David Gilmour explica por que guitarristas não acertam solo de "Confortably Numb"
Por Gustavo Maiato
Postado em 18 de dezembro de 2024
David Gilmour, lendário guitarrista do Pink Floyd, revelou o segredo por trás de seu som inconfundível. Em entrevista ao canal de Rick Beato (via Ultimate Guitar), o músico reconheceu que outros guitarristas raramente conseguem reproduzir suas partes com total fidelidade. A icônica guitarra de Gilmour, marcada por solos emotivos e fraseados meticulosos, é frequentemente copiada, mas nunca totalmente replicada.
"Se eu ouço alguém tocando o solo de ‘Comfortably Numb’, por exemplo, há coisas que as pessoas simplesmente não conseguem acertar perfeitamente", admitiu Gilmour. Segundo ele, não se trata de algo intencional ou meticulosamente trabalhado, mas de um instinto natural. "É apenas o meu gosto em relação a como quero que soe, a maneira de dobrar as notas", explicou.
O processo criativo de Gilmour também segue um caminho pouco convencional. Ele revelou que, em momentos de bloqueio, usa a voz para encontrar melodias que, mais tarde, são transferidas para a guitarra. "Às vezes, acho frustrante criar um solo. Então, canto uma melodia e depois a reproduzo. É mais fácil encontrar novas ideias com a voz."
Gilmour descreveu seu processo como espontâneo e experimental. "Eu apenas conecto a guitarra e torço pelo melhor. As melodias surgem naturalmente, e depois vou refinando", disse. Em uma entrevista ao Ultimate Guitar, o músico afirmou não ter fórmulas prontas. "Deus, eu não tenho ideia. Quero dizer, elas simplesmente ditam para onde querem ir."
Essa espontaneidade ficou evidente em seu último álbum, "Luck and Strange", onde as melodias nasceram em sessões com o produtor Charlie Andrew. Segundo Gilmour, algumas faixas foram desenvolvidas em sua fazenda, sem engenheiro ou assistência técnica. Outras surgiram em Brighton, sob o olhar atento do produtor. "Algumas ideias vieram de maneira mais íntima, apenas eu tocando no meu celeiro."
Um exemplo disso é o solo da música "Between Two Points", que conta com a participação de sua filha, Romany. Gilmour descreveu a experiência como "transcendental", um momento em que a música fluiu de maneira quase mágica. "Lembro-me de conectar a guitarra e apenas tocar junto, sentindo. Quase parecia que eu estava em outro estado, como se estivesse drogado."
Sobre o icônico solo de "Comfortably Numb", frequentemente citado como um dos melhores solos da história do rock, Gilmour revelou em entrevista à Guitar World como ele foi construído. O guitarrista gravou diversas versões e, a partir delas, montou o solo final. "Ouvi cada um dos solos e marquei os melhores trechos em uma tabela. Depois, combinei esses pedaços até que tudo estivesse fluindo perfeitamente."
A criação da música, contudo, envolveu tensões no estúdio. O produtor Bob Ezrin relembrou disputas entre ele, Gilmour e Roger Waters sobre a introdução orquestrada. "Batalhei pela orquestração, o que se tornou um problema. Dave via a canção como algo mais simples, enquanto Roger ficou do meu lado", disse Ezrin. O resultado final foi uma colaboração: música de Gilmour, letra de Waters e orquestração de Ezrin.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps