Iron Maiden: "Senjutsu" é uma prova de que "The X-Factor" é um discão
Resenha - Senjutsu - Iron Maiden
Por Renildo Carlos
Postado em 09 de setembro de 2021
"Meet the warning the sound of the drums" (Receba o aviso do som dos tambores): É assim que começa "Senjutsu", o 17º disco da Donzela. Meio tribal, com solos dissonantes e um refrão ótimo, a faixa-título é uma canção de guerra. Ao menos, um convite às suas agonias por parte de Smith e Harris, numa fórmula do subestimado "The X-Factor", quando a banda flertou com essa áurea mais sombria nas composições. Boas harmonias, sem tantas regras entre pontes x refrões épicos. Estrutura diferente de faixa de abertura.
Os galopes em "Stratego" (Gers/Harris) trazem uma pitada saudosista. Boa faixa, mesmo com Janick acompanhando o refrão... o fraseado gruda na mente. Tudo coroado por um Bruce que venceu um câncer e dando uma aula de como se faz a coisa funcionar. Em sequência, a pegada folk-western de "The Writing On The Wall" (Smith/Dickinson), foi ambiciosa. Um clip lindo, cheio de "eggs", fez a galera reviver certas coisas que só a Donzela é capaz de proporcionar, com um solo especial de Mr. Adrian, dando um contexto novo. Deve funcionar muito bem no palco no futuro...
"Lost In A Lost World", um dos quatro "épicos" Harrianos. Nicko está numa forma extraordinária, numa das suas melhores gravações de bateria com o dispositivo de três guitarras. A canção é interessante, mas o chefão poderia ter diminuído algums loopings. Já a faixa "Days Of Future Past", assinatura de Smith e Dickinson, é direta, rock'n'roll e uma tapa (de novo) na cara daqueles que duvidaram do potencial de Bruce após vencer um câncer. Que refrão, que riff. Poderia até ser uma faixa de abertura.
"The Time Machine" traz os mistérios entre as eras terrestres, com narrativa cantada, bela intro e solos memoráveis. Uma mistura dos ambientes de "A Matter of Life and Death" (2006) e das partes acústicas de "The Books of Souls" (2015). Na companhia do encarte, que é um show à parte, essa letra fica muito mais divertida de acompanhar. Uma das melhores do disco. Ponto para Gers e Harris pela fuga do "padrão".
Na ambiente das fortes decisões, essa dobradinha Smith/Dickinson em "Darkest Hour" é uma quase-balada , que encaixou muito bem no disco. Com um tema sobre a dinâmica da vida, da escolha, da consequência, com atenção extrema para Gers-Smith-Murray. Solos de bom gosto: Algo "Chemical Wedding", algo "Wasting Love", sei lá... Emocionante.
É isso, chegamos na parte difícil do disco - no bom sentido: As três tão faladas "músicas longas de Steve. Vamos lá. "Death of the Celts", se gravada em 1995, poderia ser tema do filme "Coração Valente", como "The Clansman" também caberia. Boa música, para o povo gritar "Ôooooo" nos coros de 250 mil fiéis (quando a pandemia permitir, óbvio). Com a cama pronta, entra "The Parchment", a mais longa, com lindas pontes, que cansam pela repetição dos riffs (isso é legal ao vivo, mas no disco... poderia ser mais enxuto). Mesmo assim, a Donzela dança com você até Eddie sair, do nada, da calma para a correria. E, no final, isso é irresistível. Vale a pena os quase 13 minutos. "Hell On Earth" tem a assinatura de Arry. Uma bela introdução de baixo, Bruce alternando impecavelmente, solos bonitos, um teclado safado aqui e acolá. Típica música para observar a banda em ação, enquanto o refrão rola e chega no silêncio, o resultado da estratégia e da tática. Podem reclamar, mas o Boss é um patrimônio.
Antes de mais nada, é preciso relembrar aos fiés: Existe Iron Maiden desde 1975. Ou seja, os períodos NWOBHM, 1980-1988, 1990-1993, 1994-1999 e 1999 até dias atuais são fases na banda. Esperar um novo "Powerlave" ou um sucessor de "Seventh Son" é um apelo honesto dentro da crítica saudosista-oitentista-comparativa, mas distante. Idealizar um retorno aos anos de ouro é inevitável, mas, pode tirar o cavalo e o trooper da chuva. Entre perspectivas e escolhas, ela chegou ao século 21 com um pé progressivo, composições mais complexas e densas. Isso é um fato. O disco vai, como todo disco da Donzela, abrir discussões. No fim, a cada disco que sai, entre opiniões e exaltações, sempre será bom ouvir Steve, Dave, Bruce, Adrian, Nicko e Janick em ação. Na verdade, é uma honra.
Os livros das almas se fecharam para dar início à Era SENJUTSU.
Up the Irons!
Outras resenhas de Senjutsu - Iron Maiden
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
Iron Maiden bate Linkin Park entre turnês de rock mais lucrativas de 2025; veja o top 10
Justin Hawkins (The Darkness) considera história do Iron Maiden mais relevante que a do Oasis
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
Ian Gillan atualiza status do próximo álbum do Deep Purple
Show do Slipknot no Resurrection Fest 2025 é disponibilizado online
Cinco bandas de heavy metal que possuem líderes incontestáveis
A banda de rock nacional que nunca foi gigante: "Se foi grande, cadê meu Honda Civic?"
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
Show do System of a Down em São Paulo entre os maiores momentos do ano para revista inglesa
O músico que atropelou o Aerosmith no palco; "Ele acabou com a gente"
Sleep Token ganha disco de ouro no Reino Unido com novo álbum
Pink Floyd volta ao topo da parada britânica com "Wish You Were Here"
Rock natalino: 20 músicas para animar seu Natal
Iron Maiden: Senjutsu, o melhor álbum da banda desde 2013
Blaze Bayley relembra reação de Steve Harris ao ser apresentado a "Man on the Edge"
As 10 turnês de rock mais lucrativas de 2025
Como Jimi Hendrix levou o Iron Maiden a sonhar em ter seu próprio avião
Adrian Smith se diz triste pela aposentadoria de David Coverdale, mas reconhece que era o momento
O "empurrãozinho" que pode ter ajudado Blaze Bayley a entrar no Iron Maiden


