Edu Falaschi: resposta a Jack Endino na íntegra
Por Alessandra Martins
Fonte: Edu Falaschi Official Site
Postado em 04 de fevereiro de 2013
Recentemente, Edu Falaschi foi entrevistado pelo site G1, da Globo, entre alguns outros músicos brasileiros que tiveram sucesso cantando em inglês. Os artistas rebateram as críticas feitas pelo ex-produtor do Nirvana Jack Endino na última quarta-feira (23) a bandas do país que optam pela língua inglesa. Confira a matéria no site G1 da Globo com respostas "editadas".
Abaixo segue a resposta de Edu Falaschi na íntegra:
O comentário de Endino é generalizado e de certa forma preconceituoso. Temos, sim, no Brasil, bandas que cantam em inglês com sotaque forte, isso é verdade, mas temos outras que não, isso é normal em países que não tem como sua língua nativa o inglês, mas ele deveria saber que outras bandas que se tornaram gigantes mundialmente e que não eram americanas, também tinham um inglês "ruim" aos ouvidos dos Estados Unidenses, por exemplo, o Scorpions, alemão, no início era motivo de piada por causa do sotaque germânico de Klaus Meine, o A-ha, norueguês, cantou em inglês errado "take on me, take me on", gramaticalmente isso não existe em inglês, nem os Beatles escaparam de piadinhas quando foram a primeira vez aos Estados Unidos, aliás os americanos zoam os Ingleses até hoje por causa do sotaque! Enfim, pra encerrar os exemplos, o próprio Kurt Cobain, americano, cantava um inglês tão "arrastado" que nem os próprios entendiam suas palavras!
Em resumo, não existe regra, nem fórmula para o sucesso, pode ser em inglês certo, com sotaque nova-iorquino, ou em inglês errado ou até mesmo em inglês correto com sotaque africano, na música não existe lei, nem fronteiras, mas sim o talento e a estrela de cada artista!
Ele não deveria julgar e muito menos falar o que Brasileiros e qualquer outro povo deve fazer! Cada um faz o que quer e ninguém é obrigado a gostar de nada! O inglês é uma língua universal e devo lembra-lo que não foi o país dele que criou essa língua! Cantar em inglês não me faz menos brasileiro que o Carlinhos Brown e ser brasileiro não me tira o direito de cantar na língua que eu preferir!
Devo alertá-lo de duas coisas, Mr. Endino, primeiro, o inglês me ajudou a vender milhares de cópias de discos pelo planeta com o Angra, nos tornando referência do estilo, no Japão, França, Alemanha, etc. E segundo, a qualidade do Heavy Metal Brasileiro não é exclusividade do Sepultura que, sim, é maravilhoso e tem todos os méritos do mundo, mas o Krisiun é uma das maiores bandas de Death Metal da história e são brasileiros, muitas outras bandas daqui já estão há anos no roteiro internacional.
Mas, de fato, volto a bater nessa tecla, se tivéssemos muito mais bandas brasileiras sendo valorizadas dentro do próprio país, certamente teríamos mais chances de ser reconhecidas fora do Brasil, e então, não teríamos mais que nos deparar com opiniões rasas e preconceituosos, como a do Sr. Endino.
Infelizmente o que ocorre hoje aqui é o contrário, tem que fazer sucesso fora primeiro, para então o Brasil aplaudir e dizer "Se eles de fora falaram que é bom, então tá certo!"
Enquanto isso, fico na torcida para chegar a hora da NWOBHM (New Wave of Brazilian Heavy Metal).
Jack Endino - A opinião polêmica sobre as bandas brasileiras
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