Quando o Rush dobrou as apostas e venceu, mesmo contra todas as expectativas
Por Bruce William
Postado em 20 de julho de 2025
Nos anos 1970, muitas bandas alcançaram sucesso apostando em letras simples, refrões grudentos e a velha fórmula do rock que girava em torno de festas e exageros. O Rush, por outro lado, parecia não se encaixar nesse molde. As letras densas de Neil Peart, carregadas de histórias complexas e temas existenciais, nem sempre eram bem-vistas fora do nicho progressivo. Por um tempo, essa postura deixou o trio na mira da própria gravadora, que queria algo mais comercial.
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A tensão chegou ao limite quando o selo sugeriu que eles abandonassem as longas suítes e os temas conceituais. Para muita banda, seria o momento de ceder, mas Peart e seus parceiros pensaram diferente. Se fosse para encerrar a trajetória, fariam isso seguindo a própria convicção. O resultado desse tudo ou nada foi "2112", um disco que começou com uma faixa de 20 minutos mergulhada em uma distopia futurista.
Era um movimento arriscado. Em vez de atender ao mercado, o grupo apresentou uma narrativa sobre um protagonista que desafiava um sistema opressor, algo que Peart explicou assim: "A natureza da história em 2112 - o indivíduo contra as massas - foi o que fez o álbum se conectar e alcançar as pessoas de uma forma que floresceu pelo clássico boca a boca. Obviamente, a peça de 20 minutos não foi tocada no rádio", disse em declaração exibida no documentário "Rush: Beyond the Lighted Stage", com transcrição feita pela Far Out.

Mesmo sem espaço nas rádios, o álbum ganhou força nas apresentações ao vivo e entre fãs que se identificavam com a mensagem. As partes instrumentais, o clima épico da abertura e a interpretação intensa de Geddy Lee em "The Temples of Syrinx" fizeram da suíte um dos marcos do rock progressivo. Era como se o trio tivesse transformado suas influências em algo próprio, sem se preocupar em agradar quem esperava o próximo hit fácil.
Mais do que um desafio criativo, "2112" marcou um ponto de virada. Não apenas salvou a carreira do Rush, mas garantiu à banda a liberdade de seguir adiante sem interferência da gravadora. A partir dali, as decisões artísticas passaram a ser deles, e de mais ninguém. Ao apostar no que acreditavam, o Rush provou que havia espaço para quem não seguia fórmulas. E se "2112" não colocou o trio no topo das paradas, ao menos fez com que jamais precisassem se curvar a elas, pois havia algo ainda maior em jogo: a credibilidade. Coisa que o Rush conquistou por merecimento.

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