Os astros da música brasileira que quase superaram vendas do RPM, segundo Paulo Ricardo
Por Gustavo Maiato
Postado em 03 de janeiro de 2025
Durante entrevista ao podcast de Júnior Coimbra, o cantor Paulo Ricardo, ex-vocalista do RPM, compartilhou reflexões sobre o impacto do grupo na música brasileira e mencionou artistas que chegaram perto de superar o sucesso de "Rádio Pirata ao Vivo", álbum mais vendido da história do rock do país.
Segundo Paulo Ricardo, o cenário musical dos anos 1980 foi uma "década de ouro", marcada por lançamentos icônicos. "A Blitz chega em 82, 83, temos ‘Bete Balanço’ e, em 84, começam a aparecer Paralamas, Titãs. Em 85, com ‘Cabeça Dinossauro’, chegam o primeiro disco da Legião e o nosso primeiro álbum. Foi um momento de grandes clássicos, que continuam nos karaokês e playlists até hoje", destacou.
Para o cantor, o estrondoso sucesso de "Rádio Pirata ao Vivo" é incomparável, especialmente no contexto atual. "A chance de encontrar algo assim hoje é zero porque não existe mais o conceito de álbum físico", afirmou.
Apesar disso, Paulo Ricardo mencionou artistas que chegaram perto do feito. "Quem mais se aproximou na época foi o Só Pra Contrariar, com um sucesso tremendo. E os Mamonas Assassinas também, ficando muito tempo no topo", relembrou.
Ainda assim, o vocalista reforçou a relevância dos álbuns que resistem ao tempo. "Tínhamos uma frase no meio musical: 'O artista não olha só o site, mas o catálogo ‘Rádio Pirata’ e ‘Revoluções Por Minuto’ nunca saíram de catálogo. Isso é o mais importante: a permanência."
Ao comentar a transição para o digital, Paulo Ricardo apontou desafios tecnológicos e legais. "A crise da música é uma crise tecnológica. Na Inglaterra, por exemplo, grandes artistas como Coldplay estão pressionando o parlamento para que aplicativos de música sigam as mesmas regras do rádio", concluiu.
RPM e a grande venda de discos
O impacto do RPM na música brasileira vai além de seu estilo e letras marcantes. Com o lançamento de Rádio Pirata ao Vivo em 1986, a banda não só alcançou um sucesso avassalador como também desafiou os limites da produção fonográfica no Brasil.
Durante entrevista ao canal MPB Bossa, Paulo Ricardo relembrou o contexto da época, ressaltando que o disco vendeu tanto que obrigou a gravadora a buscar alternativas fora do país. "No auge, só em São Paulo, eram produzidos 13 mil discos por dia. Ainda assim, foi necessário recorrer a fábricas na Argentina e no Uruguai para atender à demanda", contou.
A relevância do álbum ultrapassou as cifras. O vocalista destacou que a permanência das músicas nas playlists e rádios até hoje simboliza a força cultural do trabalho. "O mais importante não foi apenas vender muito, mas se perpetuar no imaginário e nas vozes das pessoas", refletiu.
Produzido por Ney Matogrosso, Rádio Pirata ao Vivo marcou a consolidação do rock brasileiro, que ganhou força na década de 1980. A combinação entre letras instigantes, arranjos modernos e uma estética de espetáculo cativou o público e elevou o gênero ao mainstream.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps