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Stevie Nicks: em 1981, a estreia solo perfeita com Bella Donna

Resenha - Bella Donna - Stevie Nicks

Por Ricardo Seelig
Postado em 01 de outubro de 2019

O Fleetwood Mac foi um dos maiores fenômenos de popularidade que o rock presenciou na segunda metade dos anos 1970. A partir da entrada do (então) casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks em 1975, a banda liderada pelo baterista Mick Fleetwood viveu o auge comercial de sua longa carreira. O auto-intitulado disco de 1975 emplacou hits como "Rhiannon" e vendeu mais de 7 milhões de cópias, "Rumours" é uma peça de ourivesaria pop e alcançou mais de 30 milhões de cópias comercializadas e o duplo "Tusk", de 1979, vendeu "apenas" 3 milhões.

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A banda então decidiu dar uma parada, com os músicos gravando álbuns solos. Stevie Nicks reuniu demos antigas, ideias não aproveitadas no Fleetwood Mac, chamou os amigos, montou uma nova banda e lançou o seu disco de estreia como artista solo. E que amigos: participam de "Bella Donna" nomes do porte de Tom Petty, Mike Campbell (parceiro de Petty nos Heartbreakers) e os Eagles Don Felder e Don Henley, esse último seu antigo affair. No comando da produção estava o amigo pessoal Petty e Jimmy Iovine, que tinha no currículo clássicos do porte de "Born to Run" (1975), de Bruce Springsteen. Não tinha como dar errado, e não deu.

"Bella Donna" chegou às lojas em 27 de julho de 1981 e foi um sucesso imediato. O disco alcançou o primeiro lugar nos Estados Unidos liderando o Billboard 200, emplacou quatro singles – "Stop Draggin’ My Heart Around" com a participação de Tom Petty, "Leather and Lace" ao lado de Don Henley, a imortal "Edge of Seventeen" e "After the Glitter Fades".

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Musicalmente, Stevie Nicks não se distanciou do universo do Fleetwood Mac em "Bella Donna". As faixas trazem aquela união alquímica entre rock e pop, com melodias fortes e refrãos ganchudos. A ausência do toque de Midas de Lindsey Buckingham, famoso pelo seu trabalho de refinamento no estúdio para dar cara aos hits da banda, é compensando com uma pegada mais pessoal e pela exploração ainda mais livre de sua persona artística. Isso se traduz em músicas como a canção que batiza o disco, a ótima parceria com Petty em "Stop Draggin’ My Heart Around" (retribuída no mesmo ano em "Insider", música do álbum "Hard Promisses" de Tom), "Leather and Lace" e "Outside the Rain".

Mas o grande destaque do trabalho é "Edge of Seventeen". A letra fala sobre a morte de seu tio Jonathan, de quem era muito próxima, e do chocante assassinato de John Lennon, ocorrido em 8 de dezembro de 1980 em Nova York. Ambos perderam a vida na mesma semana, e isso abalou profundamente Stevie. O título surgiu de uma conversa de Nicks com Jane, primeira esposa de seu grande amigo Tom Petty, onde Jane contou que conheceu Tom aos dezessete anos, porém o forte sotaque sulista fez com a frase soasse como "edge of seventeen" ao invés de "age of seventeen". O guitarrista Waddy Watchel, que toca com a vocalista até hoje, se inspirou no riff de "Bring on the Night" do The Police. A pomba de asas brancas citada na letra simboliza o espírito que deixa o corpo após a morte, com o trecho em que Stevie canta "ohh baby ooh" acompanhada pelas backing vocals simbolizando uma pomba cantando. A música chegou ao 11º lugar nos Estados Unidos e se transformou na canção mais marcante da carreira solo de Stevie Nicks e um dos grandes clássicos compostos pela vocalista ao lado de pérolas como "Rhiannon", "Dreams" e "Silver Springs", gravadas com o Fleetwood Mac.

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"Bella Donna" vendeu mais de 4 milhões de cópias e foi relançado em uma edição remasterizada comemorativa e expandida pela Rhino em 2016, edição essa que traz 3 CDs e 35 faixas.

Um disco obrigatório de uma das maiores vozes da música.

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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