Os megahits de Sepultura e Lulu Santos que começam com versos semelhantes
Por Gustavo Maiato
Postado em 16 de julho de 2024
As coincidências no mundo da música são mais comuns do que aparentam e caso se vá fundo na investigação, é possível encontrar curiosidades cada vez mais improváveis. É o caso da música "Dead Embryonic Cells", do disco "Arise" (1991) do Sepultura, que traz na estrofe inicial um verso exatamente igual ao utilizado por Lulu Santos no hit "Toda Forma de Amor", que saiu em 1988, três anos antes, no álbum de mesmo nome.
No início de "Dead Embryonic Cells" é possível encontrar os seguintes versos: "Terra do ódio / Eu não pedi para nascer / Tristeza, sofrimento / Tudo é tão solitário". Já o começo de "Toda Forma de Amor" traz o mesmo dizer do segundo verso só que no primeiro: "Eu não pedi paara nascer / Eu não nasci para perder / Nem vou sobrar e vítima das circunstâncias".
Mas como é possível analisar as duas músicas e encontrar semelhanças e diferenças para além dessa coincidência? No caso de "Dead...", a música fala sobre doenças de laboratório que podem infectar a humanidade. Também é tratado do assunto da violência, guerra por racismo e terrorismo. Todo esse clima de pessimismo é traduzido nos riffs pesados que a acompanham.
No caso de "Toda forma...", Lulu Santos trata da possibilidade de se amar livremente qualquer ser humano, livre de preconceitos. Uma possível ponte está no fato de que tanto o Sepultura quanto Lulu Santos tratam nesse período do assunto da AIDS. Se "Dead Embryonic" fala de "doenças de laboratório", em "Biotech is Godzilla", do "Chaos A.D", a ideia é que essa doença foi mesmo criada em laboratório.
Já Lulu Santos tratou desse assunto no hit "A Cura", conforme ele conta em entrevista a Pedro Bial. "Eu me referia especificamente à cura da AIDS. Era a epidemia da época, mas era seletiva. Não era tão geral, e sobretudo os esforços para se achar uma cura eram diminuídos. Depois, veio a se perceber que a doença era menos seletiva do que se parecia.
Eles chamavam a doença de ‘câncer gay’, mas depois passou a ser preocupação de toda a humanidade. A canção é sobre o primeiro impacto das perdas que essa doença trouxe para nós todos. E para mim, como já sabedor dessa realidade, para minha comunidade", concluiu.
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