Korn e Courtney protestam contra a censura nos EUA
Fonte: Terra Música
Postado em 27 de março de 2004
Um ano depois do início da guerra do Iraque e da onda de protestos contra a guerra, artistas americanos começam a reagir contra a onda de conservadorismo que vem esquentando com o clima de eleição no país. Os novos alvos são o FFC, órgão que regula as transmissões de rádio e TV, e os grandes conglomerados de comunicação que têm o poder de boicotar artistas e exigir mudanças em discos e filmes. O sinal mais forte, por enquanto, vem do Korn, que lançou a música Y'All Want a Single, que ataca os monopólios do país, apontando informações que "a indústria não quer que o público saiba".
A censura exercida por empresas de comunicação, cada vez mais atreladas a anunciantes conservadores e grupos políticos de direita, vem crescendo desde o início do governo Bush. É comum que redes como a Blockbuster, por exemplo, só aceite distribuir determinado filme se os produtores cortarem cenas de sexo. A Wall Mart, responsável pela venda de milhões de discos, não aceita vender discos que não são considerados "familiares".
Com o escândalo de Janet Jackson, em janeiro, o FCC ganhou força e conseguiu a aprovação, há poucos dias, de um aumento de 1000% nas multas aplicadas a casos de "indecência" na TV e no rádio. Assim, as empresas que controlam emissoras fazem pressão em produtores e artistas. O caso que mais chamou atenção até agora foi a demissão de Howard Stern do sistema de rádio do Clear Channel. O apresentador, que há mais de uma década tem um polêmico programa diário, não está mais presente em vários mercados importantes, graças à decisão da empresa.
Há poucos dias, Courtney Love usou uma entrevista no programa de David Letterman para protestar contra o FCC e ameaçou mostrar os seios na TV. Mais séria é a crítica do Korn. No clipe para a música Y'All Want a Single, aparecem frases como: "Uma corporação é dona dos cinco canais de videoclipes nos Estados Unidos", "98% das bandas contratadas por uma major não dão lucro" e "Dois conglomerados de rádio controlam 42% dos ouvintes".
A faixa virou uma espécie de tema do caso Howard Stern e a banda postou em seu website oficial um remix que conta com a voz do radialista. O vocalista Jonathan Davis tem criticado com freqüência a ação dos "monopólios da comunicação", revelando até a dificuldade que foi convencer os executivos da Sony Music a deixar o grupo lançar a música. O vídeo está sendo exibido pela Fuse Network, originalmente do Canadá ¿ e não na MTV.
O Korn leva ao mainstream um movimento que já é forte na Internet e meios de comunicação alternativos. Websites de ódio ao Clear Channel (que domina tanto empresas de comunicação quanto estádios, sistemas de distribuição e de vendas de ingressos para shows) se espalham pela internet. O website oficial de Michael Moore também é palco de sérias denúncias contra a América corporativa.
No canal por assinatura HBO, o programa Real Time with Bill Maher detona semanalmente a influência das corporações conservadores na cultura americana. A série já é um dos grandes sucessos do canal e atrai convidados do primeiro time de Hollywood. Com a campanha presidencial esquentando no país, é provável que a onda de críticas fique mais forte nos próximos meses.
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