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Iron Maiden: Minha experiência com o álbum "Senjutsu" e o consumismo imediato

Resenha - Senjutsu - Iron Maiden

Por Herick Sales
Postado em 09 de setembro de 2021

Pandemia: quase ninguém está bem nesse período, seja financeira ou psicologicamente. Resolvi então me dar um presente, acho que o primeiro em 2021: dia 3/09, comprei online o novo álbum do Iron Maiden, Senjutsu, e uma caixinha com 4 cervejas The Trooper. Dia 04 pela manhã, chegaram aqui em casa. Prometi que largaria trabalho, guitarra, pensamentos aleatórios e faria um momento de degustação, do álbum e da cerveja. Assim o fiz sábado à tarde, no quintal da minha casa, vendo algumas folhas de que se mexiam lentamente nos galhos das árvores, e o céu ainda azul que estava por de trás delas. Ouvi desde a abertura com a fantasmagórica faixa título, até o encerramento com a bela Hell on Earth, que terminou enquanto o céu começava a dar sinais de que ia escurecer. O álbum é denso, sombrio, e até um pouco difícil de ouvir sem se propor a estar conectado. E que experiência maravilhosa poder fazer isso, esquecendo todas as desgraças que estão acontecendo no mundo! Ouvi outras vezes com o passar dos dias, e cada vez mais o álbum foi crescendo e tomando forma. Já começo a lembrar de solos e melodias, sentindo-me cada vez mais familiarizado. Mas não foi algo forçado: apenas me permiti admirar a arte como ela deve ser: degustada aos poucos, sentindo cada sabor, para aí sim, avaliar se gostei genuinamente ou não. Durante a minha adolescência, passei horas e mais horas estudando guitarra e ouvindo álbuns clássicos, que foram adquiridos com muita dificuldade às vezes. Por isso, eram degustados como uma iguaria: Houses of the Holy, do Led Zeppelin, Selling England by the Pound, do Genesis, ou Master of Puppets, do Metallica. São álbuns que cada vez que ouço, mesmo depois de anos, algum elemento que passou desapercebido surge, ou nascem novas sensações e perspectivas, afinal, eu não sou o mesmo de 1 semana atrás, quem dirá de 5, 10, 15 anos atrás.

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Dito isso, vem o ponto que quero abordar sobre Iron Maiden. Eles também não são mais os mesmos. E que bom. O Iron que surgiu cru em seu disco de estreia, não era o mesmo que lançou o melódico Powerslave, que não era mais o mesmo que lançou o progressivo Seventh Son of a Seventh Son. Aos poucos eles foram mudando, experimentando novos elementos, e tais mudanças ficaram mais explícitas a partir do álbum Brave New Word. Comecei a acompanhar os lançamentos da banda em tempo real a partir do álbum A Matter of Life and Death, onde a banda meteu o pé de vez no rock com tendências progressivas e músicas grandes. Mas nada surpreendente, visto que em toda a discografia da banda tem músicas que passam 8, 9, 10 minutos, e trechos mais "viajantes", como no meio da Rime Of The Ancient Mariner. Essa mesma tendência continuou nos álbuns The Final Frontier e The Book of Souls. Então eu pergunto: qual a surpresa com o álbum Senjutsu? Desde quando o Iron soltou o primeiro single, The Writing on the Wall, abriu-se a tampa de um bueiro, e o que saiu dali em forma de comentários nem sempre foi inteligente. Conforme vieram informações do álbum, capa, data, o segundo single, Stratego, e a duração das 3 últimas faixas do álbum, li comentários como "nem ouvi o álbum e já sei que é uma merda". Entenda bem, não é tirado o direito de ninguém de não se afeiçoar a uma obra, seja um livro, um filme, ou um álbum, mas para que isso seja feito é preciso ter contato com a mesma, e não de forma superficial! São músicas grandes e por vezes complexas sim, qual o problema? Quantas vezes você viu o mesmo filme mais de uma vez para poder entender uma história? Quantas vezes leu mais de uma vez um livro e notou diferentes elementos? Arte não é obrigatoriamente imediata. Pode até ser, mas isso não é regra. Li que teve gente editando o álbum, encurtando as músicas, em tão pouco de tempo de lançamento. Será que realmente a obra foi ouvida com a devida atenção, dando a mesma tempo de maturar nos ouvidos? Seria correto arrancar páginas de uma obra literária ou mudar as cores de um quadro de outrem? Chego a achar um desrespeito para com o artista e para com a sua obra. Outras pessoas reclamaram que não é um clássico. Como poderia ser um clássico em tão pouco tempo? E qual o propósito de tal comparação? Toda obra precisa nascer sendo revolucionária? Será que não é possível apenas aproveitar e curtir o que a mesma tem para oferecer? Seguindo esse raciocínio, se você faz uma viagem maravilhosa para o exterior, não pode curtir e estar feliz tomando um sorvete sentado num banco de uma praça bonita.

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Por fim, li algumas resenhas estrangeiras, que diferentemente das daqui que reclamaram pifiamente da linha de guitarra, de uma nota no teclado, da capa que devia ter um cenário, chamavam a atenção para a beleza do álbum, para como é legal ver uma banda de 40 anos de carreira ainda querer ousar, e se necessário, e mostravam com bons argumentos o porquê que alguma faixa não agradou ou porquê achou o álbum fraco.

Obs: li por volta de 5 ou 6 resenhas sendo bem favoráveis e 1 dizendo que o álbum não agradou muito.

Um álbum musical, seja lá de qual estilo, não pode ser música de fundo para momentos de outras atividades, caso você queira realmente viver a experiência e absorver a obra. Lógico, é direito seu botar um som para fazer outras coisas, mas são formas diferentes de usar e absorver arte. Assim, chego a conclusão que o headbanger brasileiro, o fã de uma banda, é uma espécie de hétero top que fala de mulher com estria: ele gosta mesmo é de reclamar, seja lá do que. Que possamos ter opiniões diversas, mas que elas sejam discutidas com educação, bons argumentos e que possamos reaprender a apreciar a arte com o respeito e a atenção que ela merece.

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Fonte:
https://hericksales.wordpress.com/2021/09/07/minha-experiencia-com-o-album-senjutsu-e-o-consumismo-imediato/


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Sobre Herick Sales

Herick Sales, professor de guitarra e violão há 12 anos, amante de blues e rock em geral.
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