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Angra - "Aqua" é uma obra-prima redimida pelo tempo e pela remixagem

Resenha - Aqua - Angra

Por Gleiner Ambrosio.
Postado em 06 de maio de 2025

O contexto de lançamento do Aqua talvez represente o período mais conturbado de toda a história da banda – que já é recheada de conflitos em sua trajetória. Após o lançamento do também polêmico (e subestimado) "Aurora Consurgens" (2006), a banda vinha tendo sérios problemas com sua recepção pelo público (sob o inconcebível peso de suceder ao "Temple of Shadows" (2004)), o que acabou se refletindo na turnê do álbum, significativamente menos bem sucedida em comparação à anterior. Somam-se a isso as severas crises de refluxo do vocalista Edu Falaschi, os problemas de relacionamento de membros da banda com o baterista Aquiles Priester e as disputas entre o guitarrista e membro fundador Rafael Bittencourt e o então empresário Antônio Pirani sobre os direitos do nome da banda. No fim do dia, lá estava a tempestade perfeita para "coroar" o "inédito" clima beligerante do grupo. Talvez não tão inédito em matéria, haja vista as circunstâncias por trás da primeira separação ocorrida em 2000, mas certamente inédito em intensidade.

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Porém, como diz o famoso provérbio popular, depois da tempestade, vem a bonança. Após uma pausa de aproximadamente dois anos, a banda voltaria às atividades em 2009 com novidades: sai Aquiles Priester e entra Ricardo Confessori, baterista da formação clássica da banda. Sai Antônio Pirani e entra Monika Cavalera, ex-esposa de Igor Cavalera e então empresária da banda Sepultura. Com essa nova formação (e nova empresária), aproveitando o bom momento da banda de thrash metal e o empresariamento compartilhado entre ambas as bandas, Angra e Sepultura embarcam juntos em uma bem-sucedida turnê (intitulada "Back to Life", em referência a um trecho do hino "Nova Era") até 2010, ainda que tenha sido encurtada por conta do cancelamento de uma "perna" da tour europeia em sua etapa final. Porém, os novos ares se mostravam tão positivos que o que seria interpretado de forma negativa em tempos de Aurora se tornou um triunfo: com o espaço de agenda esvaziado nos próximos meses e o reconhecido entrosamento da banda com Confessori na bateria, surgia a oportunidade perfeita para a gravação de um novo álbum da banda. Porém, como todo bom provérbio popular, por mais que exista aquela aparente verdade em sua superfície, em suas entranhas encontramos imprecisão, incerteza e, por vezes, mentiras. Nesse cenário de turbulências e esperanças, foi concebido o Aqua.

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Logo de cara, o disco retoma a abordagem conceitual anteriormente aplicada no Temple of Shadows, desta vez se baseando na póstuma obra literária "A Tempestade", de William Shakespeare. O livro narra a história de Próspero, ex-duque de Milão que, após uma traição do passado que o confinaria em uma ilha mediterrânea, conjura uma tempestade para trazer à sua presença aqueles que usurparam seu poder para que, finalmente, realizasse sua vingança.

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A decisão de adaptar uma obra de Shakespeare menos convencional pode até parecer algo surpreendente, mas é só mais uma prova do quão ousada e distintiva é a abordagem do Angra em meio a gêneros cheios de convenções virtuosísticas e temáticas como o Power Metal e o Prog. Metal, algo que sempre foi comprovado desde o lançamento da opus magnum da banda, o lendário "Holy Land" (1996). Aliás, ele e o Temple of Shadows não foram aqui mencionados à toa: apesar de a banda sempre buscar uma abordagem única em cada um dos discos, a sonoridade do Aqua representa uma mistura entre o peso e a velocidade instrumental do Temple of Shadows e a musicalidade com ritmos multiétnicos do Holy Land, algo que foi perfeitamente propiciado pelo retorno do Confessori, notabilizado por suas sempre criativas abordagens rítmicas latinas e brasileiras na bateria. Logo, desde já fica claro que tanto a sonoridade quanto o caráter conceitual do disco mostram que futuramente estaríamos diante de algo verdadeiramente especial. Pena que essa conclusão só iria se consolidar muitos anos depois de seu lançamento.

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Isso porque a mixagem final do disco acabou adotando um caráter bastante abafado e simplificador, em que a equalização de cada instrumento e orquestração parece ter sido feita de forma bastante desigual, com o som do baixo claramente demonstrando uma "gordura a mais", a bateria com uma sonoridade bastante abafada, escondendo várias viradas e passagens nos tons feitas por Confessori, e a orquestração geral ficando severamente escondida no meio de todos esses elementos. No final da contas, as guitarras de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt foram as menos prejudicadas – mas, ainda assim, com menos peso e limpidez quando comparadas às produções anteriores.

Seja como for, o disco foi lançado em agosto de 2010 e, tal como no Aurora, a recepção não foi das melhores – ainda que a turnê tenha sido mais positiva. No mundaréu de reações dos fãs da banda, as críticas nem sempre foram as mais precisas, sendo resumidas a um dissabor coletivo aparente por um saudosismo dos dias do monumental Temple of Shadows, referência quase onipresente para o público desde 2004. Porém, os mais atentos, ao ouvirem o disco, perceberam logo de cara o seu "problema": por trás de uma mixagem conflituosa, estava um disco com o conceito mais bem construído na história da banda, com algumas das letras mais ricas e profundas de toda a discografia e, claro, com composições absolutamente inspiradas. Como disse o historiador Marc Bloch, "a história é a ciência dos homens, dos homens no seu tempo". Logo, como toda obra artística de particular expressão, muitas vezes é necessário que o homem, verdadeiro objeto desta equação, possa amadurecer sua visão de mundo e, mais distante do furacão e mais próximo da razão, consiga reapreciar certos fenômenos que reprimiu no passado (principalmente aqueles mais etéreos e sensíveis, como a arte musical). Como toda obra à frente de seu tempo, sabia que, mais cedo ou mais tarde, sua aclamação haveria de chegar em algum grau. Só não esperava que uma nova mixagem faria com que esse processo fosse acelerado.

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Em 2020 (mas apenas completado em 2022), "Aqua (2020 Remixed)" era lançado. Sob a liderança do renomado produtor brasileiro Adair Daufembach, o disco ganhou nova vida. Por meio de uma mixagem democrática em relação a cada um dos componentes sonoros da banda, mas ainda assim poderosa, o Aqua finalmente apresentou seu potencial máximo. Enquanto o som de baixo de Felipe Andreoli foi mais bem incorporado à sonoridade das músicas, os verdadeiros destaques "recuperados" ficam para as orquestrações e para o som de bateria.

A começar pelas orquestrações, percebe-se a existência de muitos outros canais de som em cada uma das músicas do disco, seja em coros que eram quase inaudíveis, seja em instrumentos que estavam "perdidos" no meio de toda aquela sonoridade abafada. Um dos melhores exemplos é a faixa de introdução "Viderunt Te Aquæ", repleta de elementos orquestrais que criam um ar de mistério permeado por brados que antecipam a vinda da tempestade e que constroem uma ambiência muito mais vibrante, cristalina e rica, com um coro muito mais potente e sons de chuva e trovão mais presentes. O trabalho do Adair foi competente ao ponto de permitir diferenciar as mixagens logo nos primeiros segundos do disco!

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E o mesmo ponto deve ser dito em relação à bateria de Ricardo Confessori: com a nova mixagem, foi possível ouvir todas as viradas e passagens nos tons que estavam "faltando", além do som da caixa usada em sua bela DW verde, que também seria usada na gravação do disco "Rescue", do Shaman, anos mais tarde. Pessoalmente, acredito que Confessori seja um dos bateristas mais impressionantes e únicos que já vi no metal, pois em um gênero onde a velocidade parece ser a principal valência de uma baterista, trazer um background dos mais variados gêneros desde o Holy Land, buscando inspirações até na bateria de Reggae (como na faixa título do "Immortal, do Shaman) não é para qualquer um. Suas linhas da bateria e músicas compostas sempre demostram um músico de sensibilidade quase sobrenatural no processo criativo, sendo seus trabalhos de bateria no "Holy Land" e no "Ritual" (2002), do Shaman, dois dos trabalhos mais importantes não apenas do metal nacional, mas da música brasileira, sobretudo pela referência internacional que ambas as obras se tornaram no Heavy Metal há décadas. A verdade é que o Angra só teve bateristas de primeiro calibre, sendo Aquiles Priester facilmente um dos bateristas mais técnicos do mundo e Bruno Valverde um estudioso nato de bateria. Mas não tem jeito: Ricardo é a cara do Angra! E aqui no Aqua, isso fica mais evidente do que nunca.

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Faixas como Arising Thunder, por muitos tratado como o último "hit" do Angra, e "Awake from Darkness" mostram e coroam o "lado A" do disco, caracterizado por abranger as faixas mais rápidas e potentes, sendo "fechado" com a magistral "The Rage of the Waters", talvez a música que mais se beneficiou da nova mixagem, tendo agora timbres de guitarra muito mais presentes, um solo de baixo inacreditável de Andreoli e o desempenho baterístico espetacularmente rico e variado de Confessori. Tudo isso acompanhado por um refrão muito bem construído por seus compositores, com destaque para Bittencourt, que mais uma vez se mostra uma figura criativa única na história do metal nacional.

No entanto, é no "lado B" onde o álbum ultrapassa seu status de qualidade para um patamar acima: aqui, estão presentes faixas mais reflexivas, repletas de nuances expressivas e experimentais que em muito elevam o tom emocional do disco, refletindo a divisão do estado de espírito de Próspero ao se aproximar de sua vingança. Além da menção especial à Hollow, um prog. completamente experimental com ares de futurismo e vanguardismo com referências à bateria da clássica "Nothing to Say", "Monster in Her Eyes" e "Ashes" representam, para mim, o ápice emocional da obra, sendo muito bem capitaneadas pela performance de Edu Falaschi que, apesar de transparecer seus problemas de voz mais do que nos dois álbuns anteriores, entrega uma performance profundamente emocional, deixando claro que o resultado proveio de muito esforço e entrega. Quando ouvimos Falaschi bradar o refrão "and all my sacrifice will be worth the price. And never again I'll be a monster in your eyes", tomamos dimensão do quão bem escrita e construída foi a canção por Bittencourt.

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No entanto, é em "Ashes" que esse ápice é atingido: ao ouvir a redenção de Próspero na voz de Falaschi, dizendo "Lay a mercy on my Enemy, I'll forgive them even across the sea. We are such a stuff, as dreams are made of. Set me free!", reflito e penso comigo mesmo: poucas vezes na vida tive contato com uma obra (seja ela musical, literária, cinematográfica, teatral ou de videogame) tão competente na construção de um crescendo dramático e emocional como no Aqua. Certamente uma das melhores faixas de encerramento de toda a discografia da banda, mérito este do guitarrista Kiko Loureiro, que compôs e escreveu sua letra.

Costumo dizer que o Aqua representa o Angra quase que em sua essência, pois se a falta de um produtor prejudicou o resultado da mixagem "final" (que não seria tão final assim, como hoje sabemos), o mesmo argumento não pode ser dito a respeito de sua composição. O famoso "quadrado mágico" da banda – composto por "Angels Cry", "Holy Land", "Rebirth" e "Temple of Shadows" – constuma ser tratado como "intocável" pelos fãs da banda, mas ouso dizer que, com a nova mixagem respeitando e enaltecendo tão bem a qualidade das composições, não tem como concluir outra coisa que não a justa presença do Aqua nessa seleta lista. Partindo do viés mais "mainstream" do público da banda, pode parecer algo inconcebível. Mas, na dúvida, ouça novamente o álbum com um olhar mais apartado das convenções. Como disse no início, a obra está aí, cabendo a nós, homens, evoluirmos nossa visão para que o acesso à expressão artística ocorra de maneira mais detida e menos enviesada. Julgue a obra por si só, sem comparações, do início ao fim, e veras uma verdadeira obra-prima "em suas mãos".

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Sim, coloco entre aspas porque, até o momento, a remixagem ainda não foi lançada em formato físico, mesmo quase três anos após seu lançamento completo. Porém, com os recentes relançamentos dos discos "Rebirth" e "Temple of Shadows", a expectativa é que, após o aniversário de 15 anos do álbum, isso possa estar no horizonte de lançamento em CD. E, bem, por que não em vinil? O gênero de Heavy Metal certamente é aquele que mais preza pela mídia física sem qualquer sombra de dúvidas, então a entrega deve ocorrer da forma mais completa possível.

Angra – Aqua (JVC/SPV, 2010)
Produzido por ANGRA

"Viderunt Te Aquæ" - 1:00
"Arising Thunder" - 4:52
"Awake from Darkness" - 5:54
"Lease of Life"- 4:33
"The Rage of the Waters"- 5:33
"Spirit of the Air" - 5:23
"Hollow" - 5:30
"A Monster in Her Eyes" - 5:15
"Weakness of a Man" - 6;12
"Ashes"- 5:06

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Formação
Edu Falaschi - vocal
Kiko Loureiro - guitarra
Rafael Bittencourt - guitarra
Felipe Andreoli - baixo e guitarra adicional na faixa 4
Ricardo Confessori - bateria e percussão adicional

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