols e muitos britânicos não conseguiram reproduzir com a mesma intensidade. O disco "Kick Out the Jams" (1969) não apenas sacudiu a cena local como também serviu de manual de atitude para o que Malcolm McLaren viria a idealizar com os Pistols anos depois.

Apesar de se autodefinirem como músicos limitados, o MC5 exibia uma agressividade e uma entrega no palco que, segundo Anderson, valiam mais do que qualquer virtuosismo. "Eles não se diziam os melhores, mas tinham algo que ninguém tinha: uma postura de não conformismo em todos os aspectos do que faziam", destacou o vocalista do Jethro Tull.
A fala pode soar como o velho clichê de "na minha época era melhor", mas traz um ponto relevante: a revolução cultural provocada por grupos como o MC5, ainda no fim dos anos 1960, foi muito mais abrangente do que boa parte do punk britânico. Não à toa, críticos costumam dizer que My Generation, do The Who, ou as loucuras psicodélicas de Syd Barrett, já tinham muito de punk antes do rótulo existir.

Tim Coffman, que assina o texto, conclui: "Mesmo com essa visão crítica, Anderson nunca demonstrou ressentimento direto com a cena punk. O artista reconhece que o gênero abriu portas e manteve viva a chama da contestação. Mas, para ele, era inegável: em termos de impacto, os americanos do MC5 foram 'mais importantes' do que qualquer banda britânica que surgiu com alfinetes na roupa e raiva nos vocais".

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