Pete Townshend conta o impacto que o surgimento dos Rolling Stones teve sobre ele
Por André Garcia
Postado em 06 de janeiro de 2023
Dois dos maiores expoentes do rock britânico sessentista depois dos Beatles, Rolling Stones e o The Who foram formados em 1962 e 64, respectivamente. Ambos fizeram sucesso em meados da década com hinos rebeldes: o primeiro com "(I Can't Get No) Satisfaction", o segundo com "My Generation".
Conforme publicado pela Rock and Roll Garage, à Time em 1995, Pete Townshend relembrou o impacto que o surgimento dos Rolling Stones teve sobre ele:
"Eles realmente não só renovaram, como também dignificaram [a música], sabe? Eles renovaram a coisa do pop tradicional com o que eles trouxeram, então empolgaram todo mundo. Mas também rolou uma baita dignificação. Eles possibilitaram que o pessoal das bandas pop se sentisse mais do que meras estrelas pop tradicionais, retirado das figuras dos anos 50 — que eram apenas ídolos adolescentes."
"Isso significava que uma banda como The Who poderia rolar, sabe? Significava que eu poderia ser uma astro pop, que você não precisava de pessoas que tivessem o tipo de beleza latina, o que era um requisito até aquele momento."
"A primeira vez que vi os Beatles tocarem ao vivo foi quando o The Who abriu shows para eles em uma turnê. Na verdade, vi os [Rolling] Stones pela primeira vez dessa forma também, mas eu vi os Stones primeiro. Fiquei encantado com eles, fiquei impressionado com tudo na banda — o quão selvagem eles pareciam, o quão amigáveis eram, pela carga erótica a seu redor… A coisa ficava entre [Mick] Jagger e Brian Jones. Brian Jones era muito bonito na época."
"Jagger tinha um jeito meio esquisito, sabe? Eles costumavam brigar entre si pela atenção do público, e suponho que minha resposta masculina a esse erotismo foi o que realmente me surpreendeu. Sabe, eu não reparava em um monte de garotas gritando, eu pensava 'como diabos eles conseguem isso?'"
"Eu ficava com uma garota na escola de arte naquela época que era louca por Charlie Watts. Eu costumava olhar para ele e dizer 'bem, é engraçado', como todo aquele meu preconceito sobre a aparência das pessoas. [...] Eu julgava o fato de ela gostar de Charlie Watts. Ela me disse: 'Mas Pete, ele é o homem mais bonito do mundo'. Os valores mudam, o que nos mostrou que a aparência masculina estava mudando."
"Os Stones foram muito parte daquilo. Eles estavam pela minha vizinhança, diferentemente dos Beatles, que eram de Liverpool. Aquilo era diferente, e eu fiquei muito envolvido. Assisti eles várias vezes, eles costumavam tocar no Ealing Club e eu estudava na escola de arte de Ealing. Eu via eles saindo do trem com os instrumentos e tal. Eles ouviam exatamente a mesma música [que eu], exatamente os mesmos discos de blues. Digo exatamente os mesmos, então a identificação era total."
The Who
O The Who surgiu da combinação do vocal vigoroso de Roger Daltrey, a bateria selvagem e não-ortodoxa de Keith Moon, o baixo estrondoso de John Entwistle e a ousada guitarra de Pete Townshend, líder da banda. Embora tivessem pouco em comum e personalidades conflitantes, contrariando a lógica, juntos tinham grande química musical.
Seu álbum de estreia "My Generation", tendo a faixa-título como maior hit, mesclou canções pops com faixas mais pauleiras, amplamente citadas como influência pelas bandas punk. Ao longo dos anos 60, o grupo seguiu emplacando sucessos e se estabeleceu como terceira força do rock britânico, atrás apenas dos Beatles e Rolling Stones.
Na década de 70, se consolidou em definitivo na primeira prateleira do rock com álbuns como "Who's Next" (1971) "Quadrophenia" (1973), além de hits como "Who Are You". No entanto, em 1978 o grupo foi sacudido pela morte de Keith Moon e, com Kenney Jones (ex-The Faces) nas baquetas, chegou a lançar "Face Dances" (1981) e "It's Hard" (1982); que não foram bem recebidos. Depois deles foram lançados apenas "Endless Wire" (2006) e "WHO" (2019).
Em 1996, a banda ganhou o reforço de Zak Starkey na bateria — filho de Ringo Starr —, mas em 2002 perdeu um de seus membros fundadores com a morte de John Entwistle.
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