O álbum do Pink Floyd que sempre deixou um gosto de arrependimento em David Gilmour
Por Bruce William
Postado em 18 de outubro de 2025
O Pink Floyd atravessou fases muito diferentes, do psicodelismo de estúdio ao gigantismo das turnês. No meio desse percurso, há um título que Gilmour não ouve com tranquilidade. Ele reconhece o esforço, mas tropeça nas escolhas de época - especialmente no uso de tecnologias que pareciam o futuro e, com o tempo, envelheceram.
Antes disso, vale lembrar que o próprio Gilmour nunca teve pudor de apontar equívocos. Sobre "Atom Heart Mother" (1970), ele confessou que não gostou do resultado final: "Foi uma boa ideia, mas foi pavoroso. Ouvi esse álbum recentemente: Deus, é uma merda, possivelmente nosso ponto mais baixo artisticamente."


A pedra no sapato, porém, é um disco lançado sem Roger Waters, em 1987. Na série de entrevistas do podcast The Lost Art of Conversation (via Far Out), Gilmour explicou que mergulhou no arsenal da época: "Nos anos 80, houve uma massa de novas tecnologias - novos teclados, sintetizadores - e nós queríamos fazer um disco da sua época. Abraçamos essa tecnologia com enorme entusiasmo." Em seguida, veio o balde de água fria da experiência: "Aquilo era uma moda, e modas saem de moda."

A avaliação não fica só no timbre. Ele admite que faltou mirar algo mais perene: "Nos anos após 'A Momentary Lapse of Reason', houve momentos em que senti que não havíamos seguido o modelo atemporal que deveríamos ter seguido naquela ocasião." Essa leitura orientou uma revisão posterior do álbum, reduzindo teclados "tilintantes" e reforçando Hammond e bateria real.
O contexto ajuda a entender a pressa e as decisões. As gravações aconteceram sob um litígio aberto com Waters pelo uso do nome Pink Floyd, com idas e vindas na Justiça britânica ao longo de 1986–1987. O ambiente jurídico e a reorganização interna pesaram no processo criativo daquele período.

No fim das contas, "A Momentary Lapse of Reason" ficou como registro de transição: competente em vários aspectos, mas menos "atemporal" do que a banda gostaria. A autocrítica de Gilmour não apaga o impacto do retorno do grupo ao topo, mas revela o que ele enxerga hoje: quando o som segue a tendência do dia, o relógio costuma cobrar com juros.
Seja qual for o veredito do público, o arrependimento de Gilmour está documentado: não é sobre renegar o disco, e sim sobre reconhecer que certas escolhas de 1987 o distanciaram do padrão que fez o Pink Floyd atravessar décadas com folga.

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