Tony Iommi admite que Ozzy já não se sentia bem durante os ensaios para o último show
Por João Renato Alves
Postado em 23 de julho de 2025
Tony Iommi concedeu a primeira entrevista após a morte de Ozzy Osbourne. O guitarrista e único membro a ter participado de toda a história do Black Sabbath falou à ITV News e confessou que o falecimento do amigo realmente foi inesperado, embora soubesse que sua situação era difícil desde os ensaios para o "Back to the Begining".
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"Sim, foi um choque para nós descobrir que Ozzy tinha morrido. Quer dizer, quando soube, não consegui assimilar. Pensei: 'Não pode ser'. Recebi uma mensagem dele no dia anterior. Parecia simplesmente irreal, surreal. E realmente não caiu a ficha. E à noite comecei a pensar: 'Meu Deus, será que estou sonhando com tudo isso?' Mas ele não parecia bem durante os ensaios. Acho que simplesmente resistiu para fazer aquele show. Falei sobre isso com Geezer ontem à noite, achamos que ele resistiu para fazer, e se despedir dos fãs."
Para o mestre dos riffs, o fato de a despedida ter acontecido em Birmingham, onde tudo começou, deu um significado especial. "Ozzy se preparou bastante. Vinha treinando e tentando fazer o que podia. E era isso mesmo que queria fazer. Acho que ele devia ter algo na cabeça que dizia: 'Bem, vai ser isso, a última coisa que vou fazer'. Se achava que ia morrer, eu não sei. Mas estava determinado. E, com toda a justiça, ele conseguiu. Foi realmente emocionante, quase como um sonho. Antes que percebêssemos, estávamos fora do palco. E pensamos: 'O que aconteceu?'"

Questionado sobre como Ozzy estava quando saiu do palco, Tony disse: "Bem, ele foi para o camarim dele, eu fui para o meu, Geez foi para o dele, e assim por diante. Então, ele veio em uma cadeira de rodas para se despedir e conversar um pouco. Parecia estar bem e disse: 'Ah, deu tudo certo, não deu?' Eu disse: 'Sim, deu.' Mas, como eu disse, quando recebi a mensagem dele anteontem dizendo que estava cansado e sem energia nenhuma, pensei: ‘Ai, meu Deus!’ Porque era muita coisa para ele, considerando os problemas. E a gente via isso nos ensaios. Não queríamos que ele estivesse lá todos os dias, simplesmente não ia aguentar. Então, eles o traziam, ele sentava, cantava algumas músicas, conversava sobre velhos tempos ruins ou sei lá o quê, ríamos um pouco, e aí ele ia embora. Foi mais ou menos isso que a gente fez, na verdade."

Tony ainda deixou claro: não haverá mais qualquer tributo ou shows especial. O Black Sabbath acabou. "O evento era para nos despedirmos. Foi o fim da banda, nunca mais faremos isso. E ter o Bill tocando bateria com a gente também depois de todos esses anos, foi especial. Pra ser sincero, não acredito que já se passaram 20 anos."
O período de ensaios também serviu para reconectar com sentimentos passados. "Ah, sim. Acho que todos esses pensamentos passaram pela nossa cabeça. Na verdade, conversamos sobre isso quando estávamos no estúdio, enquanto ensaiávamos. Sentamos no sofá e ficamos todos falando sobre os velhos tempos, na verdade. Porque você sempre se lembra disso. Você não consegue se lembrar do que aconteceu ontem, mas consegue se lembrar do que aconteceu há tanto tempo. E era isso que estávamos realmente fazendo. Estávamos falando sobre todas as coisas que aconteceram. 'Lembra disso, quando fizemos isso?' 'Lembra?' E foi ótimo. Estava nos reunindo novamente, como era nos primeiros dias. E ter o Bill lá também. Ele nunca mudou. Nós dissemos: 'Não tire a camisa, Bill, por favor (risos).'"

Questionado se achava que Ozzy gostou de estar no palco naquele show, Tony teve sentimentos conflitantes. "Acho que ele ficou emocionado e frustrado também, porque queria se levantar. Dava para ver que ele estava tentando se levantar. Mas sim, significou tudo para ele. Foi para isso que nos preparamos, para aquele grande final em que ele pudesse ver todas as pessoas e todos nós pudéssemos ver todas as pessoas e encerrar daquela forma. Mas não esperávamos que ele fosse embora tão rápido, na verdade. Então foi um choque. Estou muito feliz por termos feito isso, porque foi um final para todos. Acho que, se não tivéssemos feito isso, as pessoas não teriam visto a banda e o Ozzy novamente. Teria sido uma pena. Mas elas tiveram a chance de nos ver e ver o Ozzy pela última vez, mesmo naquela situação."

Questionado sobre como se lembraria do Ozzy, Tony disse: "Meu Deus, nos conhecemos há tantos anos. Eu conheci o Ozzy antes de todo mundo, porque estudamos na mesma escola. Ele sempre foi engraçado. Ozzy era o Ozzy. Nunca haverá outro Ozzy. Ele é único — havia um Ozzy e pronto. E ele era simplesmente uma pessoa especial do jeito que era. Dizia o que pensava. Muitas vezes dissemos a ele: 'Agora, não diga nada'. Mas era engraçado, muito engraçado. Por mais que levássemos a música a sério, sempre tínhamos essa coisa, Ozz sempre vinha até mim e fazia caretas. Claro, a plateia não conseguia ver, ele fazia todas aquelas caretas e eu simplesmente morria de rir. Aí ele ia até o Geezer e fazia a mesma coisa. Era esse tipo de pessoa, um showman."

Quanto à contribuição do Ozzy para o mundo da música, Iommi destacou: "Ele tinha um jeito especial e era isso. Não existe outro Ozzy. Suas palhaçadas e tudo mais — nunca sabíamos o que ele faria em todos esses anos que o conhecemos. Então era tudo meio que uma coisa de ficarmos nos perguntando: 'O que será que ele vai fazer agora?'"
"Back to the Beginning" arrecadou mais de US$ 190 milhões para a caridade. O show chegará aos cinemas ainda este ano em versão editada, ganhando formatos domésticos em 2026.

Morte de Ozzy Osbourne
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