A música quase impossível dos Doors que até músico experiente penou pra aprender
Por Bruce William
Postado em 07 de agosto de 2025
Jerry Scheff já tinha tocado com Elvis Presley, mas nada o preparou para o desafio que encontraria ao ser chamado para gravar com o The Doors. Mesmo acostumado aos estúdios e às exigências de sessões complexas, ele se viu diante de um obstáculo inesperado: acompanhar, no baixo, a linha criada por Ray Manzarek para a música "Riders on the Storm."
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Durante os shows, os Doors nunca usaram baixista, e Manzarek fazia as linhas de baixo com um teclado separado, o Fender Rhodes Piano Bass. Mas no estúdio, eles chamavam músicos de fora para reforçar as gravações. No caso do disco "L.A. Woman" (1971), Sheff foi o escolhido. Só que a parte que parecia simples no teclado virou um pesadelo para ser executada no baixo de verdade.
Segundo o próprio Manzarek, o baixista chegou a ficar indignado ao tentar seguir a estrutura aparentemente básica da música, que alternava entre os acordes de Mi menor e Lá maior. "Ele dizia: 'isso é impossível!'", relembrou Manzarek em um vídeo que faz parte do documentário "The Doors: Mr. Mojo Risin' - The Story of LA Woman". "E eu respondia: 'Impossível? Pra você?' E ele explicava: 'Isso funciona no teclado, mas tenta tocar isso no baixo!'".
A tal linha exigia movimentos nada naturais, forçando o músico a torcer o punho de forma quase anti anatômica. Manzarek chegou a dizer, meio sem jeito, que a única coisa que ele podia fazer era pedir desculpas, porque o resultado soava realmente bom. E, de fato, aquela base virou um dos pontos fortes da canção, sustentando com elegância o clima tempestuoso e sombrio da faixa.
Gravada no fim da trajetória da banda com Jim Morrison, "Riders on the Storm" foi finalizada quando o vocalista já estava de malas prontas para Paris. Seu timbre já estava mais grave e rouco, reflexo de seu estado físico e mental, mas a voz ainda encaixava perfeitamente no clima introspectivo da canção.
A construção da música como um todo foge da estrutura do rock tradicional. Tem elementos de jazz, passagens improvisadas no teclado, e uma atmosfera que parece se dissolver em neblina. O solo de Manzarek surge como uma deriva, antes de tudo voltar ao compasso hipnótico da base, aquela mesma que deu tanta dor de cabeça ao baixista.
Morrison não participaria da mixagem final do disco. Depois de gravar os vocais, ele embarcou para a França, onde morreu poucos meses depois. "L.A. Woman" acabaria sendo seu último trabalho com o The Doors. E mesmo com todas as excentricidades, ou talvez justamente por causa delas, os Doors criaram uma faixa que se tornou emblemática. E aquela linha de baixo quase impossível virou parte fundamental do som, o que comprova que, até nas entrelinhas, a banda fazia questão de soar como ninguém mais.
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