The Linda Lindas: Sangue novo no Punk
Por Pablo Oliveira
Postado em 19 de março de 2022
Elogiadas por nomes como Tom Morello (Rage Against the Machine), Iggy Pop, Karen O (Yeah Yeah Yeahs), Hayley Williams (Paramore), Flea (Red Hot Chili Peppers), Thurston Moore (Sonic Youth), Brett Gurewitz (Bad Religion) e Kathleen Hanna (Bikini Kill), a (muito) jovem banda de Los Angeles vem conquistando cada vez mais espaço, entre apresentações em festivais e programas de TV, além de reportagens de destaque em veículos como Rolling Stones, The New York Times, Guardian e Kerrang.
Enquanto conciliam a recém-iniciada carreira com os estudos, as irmãs Lucia e Mila de la Garza (respectivamente guitarra/vocal, 15 anos, e bateria/vocal, 11 anos), a prima Eloise Wong (baixo/vocal, 14) e a amiga Bela Salazar (guitarra/vocal, 17) aguardam o lançamento do primeiro álbum, marcado para 8 de abril.
A história da banda começa em 2018, quando Martin Wong, pai de Eloise, foi perguntado por um conhecido, que tinha visto vídeos de uma apresentação dela, se haveria interesse da parte da menina de tocar em um pequeno festival local, no qual se apresentariam crianças e adolescentes. Martin sugeriu que chamassem também Lucia e Mila, já que elas e Eloise costumavam se apresentar juntas desde pequenas.
Carlos de la Garza, produtor musical e pai de Lucia e Mila, fez alguns ensaios com as filhas e Eloise em seu estúdio particular. Então as mães das meninas deram a sugestão de chamar amiga Bela, que estava fazendo aulas de violão.
A intenção inicial era que o grupo fizesse apenas uma apresentação, mas, alguns meses depois do show, Bela foi convidada para abrir um show da banda Frieda’s Roses e contatou Eloise, Mila e Lucia para atuarem como sua banda de apoio.
Após a apresentação, sob o nome de Bela and Friends, Martin Wong, pai de Eloise e co-fundador da revista Giant Robot, sobre cultura popular asiática e asiático-americana, sugeriu o nome The Linda Lindas, inspirado pelo filme japonês Linda Linda Linda e pela música Linda Linda, do Blue Hearts. Segundo Martin, "soava como uma banda dos anos 50, mas também poderia se referir à música punk japonesa ou filme de arte, ou simplesmente significar 'muito bonita' em espanhol". Com o nome definido, a banda continuou se apresentando e começando a conquistar reconhecimento.
Já em 2019, a atriz, produtora e roteirista Amy Poehler assistiu as Linda Lindas abrirem um show do Bikini Kill e as convidou para gravarem uma participação no filme Moxie, da Netflix, tocando Rebel Girl, do Bikini Kill e Big Mouth, do The Muffs. Em 2020, foram chamadas para escreverem uma música para outro filme. Desta vez, para um documentário sobre a personagem Claudia Kishi, da série de livros Baby-Sitters Club. 2020 também foi o ano do lançamento do primeiro EP da banda, autointitulado.
Em 2021, finalmente a banda consegue alcançar um maior destaque, após a performance da música Racist Sexist Boy, numa biblioteca pública, ter viralizado. A agressiva música foi escrita como um desabafo punk após Mila, então com 10 anos, ter sofrido discriminação racial: "Um pouco antes do lockdown, um menino da minha classe veio até mim e disse que seu pai o pediu para ficar longe de chineses. Depois que eu disse a ele que sou chinesa, ele se afastou de mim. Eloise e eu escrevemos essa música com base nessa experiência."
Após o vídeo de Racist Sexist Boy se tornar viral, vieram os elogios dos músicos conhecidos citados no início da matéria, reportagens e vídeos de "react" no Youtube. O romancista vietnamita-americano Viet Thanh Nguyen comentou: "'Racist, Sexist Boy' é a música que precisamos agora".
Após o destaque alcançado com a apresentação na biblioteca, a banda assinou com a Epitaph Records, gravadora de Brett Gurewitz, do Bad Religion, e conta os dias para o lançamento de Growing Up, seu primeiro álbum, pela gravadora do guitarrista.
Enquanto coleciona elogios de fãs de todas as idades, The Linda Lindas abre passagem, sendo vista por muitos como uma esperança para o punk rock. Os dois comentários abaixo, respectivamente dos usuários do Youtube Bill King e Joseph Torra resume bem o efeito que a música das meninas tem tido sobre os fãs, mesmo os mais velhos:
"Tenho 70 anos e lembro que, quando eu tinha a idade delas, nós tínhamos lugares para ir e dançar, e eles tinham bandas adolescentes ao vivo. Precisamos trazer a música de volta para as crianças. E a propósito, essas garotas são incríveis e eu vou comprar suas músicas para apoiá-las."
"Eu sou um punk rocker de 66 anos. Eu amo a músicas de vocês. Obrigado por manter vivos a energia, o espírito e a dignidade da música."
É cedo para dizer o que será da carreira das Linda Lindas. Mas, apesar de não serem virtuoses (estamos falando de punk, né?), Bela, Eloise, Mila e Lucia esbanjam energia, carisma e sinceridade no som que fazem, além do talento que já demonstraram em tão pouco tempo. E já conseguiram chamar mais atenção do que a maioria das bandas mais antigas. Boa sorte para as meninas e que elas possam incentivar muitas crianças e adolescentes ao redor do mundo a pegarem instrumentos musicais e se juntarem com os amigos para manterem vivo esse estilo que nós amamos.
Conheça abaixo algumas das principais músicas da banda:
Racist, Sexist Boy
Oh!
Rebel Girl (Bikini Kill cover) e Big Mouth (The Muffs cover)
Missing You
Growing Up
No Clue
[an error occurred while processing this directive]Site oficial:
https://www.thelindalindas.com/
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps