A incrível canção do Deep Purple que Led Zeppelin e Black Sabbath não conseguiriam tocar
Por Bruce William
Postado em 16 de novembro de 2024
Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple são considerados pilares do som pesado, pois são as três bandas que conseguiram se destacar na virada dos anos 60/70 com discos que ajudaram a definir o que viria a ser o Heavy Metal. Cada banda trouxe algo único: o Led Zeppelin combinou Blues e Rock de forma genial e inovadora, o Black Sabbath trouxe atmosferas sombrias e "dark" em riffs marcantes, e o Deep Purple uniu técnica e peso, criando uma base sólida para o gênero que se consolidaria alguns anos mais tarde.
Embora as três bandas fossem formadas basicamente por músicos virtuosos que se tornaram referência nos seus respectivos instrumentos, elas tinham estilos instrumentais ligeiramente diferentes entre si: o Led Zeppelin combinava criatividade e força, com guitarras cheias de texturas de Jimmy Page e a potência de John Bonham na bateria; o Black Sabbath apostava nos riffs pesados de Tony Iommi e atmosferas sombrias criadas por Geezer Butler e Bill Ward, que também era um baterista bastante intenso. Já o Deep Purple unia técnica e intensidade, baseado nos solos de Jon Lord no teclado e a precisão e criatividade de Ritchie Blackmore na guitarra, que ajudava a criar um som grandioso e complexo.
Há outro detalhe que também diferenciava as três bandas: seus respectivos vocalistas. Ozzy Osbourne trazia uma voz única e hipnótica que se encaixava perfeitamente com os riffs sombrios do Sabbath, enquanto Robert Plant, com seu timbre poderoso e carregado de emoção, definia o estilo épico do Zeppelin. Cada um deles contribuiu para o sucesso de suas respectivas bandas. E Ian Gillan era possuidor de um alcance vocal impressionante, que lhe permitia atingir notas altíssimas com intensidade, algo essencial para a dramaticidade da música.
E por isso o Deep Purple pôde fazer uma música como "Child in Time" do jeito que ela saiu no "In Rock", disco de 1970 que firmou o Purple como uma das bandas mais importantes do rock pesado. A música dependia não só da parte instrumental, mas também da capacidade vocal impressionante de Ian Gillan. Seu alcance e intensidade davam à canção uma força que outras bandas não poderiam reproduzir da mesma forma. Led Zeppelin e Black Sabbath talvez recriassem a melodia ou os arranjos, mas a performance vocal de Gillan era essencial para o impacto da música. Sem ela, "Child in Time" não teria a mesma força.
Como surgiu "Child In Time" do Deep Purple? De onde a banda tirou a ideia para a canção?
"Child in Time" foi uma fusão de várias influências, relata a Far Out. Ian Gillan revelou que a música tem dois aspectos: melodia e letra. Embora isso pareça óbvio, ele explicou que a melodia foi baseada em "Bombay Calling" da banda It's A Beautiful Day, conhecido por misturar Jazz e Rock Psicodélico.
Alguns integrantes do Deep Purple eram fascinados pelo tema de "Bombay Calling", destaque do álbum de estreia autointitulado da banda em 1969. Certo dia, Jon Lord estava improvisando a música em seu teclado, e, através de seu virtuosismo, o tema ganhou uma nova perspectiva. A banda decidiu modificar e brincar com a melodia, embora Gillan nunca tivesse ouvido a original. Eles eventualmente desaceleraram o ritmo, criando a introdução do que se tornaria "Child in Time".
Inspirado pelas notas marcantes, Gillan escreveu os versos de abertura, "Sweet child in time / You’ll see the line", que deram origem a uma letra sobre os horrores da Guerra Fria. Após definir essa base temática, Lord finalizou as partes de teclado, e Blackmore completou o arranjo na guitarra. Sobre o sucesso da faixa, Lord afirmou em 2002: "A música basicamente refletiu o clima da época, e é por isso que se tornou tão popular."
Desde 2002 o Deep Purple não toca mais "Child In Time". "Escrevemos essa música quando tínhamos 24 anos e, quando você tem 24, pode fazer as coisas de maneira muito diferente do que faria quando tinha 74 (...) E como Ian ficou mais velho, ele tentou fazer isso, mas não queríamos trapacear e ter a melhor harmonia tocada por um sampler ou uma guitarra ou algo assim. E então ele disse: 'É isso. Não vou cantar essa música nunca novamente.' E não é que ele não esteja orgulhoso disso; é só que ele não quer cantar", explicou o baixista Roger Glover em entrevista de 2020 ao Noise11.
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