Zuada do Sertão: entrevista com Babi Jaques e Os Sicilianos
Por Jéfferson Desouza
Fonte: Zuada do Sertão
Postado em 19 de novembro de 2011
Imagine uma família de mafiosos sicilianos ao melhor estilo Don Corleone, acrescente inúmeras influências da música mundial, elementos teatrais e músicos que dispensam qualquer apresentação, desta mistura nasceu a banda BABI JAQUES E OS SICILIANOS. Formada por Alexandre Barros na bateria, Bárbara Jaques no vocal, Thiago Lasserre no contrabaixo e Well na guitarra, o quarteto recifense tem se destacado e apresentando por inúmeras partes do nosso país. Recentemente o grupo comemorou seu segundo aniversário e o blog Zuada do Sertão teve o prazer de conversar e conhecer um pouco mais da banda.
ZUADA DO SERTÃO – Apresente aos nossos leitores um pouco mais da proposta da banda Babi Jaques e Os Sicilianos.
BABI JAQUES E OS SICILIANOS – Nossa proposta é aproximar cada vez mais as esferas artísticas, interligando elementos visuais e cênicos a nossa estética musical, recriando uma realidade paralela onde nós, os integrantes, fazemos parte de uma família siciliana que vive na década de 50 de 2010. O intuito dessa junção é apresentar ao público uma identidade artística singular, traduzida nas roupas vintage, no cenário, na performance peculiar, na musicalidade antropofágica e nos equipamentos, que ultrapassam a sua finalidade técnica tornando-se também parte do cenário, como o microfone caricato e o contrabaixo acústico-elétrico dentre outros elementos.
Z. DO SERTÃO – A banda já nasceu com a proposta de fazer essa mistura de inúmeras influências musicais que caracteriza seu trabalho ou foi algo que tomou forma ao longo do tempo?
B.J.E OS SICILIANOS – Desde o início queríamos fazer um trabalho que não se limitasse só à música. Então queríamos não só misturar as influências musicais, como misturar as artes. É claro que, no início da banda nossos recursos eram menores e fomos aperfeiçoando isso com o tempo. Em relação à música, com as turnês, pudemos conhecer todas as regiões do nosso país e aprendemos muita coisa, principalmente, enriquecemos o nosso conhecimento musical. Cada lugar que visitamos procuramos explorar suas peculiaridades para aprender alguma coisa. Assim, aprendemos diversas culturas, costumes e tentamos de algum modo sempre refletir isso no nosso trabalho, permitindo que ele contenha um pouco de tudo que absorvemos. E em relação as artes, não é diferente. Tudo que vemos, ouvimos, sentimos e aprendemos, serve para influenciar diretamente nesse trabalho.
Z. DO SERTÃO – Fale-nos um pouco mais da relação entre os elementos cênicos utilizados no palco e a proposta sonora do grupo?
B.J.E OS SICILIANOS – Para ilustrar de alguma forma essa mistura que fazemos tanto na música, como nas outras esferas artísticas, os elementos cênicos foram essenciais para traduzir a nossa proposta. A indumentária, as performances e o cenário, foram construídos ao longo do processo e continua em construção. A ideia é sempre absorver artes, conhecimentos e agregar isso ao nosso trabalho. Os elementos cênicos também nos ajudam a contextualizar a banda como uma família mafiosa siciliana e a tal "década de 50 de 2010" e levar para o público não só a música mas um espetáculo em que você tem o que ouvir, ver, sentir e participar daquele contexto.
Z. DO SERTÃO – E como se dá o processo de composição das músicas e criação apresentações da banda?
B.J.E OS SICILIANOS – Desenvolvemos um processo de criação musical. Normalmente o Thiago Lasserre, faz as melodias, mostra a Babi e eles discutem alguma temática para a letra. Ela compõe a letra e em seguida mostram aos meninos, conversam novamente sobre as possibilidades de arranjos, e daí cria-se em conjunto o arranjo. Dizemos assim que a música, produto final, é um pouco de cada um. Com o arranjo pronto, sentamos os quatro para definir o contexto dela dentro do repertório e como poderemos enriquecer a apresentação com sonoplastia, performances e/ou objetos que possibilitem que nossa mensagem seja passada.
Z. DO SERTÃO – Por trás de todo trabalho bem desenvolvido sempre surgem dificuldades. Para a Babi Jaques e Os Sicilianos quais foram (ou são) os maiores desafios e como o grupo busca superá-los?
B.J.E OS SICILIANOS – Vixi! Se respondêssemos todas, publicaríamos um livro. É quase impossível não ter tais dificuldades, sendo uma banda independente, que não apresenta uma proposta comum, já com a fórmula certa de sucesso, que mora em Recife, que é nova... enfim... Vamos lá.
Ser uma banda independente hoje, como já citamos em outra resposta, requer assumir mais funções do que tocar e compor. Aprendemos tudo isso na prática e no início era bem difícil pois não tínhamos conhecimentos nem conhecidos e tivemos que aprender sozinhos. O fato de apresentarmos uma proposta musical diferente também dificultou quando a banda estava no início, pois as pessoas tinham receio de que aquilo funcionasse e as casas não abriam as portas (por incrível que pareça não sermos uma banda só de Rock, Pop, Blues... isso dificultava as coisas, quando deveria ser um ponto positivo). Isso foi e é uma grande dificuldade de Recife. Existem muitas bandas, muita demanda que não comporta a oferta de casas que abrem espaço para bandas novas/autorais. Aqui existe pouca abertura para esse tipo de evento ainda mais pelo fato de o recifense estar acostumado com os eventos gratuitos e quando as bandas se juntam e ralam para fazer um evento independente, tirando a grana do bolso para mostrar o trabalho, como fizemos bastante no começo, muitas vezes o público não quer pagar $10 para dar essa força. O outro problema que enfrentamos em Recife são os custos que temos quando vamos tocar fora, moramos 9 meses em Belo Horizonte e isso facilitou bastante o nosso deslocamento pelo país. Mas apesar de tudo, somos apaixonados por esse Recife. Não tem como não ser, né? A dificuldade mais recente que passamos foi a captação de recursos para gravar o nosso primeiro disco. Nos inscrevemos em vários editais, apresentamos vários projetos, pedimos, rezamos, choramos... e resolvemos fazer uma vaquinha e dívidas para gravar. Até que um desses editais foi aprovado e finalmente gravaremos o nosso disco felizes da vida, sem ficar com o nome no cerasa. Enfim, dificuldades sempre temos e sempre teremos. A grande sacada é ir com elas pro ringue e no final se ganhar, ótimo! Se perder, bom também, porque a gente aprende muita coisa.
Z. DO SERTÃO – Como vocês vêem e encaram a atual cena independente da música nacional?
B.J.E OS SICILIANOS – Temos visto esse novo cenário como uma forma de os músicos estarem mais próximos de seus trabalhos. Se um artista independente quer mostrar o seu trabalho ele tem que construir tijolo a tijolo e se dedicar exclusivamente ao seu trabalho musical. Os músicos nesse novo cenário, precisam se desdobrar em vários e assumir o papel de produtores, empresários, assessores de imprensa, empreendedores, administradores. O trabalho não fica só na música, mas em várias setores que vão permitir que sua música ecoem de forma independente. E olhando pelo lado bom dessa mudança essa é a oportunidade de se sentir mais próximo da carreira, de acompanhar essa jornada, de ter o conforto de que o trabalho está em pessoas de confiança e que existe uma dedicação imensa para que ele chegue nas pessoas, além de permitir uma certa liberdade para tomar decisões, já que antes os músicos eram reféns dos produtores e das gravadoras. É também uma oportunidade para que cada pessoa envolvida naquele trabalho adquira mais conhecimento e novas oportunidades de trabalho.
Z. DO SERTÃO – E para o futuro próximo, quais os planos do grupo?
B.J.E OS SICILIANOS – O nosso principal plano para o futuro próximo é a gravação do nosso disco. Enviamos vários projetos para o financiamento desse CD e felizmente, acredito que vamos conseguir um apoio muito bom de uma empresa de grande nome. Por isso, nossos planos para esse final de 2011 e para o ano de 2012 será a produção e gravação desse disco. Depois, cairemos novamente na estrada para divulgar esse filhote.
Z. DO SERTÃO – Galera, muito obrigado pela disposição, parabéns pelo trabalho e para finalizar deixo o espaço para a banda mandar o recado para a galera, ou falar o que lhes der na telha.
B.J.E OS SICILIANOS – Vamos aproveitar para convidá-los a fazer parte da nossa família siciliana pois serão todos bem vindos a coisa nostra.
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